Olá, alunos. Vamos intensificar sua preparação para a aprovação? Hoje temos um artigo importante sobre a classificação e o manejo da diarreia na criança.
Utilizaremos como referência a cartilha de manejo da diarreia do Ministério da Saúde (MS) e o Caderno de Atenção Básica n. 28, também do MS.
Essa temática é muito importante para sua prova. Fiquem ligados nas nossas dicas, esqueçam as redes sociais, foco nos estudos e rumo ao sucesso!
Vamos iniciar conceituando a diarreia?
A diarreia consiste na alteração da função intestinal com perda excessiva de água e eletrólitos pelas fezes e/ou vômitos. Desidratação é uma doença potencialmente grave que se caracteriza pela baixa concentração não só de água, mas também de sais minerais e líquidos orgânicos no corpo, a ponto de impedir que ele realize suas funções normais. A enfermidade pode ser secundária a diarreias agudas e afetar pessoas de todas as idades, mas é mais perigosa para as crianças (especialmente recém-nascidos e lactentes) e para os idosos.
Manifesta-se clinicamente pelo aumento do número de evacuações e/ou pela diminuição da consistência das fezes.
A maioria dos agentes infecciosos é transmitida pela via orofecal e relaciona-se à qualidade da água, à falta de saneamento básico e às más condições de manipulação e estoque de alimentos.
A diarreia aguda é uma das principais causas de mortalidade nos países em desenvolvimento, especialmente em crianças menores de seis meses.
Principais fatores agravantes para aumento do risco de mortalidade são:
- Baixo peso ao nascer;
- Desidratação grave;
- Desnutrição grave;
- Lactente jovem;
- Febre elevada (> 39º C);
- Pneumonia;
- Pais com baixo grau de instrução.
Classificação da diarreia
A diarreia pode ser classificada pelo tempo de duração em:
- a) Aguda – diarreia com duração menor que 14 dias.
- b) Persistente – diarreia com duração maior que 14 dias.
- c) Crônica – diarreia com duração superior a 30 dias (inflamações crônicas, alergia a alimentos, cólon irritável, parasitoses intestinais).
Tratamento
Segundo o Ministério da Saúde, o tratamento da doença diarreica aguda consiste em observar os sinais e sintomas de desidratação para classificar a criança em sem desidratação, com sinais de desidratação e desidratação grave, para então instituir o plano de tratamento em A, B e C.
Vamos classificar os nossos pacientes, segundo o MS, em plano A, B e C?
Na avaliação de um caso de diarreia, deve-se atentar para o estado de hidratação do paciente para classificar a desidratação e escolher o plano de tratamento preconizado.
Vamos detalhar os cuidados de acordo com o plano definido?
Detalharemos os planos de tratamento seguindo as orientações da cartilha do Ministério da Saúde, pois é dessa literatura que as bancas utilizam o conteúdo. Vamos nessa?
Plano A – para prevenir a desidratação no domicílio
Nessa classe, o paciente ainda não tem desidratação, mas está com diarreia e/ou vômitos. O foco, portanto, é a prevenção da desidratação e, para isso, devemos explicar ao paciente ou acompanhante para fazer no domicílio:
1) Oferecer ou ingerir mais líquido que o habitual
O MS orienta que o paciente deve tomar líquidos caseiros (água de arroz, soro caseiro, chá, suco e sopas) ou solução de reidratação oral (SRO) após cada evacuação diarreica.
2) Manter a alimentação habitual para prevenir a desnutrição:
Pacientes que amamentam devem permanecer recebendo leite materno.
Os demais pacientes que não amamentam devem manter a alimentação habitual.
3) Deve-se orientar aos pais o seguinte: se o paciente não melhorar em dois dias, ou caso apresente qualquer um dos sinais de perigo (piora na diarreia, recusa de alimentos, vômitos repetidos, sangue nas fezes, muita sede e diminuição da diurese), é importante levar o paciente imediatamente ao serviço de saúde.
4) Deve-se orientar o paciente ou seu acompanhante a:
- Reconhecer os sinais de desidratação.
