Falaremos hoje sobre a hanseníase. Trarei alguns tópicos importantes e cobrados nos certames, tanto para nível médio quanto para nível superior. Uma doença bíblica e uma questão de saúde pública.
Hanseníase é uma doença infectocontagiosa, de evolução lenta, que se manifesta principalmente através de sinais e sintomas dermatoneurológicos (NEUROTROPISMO): lesões na pele e nos nervos periféricos, principalmente nos olhos, mãos e pés.
Essas incapacidades e deformidades podem acarretar alguns problemas, tais como diminuição da capacidade de trabalho, limitação da vida social e problemas psicológicos. São responsáveis, também, pelo estigma e preconceito contra a doença.
O tempo de multiplicação do bacilo é lento, podendo durar, em média, de 11 a 16 dias.
O homem é reconhecido como única fonte de infecção (reservatório), embora tenham sido identificados animais naturalmente infectados.
O contágio é através de uma pessoa doente, portadora do bacilo de Hansen, não tratada, que o elimina para o meio exterior, contagiando pessoas susceptíveis.
A principal via de eliminação do bacilo, pelo indivíduo doente de hanseníase, e a mais provável porta de entrada no organismo passível de ser infectado são as vias aéreas superiores, o trato respiratório. No entanto, para que a transmissão do bacilo ocorra, é necessário um contato direto com a pessoa doente não tratada.
O aparecimento da doença na pessoa infectada pelo bacilo e suas diferentes manifestações clínicas dependem, dentre outros fatores, da relação parasita/hospedeiro e pode ocorrer após um longo período de incubação, de 2 a 7 anos.
Dentre as pessoas que adoecem, algumas apresentam resistência ao bacilo, constituindo os casos paucibacilares (PB), que abrigam um pequeno número de bacilos no organismo, insuficiente para infectar outras pessoas. Os casos paucibacilares, portanto, não são considerados importantes fontes de transmissão da doença devido à sua baixa carga bacilar. Algumas pessoas podem até se curar espontaneamente.
Um número menor de pessoas não apresenta resistência ao bacilo, que se multiplica no seu organismo, passando a ser eliminado para o meio exterior, podendo infectar outras pessoas. Essas pessoas constituem os casos multibacilares (MB), que são a fonte de infecção e manutenção da cadeia epidemiológica da doença.
Quando a pessoa doente inicia o tratamento quimioterápico, ela deixa de ser transmissora da doença, pois as primeiras doses da medicação matam os bacilos, tornando-os incapazes de infectar outras pessoas. O diagnóstico precoce da hanseníase e o seu tratamento adequado evitam a evolução da doença, consequentemente impedindo a instalação das incapacidades físicas por ela provocadas.
SINAIS E SINTOMAS DERMATOLÓGICOS
A hanseníase manifesta-se através de lesões de pele que se apresentam com diminuição ou ausência de sensibilidade.
As lesões mais comuns são:
Na hanseníase, as lesões de pele sempre apresentam alteração de sensibilidade. Essa é uma característica que as diferencia das lesões de pele provocadas por outras doenças dermatológicas. A sensibilidade nas lesões pode estar diminuída (hipoestesia) ou ausente (anestesia), podendo também haver aumento da sensibilidade (hiperestesia).
As lesões podem acometer qualquer localização, mas são encontradas com maior frequência na face, orelhas, nádegas, braços, pernas e costas.
SINAIS E SINTOMAS NEUROLÓGICOS
A hanseníase manifesta-se, além de lesões na pele, através de lesões nos nervos periféricos.
Essas lesões são decorrentes de processos inflamatórios dos nervos periféricos (neurites) e podem ser causadas tanto pela ação do bacilo nos nervos como pela reação do organismo ao bacilo ou por ambas. Elas manifestam-se através de:
Quando o acometimento neural não é tratado, pode provocar incapacidades e deformidades pela alteração de sensibilidade nas áreas inervadas pelos nervos comprometidos.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da hanseníase é realizado através do exame clínico, quando se buscam os sinais dermatoneurológicos da doença.
DIAGNÓSTICO CLÍNICO
O roteiro de diagnóstico clínico constitui-se das seguintes atividades:
Roteiro de diagnóstico clínico da hanseníase
As pessoas que têm hanseníase, geralmente, queixam-se de manchas dormentes na pele, dores, câimbras, formigamento, dormência e fraqueza nas mãos e pés. A investigação epidemiológica é muito importante para se descobrir a origem da doença e para o diagnóstico precoce de novos casos de hanseníase.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
A baciloscopia é o exame microscópico no qual se observa o Mycobacterium leprae diretamente nos esfregaços de raspados intradérmicos das lesões hansênicas ou de outros locais de coleta selecionados: lóbulos auriculares e/ou cotovelos, e lesão quando houver.
É um apoio para o diagnóstico e também serve como um dos critérios de confirmação de recidiva quando comparado ao resultado no momento do diagnóstico e da cura.
Por nem sempre evidenciar o Mycobacterium leprae nas lesões hansênicas ou em outros locais de coleta, a baciloscopia negativa não afasta o diagnóstico da hanseníase.
Classificação Operacional
Para fins de tratamento, classifica-se a hanseníase em paucibacilar (até cinco lesões) e multibacilar (mais de cinco lesões).
TRATAMENTO
O tratamento integral de um caso de hanseníase compreende o tratamento quimioterápico específico – a poliquimioterapia (PQT) –, seu acompanhamento, com vistas a identificar e tratar as possíveis intercorrências e complicações da doença, e a prevenção e o tratamento das incapacidades físicas.
Esquema Paucibacilar (PB)
Nesse caso, é utilizada uma combinação da rifampicina e dapsona, acondicionados numa cartela, no seguinte esquema:
ESQUEMA TRATAMENTO PAUCIBACILAR
Esquema Multibacilar (MB)
Aqui é utilizada uma combinação da rifampicina, dapsona e de clofazimina, acondicionados numa cartela, no seguinte esquema:
ESQUEMA DE TRATAMENTO MULTIBACILAR
E então, deu para relembrar hanseníase?
Espero ter ajudado!
Abraços,
Professora Natale Souza
Mestre em Saúde Coletiva pela UEFS. Servidora pública da Prefeitura Municipal de Salvador. Coach, Mentora, Consultora e Professora na área de Concursos Públicos e Residências. Graduada pela UEFS em 1998, pós-graduada em Gestão em Saúde, Saúde Pública, Urgência e Emergência, Auditoria de Sistemas, Enfermagem do Trabalho e Direito Sanitário. Autora de 02 livros – e mais 03 em processo de revisão: – Legislação do SUS – vídeo livro ( Editora Concursos Psi); Legislação do SUS – Comentada e esquematizada ( Editora Sanar). Aprovada em 16 concurso e seleções públicas (nacionais e internacionais) dentre elas: – Programa de Interiorização dos Profissionais de Saúde – MS – lotada em MG; – Consultora do Programa Nacional de Controle da Dengue (OPAS), lotada em Brasília; – Consultora Internacional do Programa Melhoria da Qualidade em Saúde pelo Banco Mundial, lotada em Brasília; – Governo do estado da Bahia – SESAB – urgência e emergência; – Prefeitura Municipal de Aracaju; – Prefeitura Municipal de Salvador; – Professora da Universidade Federal de Sergipe UFS; – Governo do Estado de Sergipe (SAMU); – Educadora em Saúde mental /FIOCRUZ- lotada Rio de Janeiro.
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