O concurso TJ MS está em andamento! As provas objetivas foram aplicadas no dia 05 de junho. Os interessados em atuar no Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul devem ficar de olho na fase de recursos.
O gabarito preliminar foi divulgado nesta terça-feira (7) e os candidatos terão até o dia 09 de junho para interpor recursos. Para efetivar o processo, é necessário acessar o endereço eletrônico da banca organizadora: https://conhecimento.fgv.br/concursos/tjms22.
Para auxiliar nesta fase, a equipe do Gran Cursos Online preparou um conteúdo especial! Acompanhe aqui as questões passíveis de recurso e confira a fundamentação elaborada pelos nossos mestres.
Destaques: |
Confira abaixo os recursos elaborados por nossa equipe de especialistas:
PROVA TIPO 2 – VERDE – CONCURSO TJ MS – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA FIM
QUESTÕES 3 e 6 Prof. Márcio Wesley
QUESTÃO NÚMERO 3
GABARITO PRELIMINAR: E
GABARITO EXTRAOFICIAL APRESENTADO PELO PROFESSOR MÁRCIO WESLEY: A
QUESTÃO: “na natureza nada é perfeito e tudo é perfeito as árvores podem ser retorcidas vergadas de modos estranhos e ainda assim são belas”.
Observe esse pensamento, transcrito sem os sinais de pontuação originais e todo ele em letras minúsculas. A forma correta de redigi-lo é:
(A) Na natureza, nada é perfeito, e tudo é perfeito. As árvores podem ser retorcidas, vergadas de modos estranhos, e ainda assim são belas.
(B) Na natureza nada é perfeito e tudo é perfeito! As árvores podem ser retorcidas, vergadas de modos estranhos e ainda assim são belas.
(C) Na natureza, nada é perfeito e tudo é perfeito; as árvores podem ser retorcidas, vergadas de modos estranhos e ainda assim são belas.
(D) Na natureza nada é perfeito e tudo é perfeito; as árvores podem ser retorcidas, vergadas de modos estranhos e ainda assim são belas.
(E) Na natureza, nada é perfeito e tudo é perfeito. As árvores podem ser retorcidas, vergadas de modos estranhos, e ainda assim são belas.
RECURSO: A forma correta de redigir está presente apenas na opção “A”.
FUNDAMENTAÇÃO: Na opção “A”, a vírgula após “natureza” é facultava para isolar pequena locução adverbial deslocada no início da oração. No entanto, a vírgula antes da primeira ocorrência do “e” é necessária por se tratar do valor adversativo: antes do “e”, temos sendo negativo (nada), enquanto depois temos sendo positivo (tudo) – trata-se de oposição e contraste. Em apoio, pode-se citar, por exemplo a clareza desta norma apresentada em: Ortografia, Pontuação e Crase, Adriano da Gama Kury, 2ª edição, FAE, página 69 [cito: “Entre orações, a vírgula se usa: … 5 – Para separar orações iniciadas pela conjunção e com valor adversativo (= mas)”]. Igualmente, na segunda ocorrência do “e” também é preciso empregar vírgula por se tratar novamente de valor adversativo: antes do “e”, temos sendo negativo na qualificação das árvores (retorcidas, vergadas, modos estranhos), enquanto depois temos sendo positivo (são belas) – essa oposição é reforçada pela expressão concessiva “ainda assim”. Como se não bastasse o valor adversativo, na primeira ocorrência de “e”, vemos também a conexão entre orações que possuem sujeitos diferentes: na oração “nada é perfeito”, o pronome “nada” exerce função de sujeito; na oração “tudo é perfeito”, o pronome “tudo” exerce função de sujeito). Ora, essa situação do conectivo “e” entre orações de sujeitos diferentes já bastaria para exigir o emprego da vírgula na primeira ocorrência do “e”, conforme se lê nas obras de renomados estudiosos do vernáculo, como: (1) Gramática Normativa da Língua Portuguesa, Rocha Lima, 35ª ed., José Olympio Editora, página 461 [cito: “Usa-se a vírgula: …11) Para separar as orações coordenadas ligadas pela conjunção e, quando os sujeitos forem diferentes”]; (2) Nova Gramática do Português Contemporâneo, Censo Cunha & Lindley Cintra, 2ª edição, Editora Nova Fronteira, página 629 [cito: Separam-se geralmente por vírgula as orações coordenadas unidas pela conjunção e, quando têm sujeito diferente”]; (3) Ortografia, Pontuação e Crase, Adriano da Gama Kury, 2ª edição, FAE, página 69 [cito: “Entre orações, a vírgula se usa: … 2 – Antes da oração coordenada aditiva sindética, quando o seu sujeito é diferente do sujeito da oração anterior”]. Na opção “E”, faltou a vírgula necessária na ocorrência do primeiro “e” com valor adversativo e, ao mesmo, entre orações coordenadas que possuem sujeito diferente. Portanto, a opção “E” evidencia inadequação à norma gramatical constante na literatura especializada.