- Preparar e administrar a solução de reidratação oral (SRO).
- Praticar medidas de higiene pessoal e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água e higienização dos alimentos).
5) Administrar zinco uma vez ao dia, durante 10 a 14 dias:
- Até seis 6 meses de idade: 10 mg/dia.
- Maiores de seis (6) meses de idade: 20 mg/dia.
Vejam como foi cobrado:
- (FGV/TJBA/2015) De acordo com as recomendações do Ministério da Saúde, a quantidade de líquidos que devem ser ingeridos por crianças na faixa etária de 1 a 10 anos após uma evacuação diarreica, com vistas a prevenir a desidratação, é:
- a) 50 – 100 ml.
- b) 100 – 200 ml.
- c) 200 – 400 ml.
- d) 300 – 500 ml.
- e) > de 500 ml.
Gabarito: letra b.
Vejamos outra questão!
- (BIO-RIO/SPDM/2015) No cotidiano da saúde, quadros de diarreia costumam ser acompanhados, também, de vômito. Esse quadro de alteração da função intestinal leva a pessoa a perder excessivamente água e eletrólitos. No atendimento de enfermagem à pessoa com esta situação clínica, o exame físico é um aliado na avaliação da presença de desidratação para que seja implementado o tratamento adequado. Assinale a alternativa que contém plano de tratamento para diarreia sem desidratação.
- a) Usuário em observação com terapia de reidratação oral.
- b) Usuário atendido com instalação de infusão endovenosa.
- c) Suspender a alimentação.
- d) Usuário atendido e dispensado com orientações de cuidados domiciliares levando sais hidratantes para a casa.
- e) Usuário atendido com terapia de reidratação oral e endovenosa de soro fisiológico 0,9% e ringer lactato em, aproximadamente, 10% do peso do paciente, em cerca de duas horas.
Gabarito: letra d. Trata-se da instituição do plano A: paciente com diarreia, mas sem desidratação. Deve ser hidratado no domicílio com TRO e orientado a retornar se apresentar sinais de desidratação.
Comentário:
Letra a está errada. Esse seria o plano B, utilizado quando há sinais de desidratação.
Letra b está errada, porque a infusão endovenosa é o plano C, que ocorre quando a criança tem sinais de desidratação grave.
Letra c está errada, pois a alimentação deve ser mantida, com o objetivo de evitar a desnutrição e suas complicações.
Letra e está errada. O paciente não tem sinais de desidratação ainda, por isso deve ser encaminhado para o domicílio, após orientação sobre o uso da terapia de reidratação oral e o retorno para atendimento caso apresente sinais de perigo.
Plano B – sinais de desidratação, reidratação na UBS
Quando o usuário já apresenta alguns sinais de desidratação, porém sem gravidade, deve permanecer na UBS para realizar a reidratação. É necessário pesar a criança para monitoração do ganho de peso e fazer o controle da diurese.
Fazer uso da terapia de reidratação oral com o SRO recomendada pela OMS em pequenos volumes, aumentando a frequência da oferta aos poucos. O volume a ser ofertado depende do grau de desidratação.
Vamos ao tratamento para o plano B proposto pelo MS?
1) Administrar a solução de reidratação oral:
- A quantidade de solução ingerida dependerá da sede do paciente.
- A SRO deverá ser administrada continuamente, até que desapareçam os sinais de desidratação.
- Apenas como orientação inicial, o paciente deverá receber de 50 a 100 ml/kg, para ser administrado no período de 4 a 6 horas.
Memorizem esse tempo. Vejam como ele caiu na prova!
- (CONSULPLAN/PREFEITURA DE CASCAVEL-PR/2016) A Terapia de Reidratação Oral (TRO) é o tratamento de escolha das desidratações e, geralmente, determina a resolução do problema em curto espaço de tempo. Para a correção da desidratação, se bem tolerada e com oferta acima das perdas ocorridas, deve ser administrada no período de
- a) até 30 min.
- b) 1 a 2 horas.
- c) 4 a 6 horas.
