Por Thais Mello
Estudar em uma Universidade Federal (mais do que o curso de Direito propriamente dito), sempre foi um sonho pra mim, e foi movida por ele, que após seis semestres de curso de Comunicação resolvi dar um tempo (tranquei um semestre da faculdade) e me dedicar aos estudos para prestar vestibular novamente (na minha primeira tentativa logo que saí do colégio, prestei vestibular para o curso de Jornalismo, e fiquei de fora por pouco, o que me levou a uma frustração bem grande na época).
Eis que, após um período suado de estudo, conciliado com o estágio na área de Comunicação, entrei no curso de Direito da UFBA, e, como disse, me formei há pouco mais de um ano.
O que aconteceu quando você saiu da faculdade?
O fato de ter feito outra faculdade (inclusive durante três semestre cursei as duas faculdade e estágio em paralelo – nossa… que correria!), me levou a passar um tempo razoável em um período de transição entre os dois cursos, sem saber exatamente que rumo tomar.
Em determinado ponto, entrei como estagiária em uma empresa que lidava com conteúdo jurídico, o que me deu um contato maior com o Direito, mas, ainda não tinha contato com processos e a rotina jurídica propriamente ditos. Cheguei a ser contratada pela empresa, mas, o momento de sair chegou, juntamente com um sentimento de “preciso conhecer melhor o trabalho de um advogado”. Porém, esse momento chegou quando já tinha passado do meio do curso de Direito.
Corri atrás, e nos semestres que me restavam estagiei em uma grande empresa de economia mista, em um órgão público, além de uma passagem rápida por em escritório, mas, terminei o curso com a sensação de que não tinha enriquecido o meu currículo o suficiente.
Começou então a saga de procurar emprego…
Inicialmente comecei a enviar meu currículo para os escritórios que anunciavam em redes sociais e sites de emprego a necessidade de profissionais (escassas e muuitas vagas para estagiários), atualizei meu perfil no Linkedin e falei com amigos e conhecidos que estava a procura de emprego (muitos me relataram que aquele momento estava bem complicado no sentido de contratações). O retorno não foi satisfatório, e, ouvindo os conselhos de uma pessoa muito querida, resolvi criar um desafio pessoal.
O desafio dos “100 currículos”
O desafio consiste no seguinte: mandar meu currículo para 100 escritórios de advocacia de Salvador (independente de anunciarem vagas) no período de quatro meses e “ver no que dá”.
Como eu fiz para encontrar os escritórios? Simples. Digitei no Google: “escritórios de advocacia em Salvador” e fui mandando bala! (utilizando o critério de enviar o material para escritórios que trabalhavam com matérias com as quais eu me identificava e/ou tinha alguma experiência).
E o desafio acabou se transformando em uma pesquisa empírica da qual eu tirei algumas conclusões:
Conclusões:
* A procura por estagiários é muito grande, mas, pouco se investe em profissionais em início de carreira. Pode ser que eu esteja cometendo uma grande injustiça, mas, a impressão que tenho é que aquela máxima da “mão de obra barata” persiste no área. É evidente que é muito importante ter estagiários, oportunizar ao estudante conhecer o mercado de trabalho e desempenhar atividades nele. Porém, me parece que poucos escritórios se preocupam com o meio termo entre o estagiário e o profissional experiente. Há pouca, ou nenhuma, iniciativa em oportunizar o trabalho de recém-formados com pouca experiência, o que me leva à segunda conclusão.
* O inchaço do mercado (fato público e notório), faz com que, mesmo aqueles que tem currículos mais robustos aceitem as vagas (e salários!) que, em tese, seriam destinados ao advogado com menos experiência, em início de carreira. Por uma razão que parece lógica, mas, é meio perversa, do tipo: “porque contratar esse profissional inexperiente, se pagando o mesmo valor posso ter um com mais experiência?”
* Sobre os sites dos escritórios: é evidente que a preocupação com a imagem no mundo digital aumentou muito! Mas ainda vi um monte de site com página quebrada, imagens distorcidas, textos enfadonhos, informação desnecessária, e pasmem, sem email de contato! Uma coisa que me deixou muito feliz foi ver em alguns sites propostas bem mais modernas e espaço destinado ao envio de currículos! Inclusive participei de um processo seletivo utilizando essa ferramenta.
Resultados:
* Ainda não completei o desafio, caso exista interesse posso escrever mais sobre as minhas impressões ao concluí-lo.
E o que você tem feito enquanto isso?
Tenho atuado de forma autônoma (uma das coisas boas que a profissão permite!) e me atualizado! Essa semana mesmo comecei um curso de mediação, que acredito ser o futuro da advocacia. Mas isso é papo para outro post…
Até breve!
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