CONCLUSÃO: somente a opção “A” obedece plenamente aos ditames da Gramática Normativa, de modo objetivo.
PEDIDO: tendo em vista o exposto com base na literatura especializada de Gramática Normativa da Língua Portuguesa, solicita-se alterar o gabarito preliminar como opção “E” para opção “A” no gabarito definitivo.
QUESTÃO NÚMERO 6
GABARITO PRELIMINAR: C
GABARITO EXTRAOFICIAL APRESENTADO PELO PROFESSOR MÁRCIO WESLEY: A e ou D (ou sem resposta, em razão da possibilidade de que estejam todas erradas).
QUESTÃO: Chegou ao topo da pequena colina e observou a cena que se lhe apresentava: algumas grandes rochas cercavam uma estreita passagem que conduzia a uma pequena planície. / Essas rochas eram bem altas, o que podia facilitar a existência de cavernas junto ao solo, o que lhes daria abrigo e alguma proteção contra animais. / Não havia à vista existência humana, mas muitas aves voavam ao redor de árvores que se penduravam nas nesgas de terra das encostas, o que fazia prever a presença de outros animais. / Apesar da distância, podia vislumbrar a presença de um rio que cruzava transversalmente a planície…
Esse segmento textual é composto por quatro períodos, separados por barras inclinadas. A afirmava correta sobre sua estruturação é:
(A) os quatro períodos apresentam estrutura inteiramente descritiva;
(B) os períodos mostram uma sequência temporal;
(C) os períodos trazem seguidamente detalhes da paisagem vista anteriormente;
(D) os períodos mostram aos leitores uma seleção de elementos estáticos da paisagem;
(E) o segundo período é o único que mistura descrição e narração.
RECURSO: apenas a opção “D” oferece afirmava condizente com a estruturação do texto em análise.
FUNDAMENTAÇÃO: (A) A estrutura textual é predominantemente, mas não inteiramente descritiva nos quatro períodos, pois fique caracterizada (como pressuposta) a predição (trecho preditivo) nos segmentos “PODIA facilitar a existência de cavernas, o que lhes DARIA abrigo” [grifei “PODIA” devido ao sendo contextual de “PODERIA” como previsão ou possibilidade, assim como grifei “DARIA”] e “fazia prever a presença de outros animais”. Apesar desse segmento preditivo, essa mesma previsão ainda contém descrição (segmentos nominais caracterizam descrição: cavernas, solo, abrigo, proteção, animais), mas impede afirmar, como pretende a opção “A”: “os quatro períodos apresentam estrutura inteiramente descritiva”. Na verdade, misturam-se características do tipo textual descritivo e características do gênero textual preditivo, em vez de haver estrutura inteiramente descritiva. Portanto, trata-se de opção incorreta.
(B) Sequência temporal pode ocorrer numa sucessão dos elementos observados e descritos por um observador. No entanto, essa mera sucessão de quadros para compor a cena não caracteriza a sequência temporal de eventos ou ações que seriam marca de uma narração (narração é marcada pela sucessão temporal de ações de personagens em uma cadeia de cenas). A descrição pode apresentar uma sucessão de quadros em uma mesma cena. A sequência de quadros nessa descrição mostrada evidenciou ampliação do campo visual do observador em cima da colina a partir da imagem mais imediata até a visão mais distante (o rio). Não se trata de sequência temporal pica de eventos narrados. Portanto, trata-se de opção incorreta.