- d) 5 a 7 horas.
- e) 6 a 8 horas.
Gabarito: letra c.
Comentário:
Observem que os números precisam ser memorizados, pois as bancas costumam cobrá-los.
- (AOCP/EBSERH/UFT/2015) A diarreia consiste na alteração da função intestinal com perda excessiva de água e eletrólitos pelas fezes/vômitos. O Plano B é indicado ao tratamento da diarreia com desidratação. Nesse plano, o usuário deve:
- a) ser atendido e dispensado com orientações de cuidados domiciliares, levando sais hidratantes para casa.
- b) ser atendido e dispensado com orientações para ingestão de qualquer tipo de líquido.
- c) ser mantido em observação com TRO.
- d) iniciar reidratação endovenosa.
- e) ser hospitalizado.
Gabarito: letra c.
Comentário:
O plano B é utilizado quando há sinais de desidratação, sendo necessário tratamento da reposição na unidade básica de saúde.
2) Durante a reidratação, reavaliar o paciente quanto aos sinais de desidratação.
- Se desaparecerem os sinais de desidratação, utilize o PLANO A.
- Se continuar desidratado, indicar a sonda nasogástrica (gastróclise).
- Se o paciente evoluir para desidratação grave, seguir o PLANO C.
3) Durante a permanência do paciente ou acompanhante no serviço de saúde, orientar a:
- Reconhecer os sinais de desidratação.
- Preparar e administrar a solução de reidratação oral.
- Praticar medidas de higiene pessoal e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água e higienização dos alimentos).
Contraindicações da TRO
- Perda ou ganho insuficiente de peso após as primeiras horas de TRO;
- Vômitos persistentes;
- Recusa persistente da solução;
- Distensão abdominal grave íleo paralítico;
- Alteração de consciência;
- Evolução para choque hipovolêmico.
Plano C – desidratação grave – hidratação endovenosa
Iniciar o plano C quando o paciente apresentar dificuldade de ingestão de líquidos devido à hiperêmese, quadro de desidratação grave ou colapso circulatório (choque).
Há 2 fases no plano:
- Fase rápida (expansão); e
- Fase de manutenção e reposição.
Indicações de internação
Observem quais são os critérios que indicam a necessidade de tratamento com o paciente internado:
- Desidratação grave ou sinais de choque;
- Crianças com desidratação moderada que não toleram a TRO;
- Desnutrição grave;
- Toxemia grave, suspeita de sepse ou infecção grave associada;
- Crianças de famílias muito pobres, sem condições sociais de garantir o tratamento ambulatorial.
Ficamos por aqui. Continuem nos acompanhando por meio do blog e por nossos cursos do Gran Cursos Online.
Continuem firmes nos estudos, com motivação para alcançar seu sonho. Estamos juntos com vocês nessa empreitada rumo à aprovação!
Referências bibliográficas:
BRASIL. Manejo do paciente com diarreia. Ministério da Saúde. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/cartazes/manejo_paciente_diarreia_cartaz.pdf
________. Acolhimento à demanda espontânea – Queixas mais comuns na Atenção Básica Cadernos de Atenção Básica, n. 28. Volume II. Ministério da Saúde, 2012. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/caderno_28.pdf
Fernanda Barboza é graduada em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia e Pós-Graduada em Saúde Pública e Vigilância Sanitária. Atualmente, servidora do Tribunal Superior do Trabalho, cargo: Analista Judiciário- especialidade Enfermagem, Professora e Coach em concursos. Trabalhou 8 anos como enfermeira do Hospital Sarah. Nomeada nos seguintes concursos: 1º lugar para o Ministério da Justiça, 2º lugar no Hemocentro – DF, 1º lugar para fiscal sanitário da prefeitura de Salvador, 2º lugar no Superior Tribunal Militar (nomeada pelo TST). Além desses, foi nomeada duas vezes como enfermeira do Estado da Bahia e na SES-DF. Na área administrativa foi nomeada no CNJ, MPU, TRF 1ª região e INSS (2º lugar), dentre outras aprovações.
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