Vencendo o improvável

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16 de maio5 min. de leitura

A vida é uma luta diária contra as probabilidades, a começar pela vida em si. A chance de virmos ao mundo na pessoa que somos é de 1 em 400 trilhões, ou seja, 0,0000000000000025. A título de comparação, ganhar na Mega-Sena, segundo muitos o evento mais improvável para um brasileiro, corresponde a 1 chance em 50.063.860. Não seria exagero, portanto, afirmar que nascemos já ganhando na maior loteria do universo. Ainda assim, apesar do grande milagre que nossa própria existência representa, é muito comum sermos moldados, às vezes por nossa própria mente, às vezes pelo ambiente em que vivemos, a não esperarmos nada muito além do mediano, do comum, do provável.

O problema vem da base. O sistema educacional brasileiro tem um grande defeito: desde muito jovens, somos condicionados a meramente “passar”: passar no teste, passar na prova bimestral, passar de ano… O parâmetro, no ensino básico, é alcançar a média, seguir para a próxima etapa e, assim, se tornar um estudante que se forma no tempo supostamente certo, na idade tida como adequada. Não há muito incentivo para o aluno sair fora da curva, pois tudo que importa é avançar, ainda que sem um desempenho digno de nota. A diferença entre tirar um 9 em vez de um 7 não é lá muito clara. O resultado? Terrível: numa fase crítica para nossa formação de consciência e percepção de mundo, é muito fácil – salvo se nossos pais ou nossa escola forem exceções à regra – concluir que estar na média é algo positivo. Então vem a maturidade e, com ela, a dura constatação: não é bem assim que as coisas funcionam.

Normalmente, o choque de realidade surge na preparação para o vestibular. É quando começamos a compreender que nosso desempenho pode ser determinante para uma vida profissional bem ou malsucedida. Afinal, para ingressar nas melhores instituições de ensino superior, estar na média não é o suficiente. O índice de aprovação entre os estudantes medianos é baixo; isto é, para aqueles que se mantiveram na média a vida inteira, ser aceito numa instituição de renome é um desafio e tanto. Alguns até conseguem. A maioria não. Nesse caso, se tiverem condições de arcar com os custos, por vezes acabam numa faculdade privada igualmente mediana, na companhia de alunos que, em grande parte, também sempre estiveram na média. E, lá, retomam a lógica do tempo da escola: estudar para passar e poder cursar as matérias do semestre seguinte…

Mais tarde, vem a entrada no mercado de trabalho, e aí, meu caro, o funil é ainda mais estreito. Quem garantiu a melhor formação acadêmica (e tenho consciência de que isso tem mudado bastante com a tecnologia, mas ainda segue como regra) sai na frente nas seleções, conseguindo acesso às melhores e mais bem-remuneradas vagas entre as que não exigem experiência. Explico: se não há experiência para ser levada em conta pelo recrutador, o diploma – e, particularmente, a instituição que o emitiu – funciona como uma espécie de filtro. É o lógico, pois, se a empresa recebe milhares de currículos para analisar, tem de definir algum critério objetivo para a seleção. É de esperar, então, que os candidatos acima da média sejam os escolhidos. Ora, não podemos perder de vista um dado fundamental: as empresas também almejam resultados fora da média, e partir de um quadro de profissionais de excelência é um bom começo, certo?

Não é muito diferente no serviço público. O governo, claro, também busca os melhores profissionais para compor seus quadros, e isso se reflete em concursos concorridíssimos e difíceis de passar. Mas há, aqui, um grande diferencial: o filtro inicial não é a análise curricular. Isso significa que mesmo quem não tem a melhor formação acadêmica (ou nem sequer cursou uma faculdade) pode ao menos seguir na seleção e, se tiver se esforçado nos estudos, concorrer de igual para igual a uma das vagas ofertadas. Na prática, o concurso público é democrático e representa uma oportunidade para aquela pessoa que, tendo sido apenas razoável no processo de educação formal, demonstra garra para reverter esse quadro na fase adulta. E olhe: sempre se pode virar o jogo. Dá mais trabalho para quem foi condicionado a vida inteira a fazer só o mínimo, mas é, sim, possível.

