Neste artigo, resumo tudo sobre a insuficiência respiratória e mostro como esse tema é cobrado nas provas de concursos públicos.
A insuficiência respiratória é a impossibilidade do sistema respiratório em atender aos seus objetivos primordiais, que são: retirar o CO2 do corpo por meio da expiração e levar O2 para os tecidos por meio da inspiração.
Para o diagnóstico da insuficiência respiratória, é necessário a hipoxemia (<O2 no sangue). Na gasometria, verifica-se PaO2 < 50mmHg e/ou PaCO2 > 50mmHg (com pH < 7.35).
Insuficiência respiratória no paciente com DPOC
No caso de pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), a presença de PaO2 < 50mmHg e PaCO2 > 50mmHg não é conclusivo de insuficiência respiratória aguda, pois a compensação renal da acidose respiratória crônica vai determinar um pH normal. Porém, a acidose respiratória associado a um pH< 7.35 é imprescindível para caracterizar uma acidose respiratória crônica agudizada.
Classificação
A primeira classificação da IRA é em aguda e crônica.
Aguda: rápida deterioração da função respiratória leva ao surgimento de manifestações clínicas mais intensas, e as alterações gasométricas do equilíbrio ácido-base, alcalose ou acidose respiratória, são comuns. Sinais e sintomas incluem: inquietação, fadiga, cefaleia, dispneia, fome de ar, taquipneia e hipertensão. Presença de acidose (PH <7,35) e alteração da PaCO2.
Crônica: é definida como deterioração na função de troca gasosa do pulmão, que se desenvolveu de maneira insidiosa ou que persistiu por um longo período de tempo após um episódio de IRA.
A insuficiência aguda pode ser dividida em três tipos: hipoxêmica, hipercápnica e mista, a depender do fator causal.
- Hipoxêmica (PAO2 <60mmHg): pneumonia grave, SARA
Na IR tipo I, também chamada de alveolocapilar, os distúrbios fisiopatológicos levam à instalação de hipoxemia, mas a ventilação está mantida. Caracteriza-se, portanto, pela presença de quedas da PaO2 com valores normais ou reduzidos da PaCO2. Compreende doenças que afetam, primariamente, vasos, alvéolos e interstício pulmonar. Exemplos dessas condições seriam casos de pneumonias extensas ou da síndrome da insuficiência respiratória aguda (SARA).
São causas de déficit de oxigenação:
- Desequilíbrio da ventilação perfusão (V/Q);
- Shunt (alvéolo perfundido e não ventilado);
- Alteração de difusão (falta de capacidade da difusão do O2 e CO2);
- Hipoxemia de origem circulatória (diminuição da quantidade de hemoglobina ou hemácias).
- Hipercápnica (PaCO2 >50mmHg): doenças neuromusculares, overdose de sedativos
Nos casos de IR tipo II, ocorre elevação dos níveis de CO2 por falência ventilatória. Esse tipo de IR também é chamado de insuficiência ventilatória. Pode estar presente em pacientes com pulmão normal como, por exemplo, na presença de depressão do SNC e nas doenças neuromusculares.
São causas de déficit de ventilação:
- Disfunções do SNC (TCE, intoxicação exógena por barbitúricos, AVC);
- Disfunções do sistema neuromuscular (trauma cervical, poliomielite, miastenia gravis);
- Disfunção da caixa torácica (escoliose, trauma torácico);
- Disfunções das vias aéreas intra e extratorácicas (aspiração de corpo estranho, compressão por tumores);
- Problemas pleurais incluindo hidropneumotórax e/ou fibrose.
- Mista (hipoxemia grave associada à retenção de CO2com acidose respiratória): edema agudo de pulmão
A classificação da IRA é cobrada em provas.
