Erros são fatores que nos prejudicam quando buscamos o sucesso em alguma empreitada. Um erro pode te trazer um atraso de dias, meses ou até anos. É comum erramos algumas vezes, e essa é uma etapa importante ao processo de construção, porém, para o erro servir de aprendizado, ele deve ser visto justamente como uma ferramenta de aprendizagem, e não como um bloqueio intransponível; também não devemos deixar o erro tomar conta de suas decisões.
Antes de mais nada, vamos falar um pouco sobre quem é Howard Marks. Howard Stanley Marks é um investidor e escritor americano. Ele é o co-fundador e co-presidente da Oaktree Capital Management, o maior investidor em títulos de risco em todo o mundo. Em 2020, com um patrimônio líquido de US $ 2,1 bilhões, Marks foi classificado em 391 no ranking Forbes 400 dos americanos mais ricos.
Segundo Marks, todos estamos aptos a cometer erros, porém, quando estes são cometidos por outras pessoas, eles proporcionam oportunidades valiosas para que você melhore em sua performance. Ainda conforme Marks, explorar esse tipo de falha é o único caminho para a alta performance consistente ao longo do tempo. Deve-se aproveitar os equívocos alheios em vez de de cometê-los.
Algumas pessoas podem pensar que, com o tempo, os erros serão amplamente conhecidos, de modo que seria mais difícil cair nas armadilhas deles, mas Marks afirma que as falhas sempre acontecerão, pois, como seres humanos, somos reféns de nossas psiques e emoções. Assim, o autor cita sete aspectos considerados armadilhas psicológicas as quais afetam as pessoas, e, embora sua tese principal esteja relacionada à área econômica, esta pode ser espelhada no mundo dos concursos públicos, como traduzo nos comentários a seguir:
- Ganância
É muito comum o candidato ter pressa e querer passar logo em um cargo público. Essa atitude o leva a querer “abraçar o mundo”, ou seja, fazer mais concursos e querer estudar para mais cargos do que o seu objetivo. É a velha “falta de foco”. Ao querer fazer vários concursos, pensando serem “excelentes oportunidades”, o candidato comete o erro de esquecer o bom senso, suas limitações e a cautela. E o pior, isso o cega para aprendizados advindos de erros anteriores. A ganância, quando se alia ao otimismo, cria um ar de invencibilidade que congela sua visão e te impede de enxergar as próprias limitações.
- Medo
De certa forma, o medo é o oposto da ganância. Enquanto a ganância te deixa super motivado, o medo age como um limitador e um depressor. Ele afoga o candidato em um mar de pessimismo e, por isso, este acredita que nunca conseguirá ter sucesso em seus objetivos. O medo limita e trava as pessoas para nem ao menos tentarem dar o primeiro passo, configurando um freio na performance delas.
- Suspensão voluntária de descrença
Esse fator trata da tendência de o indivíduo ou coletivo ignorarem lógica, história e premissas básicas, mesmo que, para isso, tenham de acreditar fortemente em cenários surreais. Invariavelmente, o cerne de bolhas econômicas se encontra assim, ou seja, uma falha ao reconhecer limites fundamentais ocorre em um grupo muito grande de pessoas. Muitas vezes, esse fator está associado à ganância, de modo que o candidato ignora as lições do passado em função de seu desejo excessivo por algo.
Vou usar o exemplo atual dos concursos para Agente e Escrivão da PCDF, interrompidos por causa do cenário de pandemia causado pela Covid-19. Embora todas as premissas apontassem para a suspensão das provas na data prevista no edital, muitos candidatos se desesperaram porque acreditavam na manutenção dos certames, e ignoraram a lógica e a história recente apresentadas pelos concursos da PC-PR e do Depen, por exemplo.
- Visão em conformidade com o coletivo
Esse aspecto trata da influência da opinião coletiva sobre as opiniões individuais. Quando o candidato se encontra nessa esfera, tem a tendência de ignorar seu ceticismo e sua própria inteligência, ainda que os ideais não façam sentido para ele. Trata-se da “armadilha do bando”. Todos correm para uma mesma direção, sem saber o porquê de estarem correndo.
- Inveja
Essa é uma característica do ser humano vinculada à insatisfação. A grama do vizinho “sempre” será mais verde. É comum os candidatos se colocarem na posição de competidor ao olharem para o lado e imaginarem que o “concorrente” está estudando mais horas do que ele, e, por isso, terá maior sucesso. Essa é uma grande falácia. Cada pessoa tem uma capacidade única de assimilação e aprendizado. Não é o quanto você estuda, e sim como. Não se medir com a régua dos outros é vital para o seu desenvolvimento, afinal de contas, você teve sua própria trajetória e experiências.
- Ego
O ego aqui é tratado de duas formas: a primeira, como o desejo de satisfação pessoal. É comum querermos o prazer antes de pagar o preço por ele, porém, a realidade não funciona assim. A satisfação que o ego te proporciona é instantânea e passageira, não se aplicando ao trajeto do concurso.
A segunda forma de manifestação do ego é quanto ao reconhecimento de suas próprias limitações e a capacidade de você enxergar novas possibilidades. Tendemos a pensar “mas eu sempre fiz assim”, “eu sempre estudei assim”. Agindo dessa maneira, não enxergamos nossos erros. Faça uma breve reflexão: se sempre agiu de determinada forma, por que não está tendo o resultado pretendido? Einstein dizia que insanidade era fazer a mesma coisa e esperar resultados diferentes.
- “Capitulação”
Esse último aspecto observado por Howard Marks se trata do comportamento dos indivíduos ao sucumbirem às pressões econômicas e psicológicas, agindo contrariamente ao que deveriam fazer. Isto é, mesmo sabendo que está estudando para um cargo “x”, você ignora seu processo de aprendizado e deseja mudar seu foco porque “saiu uma oportunidade para o cargo ‘y’”, que não tem nada em comum com o processo trabalhado até aquele momento. Para não cair nesse embuste, o candidato deve exercitar o autoconhecimento acerca do assunto a fim de reconhecer em si pontos negativos, buscando melhorar constantemente sobre os pontos em que esses aspectos psicológicos exercem influência.
O caminho da autorreflexão é o melhor a ser seguido, pois te trará o aprendizado necessário para que você veja os erros da forma como devem ser vistos, e, embora suas ocorrências sejam parte natural do processo, você sempre pode encurtar seu tempo de sobrevida.
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