O que você sabe sobre concordância verbal? Por: Elias Santana

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09 de fevereiro2 min. de leitura

O português é uma língua de muitas interações. Não basta apenas colocar palavras em uma frase para produzir comunicação. Em muitos casos, é necessário que um vocábulo combine com outro para gerar a construção gramatical ideal. Uma dessas interações é conhecida como concordância. Hoje, falarei sobre a verbal.

Concordância verbal é a relação que o verbo estabelece com o sujeito da oração. Em linhas bem genéricas, é a ideia é “sujeito no singular, verbo no singular; sujeito no plural, verbo no plural”. E é assim mesmo: é o sujeito quem comanda o verbo! Isso não é complicado, mas alguns casos especiais merecem a nossa atenção. Veja abaixo:

  • (1) O aumento dos preços dos combustíveis nos postos assustou os clientes.
  • (2) O aumento dos preços dos combustíveis nos postos assustaram os clientes.

Eu te pergunto: qual construção é correta? Eu te garanto: aos ouvidos, ambas são aceitáveis. Gramaticalmente, o verbo deve concordar com o núcleo do sujeito – que, nesse caso, é “aumento”. Identificar o núcleo (ou os núcleos) é simples: procure pelo substantivo sem preposição. Como “aumento” está no singular, o verbo deve ficar no singular. A construção 1, portanto, é a correta. O excesso de palavras no plural ao longo da sentença pode confundir os ouvidos. Por isso, sempre analise, com cuidado construções assim.

Vamos a outra possibilidade:

  • (3) A menina e o pai caminha pelo parque.
  • (4) A menina pai caminham pelo parque.

Agora, estamos diante de um sujeito composto, marcado pela presença da conjunção aditiva “e”. Os núcleos são “menina” e “pai”. Em construções assim, o verbo deve sempre ficar no plural, independentemente de os núcleos estarem no singular (é correta a oração 4). Concorda-se com o fato de haver dois núcleos. Isso vale para os casos de sujeitos antepostos (colocados antes do verbo, em ordem direta). Mas e se o sujeito for deslocado?

  • (5) Caminha pelo parque a menina e o pai.
  • (6) Caminham pelo parque a menina e o pai.

O novo par revela um sujeito composto posposto ao verbo. Gramaticalmente, tanto 5 quanto 6 estão corretas! Com sujeitos compostos pospostos – marcados pela presença de conjunção aditiva – a gramática permite duas possibilidades de concordância: a atrativa e a genérica. A primeira significa concordar com o núcleo mais próximo (no caso, “menina”, conforme demonstra a frase 5); a segundo permite concordar com o fato de haver dois núcleos (“menina” e “pai”, exemplificado em 6).

Há muito para falar sobre esse assunto! Em artigos vindouros, apresentarei novas possibilidades! Um forte abraço!

Elias Santana – Licenciado em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva Literatura – pela Universidade de Brasília. Possui mestrado pela mesma instituição, na área de concentração “Gramática – Teoria e Análise”, com enfoque em ensino de gramática. Foi servidor da Secretaria de Educação do DF, além de professor em vários colégios e cursos preparatórios. Ministra aulas de gramática, redação discursiva e interpretação de textos. Ademais, é escritor, com uma obra literária já publicada. Por essa razão, recebeu Moção de Louvor da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

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