(C) No início do texto, lemos: “Chegou ao topo da pequena colina e observou a cena que se lhe apresentava”. Devemos notar aqui o pretérito imperfeito do indicativo em “apresentava”. Esse tempo verbal indica simultaneidade. É um tempo verbal pico de textos descritivos. Serve para mostrar a soma de quadros simultâneos que formam uma cena descrita. Então, a paisagem não foi vista anteriormente. Na verdade, ela está sendo vista agora que ele chegou ao topo da pequena colina. Essa simultaneidade durante o ato de observar a paisagem é reforçada pelo emprego de numerosos verbos no imperfeito: apresentava, cercavam, conduzia, eram, havia, voavam, penduravam, fazia, cruzava. Mesmo a presença inicial de pretérito perfeito em “chegou” e em “observou” não apontam que a paisagem foi vista anteriormente, mas sim que se está localizando o ato de chegar e observar em um dado momento pontual do passado, sem significar visão anterior dessa paisagem. No mínimo, é razoável admitir aqui ambiguidade entre (1) haver visto antes a paisagem e descrevê-la depois e (2) estar vendo agora pela primeira vez e descrevendo que tem diante dos olhos. É sabido que ambiguidade prejudica o julgamento de questões como certas ou erradas. Portanto, a opção “C” se mostra inaceitável como resposta.
(D) [RESPOSTA PLAUSÍVEL] Alguns elementos são estáticos (rochas, planície, cavernas, solo, árvores…). Entretanto, foram mostrados alguns elementos dinâmicos: aves voavam ao redor de árvores, e animais foram previstos com grande razoabilidade em virtude da presença de árvores e aves (possíveis fontes de alimentos para animais), além do rio (água em movimento, ou seja, um elemento dinâmico, não estático). Além disso, o emprego do artigo definido “os” em “os períodos mostram” traz pressuposto o significado de que todos os períodos do texto mostram seleção de elementos estáticos da paisagem. [Em reforço ao uso do artigo definido plural com sendo totalizante, mencione-se: Maria Helena de Moura Neves, Gramática de Usos do Português, Editora Unesp, páginas 393 a 404.] Ora, embora alguns períodos mostrem elementos dinâmicos, esses mesmos trechos ainda revelam também elementos estáticos, o que torna verdadeiro afirmar que “os períodos [todos] mostram aos leitores uma seleção de elementos estáticos da paisagem”. Note-se que a opção “D” não trouxe restrição (ela não afirma que SÓ foram mostrados elementos estáticos, nem que todos os elementos mostrados eram estáticos). Portanto, a opção “D” surge como única resposta condizente com a estruturação do texto em análise.
(E) O segundo período não mistura descrição e narração. Ele mistura descrição (essas rochas eram bem altas) e predição/previsão sobre o que poderia haver (previsão 1: rochas altas podiam facilitar a existência de cavernas junto ao solo; previsão 2: o que lhes daria abrigo e alguma proteção). Além disso, não é único período que mistura diferentes tipologias ou gêneros textuais. O período 3 também contém descrição (ausência do elemento humano, aves voavam – cuidado aqui para não pensar que a ação das aves indica narração, pois o verbo no imperfeito em “voavam” caracteriza descrição de ação, e não caracteriza sucessão de ações em sequência de cenas) e contém previsão/predição (o que o fazia prever a presença de outros animais).
CONCLUSÃO: a única opção mais razoável para configurar como resposta condizente com a estruturação do texto em análise é a opção “D”.
PEDIDO: tendo em vista as análises acima e estudos especializados de gênero e estrutura textual, bem como considerando o acurado trabalho de Maria Helena de Moura Neves citado, solicita-se alterar o gabarito preliminar como opção “C” para gabarito definitivo como opção “D”.
Resumo do Concurso TJ MS
Concurso TJ MS | Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul |
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Situação atual | Edital publicado |
Banca organizadora | Fundação Getúlio Vargas (FGV) |
Cargo | Analista Judiciário – Área Fim |
Escolaridade | Nível Superior (bacharel em direito) |
Carreiras | Tribunais |
Lotação | Mato Grosso do Sul |
Número de vagas | 250 CR |
Remuneração | R$ 6.808,22 |
Inscrições | 21/03 a 19/04/2022 |
Taxa de inscrição | R$ 130,00 |
Data da prova objetiva | 05/06 |
Confira aqui o edital TJ MS 2022 |
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