Lembrando-me daqueles tempos pueris, dá saudades da espera por algo que tinha naquele dia. Fazendo ou não por merecer, sempre vinha algum presente, nem que fosse um doce simples, pois à época a vida financeira de muitas famílias não era fácil, como não é hoje.
Tinham crianças que se esbaldavam com seus ganhos: velotrol, autorama, o Falcon, buguinhos e outras sensações. Outros pequenos com algo mais simples, ou quase nada.
Mas o importante era ser lembrado. Não pelas travessuras, mas pela pureza do ser que é a criança.
Vendo noticiários na imprensa de crianças morrendo em travessias no mar para, com seus pais, fugirem do horror ditatorial e terrorrista, tentando alcançar esperança de vida, aperta-me o coração e a alma.
Que destino? Lembro-me com dor a cena da criança caída na areia da praia, sendo recolhida, já falecida, por um homem. E do outro menino banhado no sangue da guerra, observando o caos.
Que dia de criança podem esperar esses pequenos?
Mas uma coisa é certa: todos nós sabemos que criança fomos e qual criança queremos ter em nosso mundo.
Queremos um mundo mais justo. Isso mesmo, justiça social e pacífica para todas elas. Para sonharem com vidas melhores.
Penso diariamente que temos que fazer a nossa parte e não reclamarmos de algum desconforto que nos aflige.
Indo rapidamente para o nosso singelo contexto, o da aprovação na OAB e nos concursos, a melhor solução é o resgate da criança feliz que há em você ou já foi (nem que num momento apenas) e extrair dessa sensação a incrível força para lutar.
Lutar para vencer essas barreiras e outras adiante. Provas, Exames, Concursos são somente etapas. O vestibular da vida é muito pior, pois às vezes não se tem uma pessoa para nos recolher na areia da praia.
Tirar da criança que existe em você a felicidade, a esperança e a força para conquistar seu presente (a aprovação) é tudo de melhor.
A aquarela da vida tem que ser pintada. Descubra quais as cores que deve usar e siga adiante. Não espere demais dos outros, faça você. Imagine o seu futuro e torne-o realidade. Não se preocupe tanto com o que estará nele. Faça sua parte. Estude, lute e vença.
O restante busca-se da imaginação de uma criança, que de uma folha traça o mundo. Faça o mesmo. Simples assim. Não complique.
Vamos agora ouvir Toquinho: o menino adulto.
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo.
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva, E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva.
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel, Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu.
Vai voando, contornando a imensa curva Norte e Sul, Vou com ela, viajando, Havai, Pequim ou Istambul.
Pinto um barco a vela branco, navegando, é tanto céu e mar num beijo azul.
Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená. Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar. Basta imaginar e ele está partindo, sereno, indo, E se a gente quiser ele vai pousar.
Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida Com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida.
De uma América a outra consigo passar num segundo, Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo.
Um menino caminha e caminhando chega no muro E ali logo em frente, a esperar pela gente, o futuro está.
E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar, Não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar. Sem pedir licença muda nossa vida, depois convida a rir ou chorar.
Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá. O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar.
Vamos todos numa linda passarela De uma aquarela que um dia, enfim, descolorirá.
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo (que descolorirá). E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo (que descolorirá). Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo (que descolorirá).
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Marcelo Borsio – Delegado da Polícia Federal. Possui graduação em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, é mestre e doutor em Direito Previdenciário pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Pós-Doutor em Direito da Seguridade Social pela Universidade Complutense de Madrid. Especialista em Direito Tributário pela PUC-SP. Autor de algumas obras no tema, inclusive com o Prof° Luiz Flávio Gomes, palestrante pelo país, professor e coordenador de Pós-Graduação de Direito Previdenciário e da Prática Previdenciária. Coordenador Pedagógico do Projeto Exame de Ordem.
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Coordenação Pedagógica – Projeto Exame de Ordem
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