Naturalmente, você deve estar se perguntando como, e eu lhe digo: é mais simples do que parece, embora trabalhoso. É simples no sentido de que não há muito mistério quanto ao que se deve fazer, e é trabalhoso na medida em que impõe esforço e, principalmente, constância, que poucos estão dispostos a dedicar. Trata-se de um projeto que não serve, por exemplo, àqueles que costumam recorrer a fórmulas mágicas e atalhos, esperando ter um crescimento estrondoso e rápido. O caminho que eu conheço é o do trabalho duro, perene, constante, que funciona quase como um investimento remunerado com juros compostos: mesmo que o aporte inicial tenha sido pequeno, com o tempo e a incidência de juros sobre juros, o total acumulado vai se tornando mais significativo.
Em poucas palavras, para sair da média, é preciso ter atitudes fora da média. Para alcançar o improvável, VOCÊ precisa ser improvável. Tem de fazer o que poucos se animam a fazer. Estamos falando de alguns sacrifícios pessoais, de dedicação diária, de coragem para dizer “não” de vez em quando e, até mesmo, de disposição para aceitar que a vida piore um pouco antes de melhorar.

Foi assim comigo. De junho de 2012, quando meu sócio e eu começamos a conceber o Gran Cursos Online, até janeiro de 2015, eu simplesmente não recebia salário da empresa. Em outras palavras, trabalhava de graça. Obviamente esse é um privilégio para poucos. Eu não tinha família para sustentar e, por um bom tempo, ainda era universitário, mas isso não diminui a força do argumento. O ponto é: muitas vezes temos de fazer concessões no presente, pensando no futuro. Veja, eu tinha a opção de ingressar no mercado financeiro nos Estados Unidos – caminho que quase todos os meus colegas da faculdade estavam seguindo –, no qual ganharia um ótimo salário, e em dólar. Mas eu queria fazer algo bem diferente e, nesse processo, precisei ser menos imediatista. Tive de semear primeiro, para só anos mais tarde começar a colher.

Certa vez entrevistei uma mulher imparável chamada Antonia Faleiros, cuja trajetória é digna de filme. Trabalhadora rural na infância e moradora de rua quando se mudou para a cidade, ela batalhou muito até realizar o sonho de se tornar juíza de direito. É de se perguntar: como alguém com uma origem tão modesta conseguiu superar todos os obstáculos em seu caminho até alcançar o que parecia completamente improvável? A resposta é: não se contentando em ser mediana em nada do que se dispôs a fazer. É que, na história de Antonia, havia um personagem que fez de tudo para mudar o destino da mulher: sua mãe. Ela sabia que o caminho mais provável para a filha, se continuasse no campo, era um de poucas oportunidades, ao passo que o do estudo era muito mais promissor. Aconselhou, então, à menina: “Estude muito e seja a primeira. Seja muito boa. Quem tem a cama feita pode ser mais ou menos. Quem não tem precisa ser bom mesmo no que faz.” Mãe e filha entendiam que a lógica de se manter na média não funcionava, especialmente para quem tinha largado na corrida da vida muito atrás dos demais competidores.

É, meu amigo, minha amiga, concordo com a mãe de Antonia: quem não tem a cama feita precisa mesmo ir além. Tem de superar, e muito, a média para conseguir chegar longe. No caso dos que dispõem de melhores condições desde o início, como é – reconheço – o meu caso, é importante se manter faminto, ávido para fazer algo grandioso. Como diz nosso mestre Aragonê Fernandes: “De nada adianta a faca e o queijo na mão se não há fome”.

Você tem fome? Quer sair da média? Quer viver a vida dos seus sonhos? Se sim, sugiro a leitura do meu mais novo livro. De cunho 100% social – tudo que arrecadarmos com as vendas será doado ao Instituto O Bem Nunca Para, que cuida de famílias em risco alimentar, especialmente crianças –, ele será lançado nesta terça-feira às 21h, no meu Instagram. O título não poderia ser outro – “Viva o Improvável” –, e as lições nele contidas, tenho certeza, vão ajudar você a vencer as estatísticas e ficar longe da mediocridade destruidora de sonhos.

Lembre-se: você desafiou todas as probabilidades ao simplesmente nascer. Trate de honrar isso todos os dias da sua vida.

 

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