Analisemos a questão abaixo:
- (PM/MG/2014) A insuficiência respiratória aguda pode ser definida como a incapacidade do sistema respiratório de manter a ventilação e/ou a oxigenação do paciente. Sobre a etiologia, classificação, fisiopatologia, diagnóstico e tratamento da insuficiência respiratória aguda, marque nas assertivas abaixo, “V” para as verdadeiras e “F” para as falsas. Em seguida, marque a alternativa que contém a sequência de respostas CORRETA, na ordem de cima para baixo.
- A Síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) e a broncopneumonia grave são exemplos da insuficiência respiratória TIPO II.
- Uma PaO2 diminuída está presente em todos os casos de insuficiência respiratória.
III. A tradução gasométrica da insuficiência respiratória aguda será representada por PaO2 < 60 mmHg e/ou PaCO2 > 50mmHg (com pH > 7,35).
- Sonolência ou agitação de início recente podem ser manifestações de hipoxemia.
- A presença de acidose de origem respiratória (pH < 7,35) é fundamental para caracterizar uma insuficiência respiratória crônica agudizada.
- Trauma cranioencefálico, trauma cervical, miastenia gravis, escoliose e trauma torácico são causas da insuficiência respiratória TIPO I.
- V, V, F, V, F, V.
- V, F, V, V, V, V.
- F, V, V, V, F, F.
- F, V, F, V, V, F.
Gabarito: d
Comentário
- São exemplos da IRA tipo I.
III. Na insuficiência respiratória, onde a PaCO2 é >50mmHg, o que se encontra é uma acidose pH <7,35 e não maior.
- Esses exemplos são causas de insuficiência respiratória tipo II.
Diagnóstico
Na suspeita de IRA é necessário: coletar a história, exame físico, Rx de tórax e confirmar o diagnóstico por meio de uma gasometria arterial, que esclarece o diagnóstico assim como define o seu grau de insuficiência.
Sinais e sintomas mais frequentemente observados no paciente com IRA:
- Sistema nervoso central – agitação, cefaleia, convulsões, tremores;
- Respiração – dispneia, alterações de amplitude, ritmo, frequência, padrão, apneia;
- Inspeção – sudorese, cianose, uso de musculatura acessória;
- Ausculta – roncos, sibilos, estertores, ausência de murmúrio vesicular;
- Hemodinâmica – taquicardia, bradicardia, arritmias, hipertensão, hipotensão, parada cardíaca.
Veja como caiu na prova do CESPE!
- (CESPE/TCE/PA/2016) Na avaliação de insuficiência respiratória aguda em adultos, um caso é considerado suspeito da doença quando o paciente apresenta dificuldade respiratória ou alteração de ritmo e (ou) frequência ventilatória de início súbito e de gravidade variável.
Comentário
Certo! A dificuldade respiratória e alterações do padrão ventilatório são sinais de IRA.
Diagnóstico laboratorial
O diagnóstico laboratorial mais simples é dado através da gasometria arterial.
Tratamento
Fornecer O2 para corrigir a hipoxemia por meio de cateter nasal, máscara de venturi, ventilação não invasiva ou intubação com ventilação mecânica. A maioria dos pacientes portadores de insuficiência respiratória aguda necessitará de intubação e de ventilação mecânica.
São objetivos da ventilação mecânica:
- Reverter hipoxemia;
– Aumentando o volume pulmonar.
– Diminuindo o consumo de oxigênio.
– Aumentando a ventilação alveolar.
– Fornecendo FiO2 > 21%.
- Tratar acidose respiratória;
- Aliviar o desconforto respiratório;
- Prevenir e tratar a atelectasia;
- Reverter a fadiga dos músculos respiratórios;
- Permitir a sedação e/ou o bloqueio neuromuscular;
- Diminuir o consumo de oxigênio sistêmico e miocárdico;
- Reduzir a pressão intracraniana;
- Estabilizar a parede torácica4.
Após a intubação, é preciso colocar o paciente no respirador com parâmetros de proteção pulmonar, para evitar o barotrauma (trauma alveolar por aumento de pressão). Quando possível, deverá ser utilizada a ventilação não invasiva.
