Por: Projeto Exame de Ordem | Cursos Online
Wilian Matsuura é um jovem empresário que veio ao Japão como decasségui. Assim que chegou, Wilian perdeu o pai e, aos 14 anos, já era o chefe da casa. Mesmo sendo o caçula de 9 irmãos, foi ele quem cuidou da mãe até o fim da vida. Hoje, o Willian Matsuura é o empreiteiro mais promissor da região de Tokai e, além disso, está sempre apoiando os eventos e os atletas da comunidade brasileira no Japão. No último ano, ele foi o responsável pelas diversas portas que se abriram para os brasileiros trabalharem como intérpretes nas lojas da AU. Confira a história emocionante desse brasileiro, contada por ele mesmo.
“Sou de São Paulo, Capital. Venho de uma família humilde, de nove irmãos. Vim para o Japão quando eu tinha quase 15 anos de idade, com uma das notícias mais tristes da minha vida: meu pai tinha sido internado, após sofrer um derrame cerebral. Cheguei no aeroporto de Narita e fui direto para Nagoya, para o hospital onde ele estava. Foi muito triste revê-lo depois de dois anos, numa cama de hospital. Lembro que, depois de vê-lo, fui direto para o banheiro e não parava de chorar. Alguns dias depois, meu pai faleceu. Meu mundo desabou.
Eu e minha mãe tivemos que ir à luta e fomos para Gifu, onde consegui meu primeiro serviço aqui no Japão. Sem saber falar japonês tivemos que aceitar qualquer serviço por causa das nossas condições. Minha mãe estava com 56 anos e eu tinha apenas 15). Foi uma época muito difícil e triste mas, depois de um tempo, tivemos oportunidade de mudar para Hamamatsu, para um serviço melhor. Porém, como não tinha a intermediação de uma empreiteira, não tinha apartamento. Por um tempo tivemos que dividir uma moradia de dois quartos, com cinco pessoas.
Eu, minha mãe e minha irmã, que havia recém-chegado e mais dois amigos. Como o apartamento era de um desses amigos, nós morávamos lá “de favor”. Passado algum tempo, conseguimos alugar um apartamento para nós. Como era muito difícil alugar um imóvel por conta própria, então aceitamos o apartamento em péssimas condições. Lembro que o apato era no segundo andar, mas para tomar banho tinha que descer numa casinha que ficava no primeiro andar. Fiquei nesse emprego durante 10 anos trabalhando na linha de montagem de ar-condicionado e, como era direto, não tinha condução da empresa. Eu ia de ônibus e só saí de lá porque a empresa parou a produção aqui no Japão.
Nesse meio tempo surgiu a oportunidade de fazer um supletivo, pois eu tinha parado os estudos na sétima série. Depois de fazer as horas extras, voltava para casa, tomava banho, jantava e estudava até tarde. Fazia as provas presenciais em várias localidades do Japão, até que consegui concluir o colegial. Foi uma vitória muito grande! Depois disso, fui trabalhar numa fábrica de gesso. Eu imaginava que o gesso era leve, mas esse foi o serviço mais pesado que eu fiz até hoje. Fiquei lá durante dois anos mas, confesso que só aguentei porque conheci o senhor Miyabara que tinha o dobro da minha idade e trabalhava sorrindo. Ele ainda dizia pra mim: ‘deixa que eu faço’!
Quando saí de lá, fui trabalhar numa empresa do grupo Toyota e, depois de um tempo, em uma noite de yakin, conversando com um amigo na sala de kyukei, falei para ele: ‘quero trabalhar com algo diferente’, e ele falou: ‘porque você não trabalha como tantosha? Você fala bem o japonês, dá uma olhada no International Press (um jornal que existia na época). Os brasileiros deixavam o jornal nessa sala e eu vi o anúncio de uma empreiteira. No dia seguinte, liguei e marquei uma entrevista. A pessoa que fez a entrevista e me deu a oportunidade desse trabalho, além de se tornar meu chefe, foi uma pessoa que me ensinou muito.
Comecei, então, a trabalhar como tantosha. No começo, achei que ia ser moleza, só fazer traduções e andar de carro, mas a realidade é diferente. Ficar entre a fábrica, os funcionários e a empreiteira é muito difícil! Um dos momentos mais difíceis foi na crise de 2008, do Lehman Brothers, época em que tive que dispensar muita gente e não tinha serviço em lugar nenhum.
Depois disso, em 2011 também foi muito difícil pois o terremoto de Tohoku parou a produção de todos os lugares. Trabalhei como tantosha nessa empreiteira por 10 anos! Chegou, então, uma hora decisiva na minha vida. Eu estava com quase 40 anos e vi que a empreiteira não definia quem seria o próximo patrão pois o atual, já com uma idade avançada, não dava posição. Comecei a me preocupar se dali a alguns anos ele resolvesse parar com tudo e fechar o negócio, eu ficaria ‘na mão’, com uma idade avançada para o mercado, correndo o risco de não encontrar serviço.
Tomei então uma difícil decisão: resolvi sair do emprego. Minha família me apoiou, apesar de termos perdido minha mãe naquele mesmo ano. Recebi o telefonema de uma das fábricas em que eu havia trabalhado e, por incrível que pareça, eles me deram uma chance para trabalhar. Corri, tirei a licença de Haken Tokutei e comecei a trabalhar do zero! Lembra aquela pessoa que mencionei, que fez a entrevista do meu emprego de tantosha? Ele tinha se aposentado e eu o chamei para trabalhar comigo. Pela segunda vez ele acreditou no meu trabalho.
Então começamos ele, eu e a minha esposa. Até chegarmos a um bom número de funcionários, eu fazia o papel de tantosha: fazia as contas do salário, visitava outras fábricas, foi um começo difícil! Tinhamos uma meta, desde o início, que era tirar a licença de Ippan Haken. Depois de muita luta, isso foi possível abrindo outras portas para outras empresas.
A minha meta, desde o início, era construir uma empresa sólida para todos trabalharem seguros. Se não fosse a minha família, minha esposa, minhas filhas, meus sogros, não teríamos chegado até aqui. Graças ao apoio deles, eu consegui tirar forças em muitos momentos difíceis. Num lugar onde, muitas vezes, você só é visto como um gaijin, é muito difícil ter sucesso. Por isso, hoje, eu procuro apoiar os eventos da nossa comunidade, seja no esporte ou na cultura, para mostrar que não importa a nacionalidade e sim a qualidade do que se faz, se é ou não bem feito.
Para finalizar, gostaria de deixar uma mensagem para as pessoas que queiram empreender: acredite em você, não escute as pessoas que vão te falar que não vai dar certo! Confie no seu potencial e trabalhe, trabalhe muito. Assim, você consegue!”
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