Queridas e queridos futuros contadores,
Neste nosso segundo artigo da série dedicada a seu sucesso no Exame de Suficiência do CFC, agora que já conversamos sobre a sua organização para preparação para o Exame, quero tratar de um outro ponto que entendo ser crucial: o comportamento necessário à melhor resolução possível da prova, explorando todo o seu potencial e não desperdiçando o precioso tempo. Penso que este seja um momento muito bom para começarmos a pensar nisso, afinal de contas, estamos no início do mês de agosto de 2023 e a prova será no final do próximo mês.
Sou professor de Contabilidade para concursos e exames, desde 1998 e sempre me alegro com o sucesso dos milhares de alunos aprovados, muitos deles atualmente meus colegas na Receita Federal. Porém, como professor, também já vi muitos alunos não conseguirem alcançar seu objetivo de aprovação. Isso, claro, é triste, mas o mais triste é ver um aluno que tem condições técnicas de ser aprovado, falhar na prova, perdendo questões que sabia resolver.
O objetivo deste artigo é proibir que isso aconteça com você!
Antes de continuarmos, é preciso que você se conscientize da importância do assunto. Há quase vinte anos, houve concurso para a área fiscal em que, dos 4 melhores alunos da minha turma, dois foram aprovados (um deles em primeiro lugar) e os outros dois, reprovados. Fiquei intrigado com tamanha disparidade de resultados entre alunos que tinham um desempenho muito semelhante nos exercícios, maratonas e simulados. Então, fui analisar a situação mais de perto.
Pois bem, o problema foi o seguinte. O concurso foi realizado mediante a aplicação da prova em várias cores, com as questões dispostas em ordem diferenciada (assim como será o nosso Exame de Suficiência) e, em uma das cores, a primeira questão da prova era MUITO TRABALHOSA e, para piorar a situação, a resolução das cinco questões seguintes era dependente da resolução da primeira.
Assim, os candidatos que receberam a prova nessa cor, perderam muito tempo na resolução da primeira questão, ficando muito ansiosos, o que aumentava sua chance de errar algum cálculo ou lançamento. Isso prejudicou a resolução da primeira questão da prova, o que prejudicou a resolução das cinco questões seguintes e retirou o equilíbrio do candidato para resolução do restante da prova. Entretanto, os candidatos que receberam a prova na outra cor, resolveram tranquilamente as primeiras questões, alcançando um estado de espírito de confiança, tranquilidade e animação que ajudou muito a resolver a questão trabalhosa e as seguintes, que estavam mais para o final da prova.
Isso ilustra a situação que sempre presenciava na saída da prova quando, há muito tempo, fui candidato. Eu sempre fui um dos últimos a sair, mas, ao chegar do lado de fora, encontrava colegas candidatos reclamando de a prova ter sido muito trabalhosa e não ter dado tempo para resolver todas as questões. Eu, ainda muito novo, ficava pensando: se a prova foi trabalhosa e faltou tempo, por que eles saíram antes do final?
A resposta, hoje eu vejo com muita clareza. O comportamento do candidato durante a prova pode levar ao aproveitamento máximo de suas potencialidades ou reduzir fortemente essas potencialidades.
Então, vamos lá. A seguir, o que você vai fazer para explorar o máximo de suas potencialidades no próximo Exame de Suficiência.
Bem, seguindo o que já conversamos no primeiro artigo, você terá terminado seus estudos cedo, na véspera, terá se alimentado da forma habitual e estará suficientemente descansado, por uma noite de sono (e não de vigília para estudo). Ao iniciar sua prova, tenha em mente que serão 50 (cinquenta) questões e que você tem que acertar, no mínimo 25 (vinte e cinco) delas e que existem três categorias de questões:
(a) questões rápidas, que você tem condições de resolver e que são de resolução rápida;
(b) questões trabalhosas, que você tem condições de resolver, mas que são de resolução trabalhosa; e
(c) questões impossíveis, que você não tem condições de resolver, simplesmente porque desconhece a matéria (lembrando que ninguém sabe tudo no mundo).
Leia o enunciado da primeira questão (sempre buscando saber o que foi pedido, antes de analisar grandes quadros de valores, relações de contas ou demonstrações contábeis) e a classifique como rápida, trabalhosa ou impossível.
Se ela for uma questão rápida, resolva-a, fique feliz com isso e siga em frente. Se ela for uma questão trabalhosa, não a resolva imediatamente, mas apenas marque a questão como TRABALHOSA (escreva isso ao lado do número da questão) e siga em frente. Já, se ela for impossível, também não a resolva e marque a questão como CHUTE (escreva isso ao lado do número da questão) e siga para a próxima.
Quando você chegar à 50ª (quinquagésima) questão, você ficará impressionado em ver que já resolveu várias questões, aproveitando ao máximo seu tempo, e que ainda haverá muito tempo sobrando. Assim, agora mais confiante e tranquilo, volte ao início e passe a resolver, com calma, as questões trabalhosas, sem medo de faltar tempo.
Você chegará de novo na 50ª (quinquagésima) questão da prova e, agora, tendo resolvido tudo o que você tinha condições de resolver, chegou a hora de chutar um resultado (A, B, C ou D) para as questões que você classificou como impossíveis. Não faça um chute aleatório, ao contrário, para chutar, considere que a banca tende a buscar um equilíbrio entre as questões com gabarito de cada letra.
Portanto, conte, das questões que você resolveu (tanto as rápidas, quanto as trabalhosas), quantas você marcou letra A, B, C e D. A letra que você menos marcou deverá ser a sua letra preferida de chute. Com isso, você teoricamente aumenta suas chances de acerto.
Realizando esse procedimento, você terá explorado todo o seu potencial: (a) gerenciado o tempo de forma objetiva, inteligente e eficiente, (b) reduzindo, ao máximo, a possibilidade de errar uma questão que você tenha condição de resolver e (c) aumentando, ao máximo, a possibilidade de acertar um chute.
Um grande abraço, bons estudos e sucesso!
Professor Luiz Eduardo.