Além da intubação e ventilação mecânica, o tratamento consiste em uso de medicações como broncodilatadores e corticoides, para reduzir o broncoespasmos e inflamação, além de diuréticos para redução do líquido pulmonar.
É importante fazer a mudança de posição no leito para mobilização de secreção e abertura de vias aéreas, melhorando a ventilação.
Veja outras questões abaixo!
- (CESPE/DEPEN/2013) Acerca do atendimento de paciente em situações de emergências relacionadas aos sistemas respiratório e circulatório, julgue os itens a seguir:
O paciente com insuficiência respiratória aguda possui uma lesão estrutural irreversível e apresenta maior tolerância à hipercapnia, a qual resulta de uma adaptação rápida do organismo a sua condição anormal.
Comentário
Errado! A insuficiência respiratória pode ocorrer como alteração do parâmetro ventilatório em pessoas com o pulmão normal, sem alterações estruturais, como por exemplo o paciente com IRA tipo 2 por uso de sedativos.
- (EXÉRCITO/2014) Considerando a Insuficiência Respiratória em adultos, assinale a alternativa correta:
- A IRA apresenta-se em alguns casos como uma complicação da DPOC e pode ser causada por medicamentos, fatores emocionais, hereditariedade, alérgenos, dentre outros.
- Na assistência de enfermagem faz-se necessário a administração de O2 com revezamento de cateter nas narinas a cada 12 horas.
- Uma das desvantagens do uso da cânula nasal na assistência ao paciente com Insuficiência Respiratória é a irritabilidade tecidual da nasofaringe.
- A ventilação mecânica é a melhor terapia curativa empregada no suporte para o paciente durante a falência respiratória aguda.
- O tratamento de enfermagem do paciente com IRA inclui, dentre outros, assistir com a intubação, manter a ventilação mecânica, monitorar a oximetria de pulso e os SSVV.
Gabarito: e
Comentário
- Os alérgenos são causas de asma e não de IRA.
- O paciente com IRA normalmente precisa de O2 de forma mais invasiva (alto fluxo) por meio de máscara de venturi, VNI ou ventilação mecânica. Além disso, não é necessário revessar o cateter a cada 12h e sim a cada 8 horas.
- A cânula nasal realmente pode causar irritação da nasofaringe, mas essa não é a melhor terapia na IRA, pois é um suporte de O2 de baixo fluxo.
- A VM é uma terapia de suporte e não curativa.
Finalizo mais um artigo com a certeza de que você está cada vez mais próximo da aprovação!
Bibliografia
Knobel, E. et al Condutas no paciente grave. Livraria Atheneu. 1994.
SMELTZER; S.C; BARE, B.G. Brunner & Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 9ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
PÁDUA AI; ALVARES F & MARTINEZ JAB. Insuficiência respiratória. Medicina, Ribeirão Preto, 36: 205-213, apr./dec. 2003. Disponível em: http://revista.fmrp.usp.br/2003/36n2e4/7_insuficiencia_respiratoria.pdf
Fernanda Barboza é graduada em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia e Pós-Graduada em Saúde Pública e Vigilância Sanitária. Atualmente, servidora do Tribunal Superior do Trabalho, cargo: Analista Judiciário- especialidade Enfermagem, Professora e Coach em concursos. Trabalhou 8 anos como enfermeira do Hospital Sarah. Nomeada nos seguintes concursos: 1º lugar para o Ministério da Justiça, 2º lugar no Hemocentro – DF, 1º lugar para fiscal sanitário da prefeitura de Salvador, 2º lugar no Superior Tribunal Militar (nomeada pelo TST). Além desses, foi nomeada duas vezes como enfermeira do Estado da Bahia e na SES-DF. Na área administrativa foi nomeada no CNJ, MPU, TRF 1ª região e INSS (2º lugar), dentre outras aprovações.
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