Ao longo de nosso processo de estudos, nós ansiamos pela aprovação e consequente nomeação no cargo público. Tal sentimento é completamente natural, uma vez que, como já disse em várias ocasiões, estudar para concurso público não é a mais prazerosa das tarefas e sua trajetória é árdua. Porém, nesse ímpeto de querer que a aprovação ocorra o mais rápido possível, nossa tendência é de colocar todas as nossas energias no resultado, usando-o como fonte de motivação. Isso não é completamente equivocado, porém, essa mentalidade cria um alto de grau de urgência, e, por sua vez, ansiedade.
James Montier é um expert em finanças comportamentais e autor de um livro cujo título traduzido em português seria Investimento em Valor – Ferramentas e Técnicas para Investimentos Inteligentes. Em um dos capítulos da obra, Montier aborda a importância de um investidor concentrar seus esforços no processo de investir, não nos resultados almejados por meio dos investimentos. Para introduzir o assunto, ele traz o exemplo de atletas de sucesso das Olimpíadas. Durante as várias entrevistas realizadas, eles recebiam perguntas do tipo: “Como estava sua mente antes do evento?”, “Você pensava na medalha de ouro?”. No entanto, as respostas sempre mostravam que o competidor estava concentrado no processo, não no resultado. Ou seja, o maior foco do esportista era em seu treino e na prática de todo esse treinamento. Sua performance.
O que autor quer dizer com isso é que não temos controle sobre os resultados, uma vez que eles englobam vários fatores externos (na nossa realidade de concursos públicos, nós estamos sujeitos a uma banca examinadora que decide quais matérias serão avaliadas em determinada prova, não tendo qualquer controle sobre sua discricionariedade). Contudo, essa arbitrariedade da “sorte” não é absoluta. Podemos interferir no processo quando nos concentramos nele, e, assim, podemos maximizar as chances de bons resultados.
Montier também traz uma situação que ilustra o raciocínio de “processos versus resultados” de maneira mais clara, utilizando o exemplo de um jogo de Blackjack (vinte-e-um), muito praticado em cassinos. No jogo, de maneira simplificada, o participante deve obter a pontuação mais alta com as cartas sem que a soma delas ultrapasse 21. Na situação ilustrada pelo autor, um dos jogadores da mesa está com suas cartas, e a soma destas já alcança 17 pontos. Então, ele pede ao dealer – funcionário do cassino que administra a partida e dá as cartas aos participantes – para abrir mais uma carta. O dealer, em sua tarefa, vendo as probabilidades contra o jogador, pergunta se ele tem certeza de sua jogada. Convicto de sua decisão, o jogador confirma. Ao abrir a carta, obtém a surpresa de um resultado favorável, qual seja, um quatro, cuja soma com suas cartas totaliza 21. A plateia vai à loucura, e comemora pela jogada arriscada que deu certo.
Porém, o autor faz a análise das probabilidades: considerando apenas um baralho, sem levar em consideração a influência das cartas que já haviam saído no jogo, das 13 cartas existentes, nove fariam o jogador passar de 21, levando-o à derrota. Havia, portanto, uma grande chance de derrota com a escolha de mais uma carta. Dessa forma, podemos dizer que a decisão não foi boa. As chances estavam claramente contra o jogador. Ele se concentrou no resultado, não no processo. Esse tipo de jogo apresenta um processo o qual favorece os próprios cassinos, pois leva as chances para o lado deles. Isso não significa que eles ganham todas as vezes, mas sim que ganham mais do que perdem.
Por isso tanta gente é derrotada nos jogos nesses ambientes: por causa de uma “boa mão”, são levados a crer que sempre terão sorte, e essa sorte se perpetuará. Porém, o que geralmente ocorre é o inverso, e as pessoas acabam perdendo todas as suas economias.
A semelhança com o mundo dos concursos atinge duas linhas: a primeira é quanto ao “candidato sortudo” que foi aprovado com pouco (ou nenhum) tempo de estudo; e a segunda, no que se refere ao candidato “perdedor e azarado”.
No que toca à falácia do candidato “sortudo”, eu uso o termo falácia, porque, na maioria das vezes, isso é uma lenda. Quem nunca teve ou ouviu falar de “um primo de um amigo do vizinho da minha mãe” que estudou por dois meses e passou em um concurso público? Ou daquele cara que estudou apenas com as apostilas de banca de jornal… Concurso público (de novo) é uma tarefa que exige esforço e tempo. A grande maioria (senão todos) dos candidatos precisam vencer várias etapas para chegar à sua aprovação, e essas etapas são concretizadas em diversas atividades de estudos ao longo de um tempo considerável.
Já no que remete ao “azarado ou perdedor”, o resultado fica tão fixado na cabeça da pessoa que esta não vê saída ou acredita que seu estudo não está rendendo. Ela se esquece do fator externo e se martiriza por ir “mal” em provas ou simulados e porque seu resultado parece não sair do lugar, mesmo estando estudando de forma correta há tanto tempo.
Vou usar dois exemplos pessoais para desconstruir esse pensamento. Eu passei alguns anos estudando para concurso. Nas minhas primeiras tentativas, fiz algumas dezenas de provas objetivas, algumas como teste, já que morava em Salvador e fazia qualquer concurso que tivesse para treinar o “fazer prova”. Mesmo assim, nunca consegui ir para uma segunda fase dos certames (à exceção de minha aprovação para advogado da Caixa Econômica, em 2012). Isso me ocasionou certo desespero, porque não via resultado, e me fez criar um ultimato. Acontece que, antes de vencido o prazo, obtive minha primeira aprovação em prova objetiva (MP-AC, com prova em 2014), e depois disso, praticamente comecei a ir para todas as segundas fases nos concursos que tentava (uma vez que fazia para carreiras jurídicas que possuem fase objetiva, discursiva, oral, entre outras).
Porém, nesse mesmo ano de 2014, entre as provas que fiz, três chamam a atenção pelo resultado: MP-AC, MP-PA e Defensoria-PB. Na primeira, a nota de corte foi em torno de 70 pontos, tendo sido minha pontuação pouco acima disso (e foi o concurso mais difícil que fiz no ano). Na segunda, a nota de corte foi em torno de 50 pontos, e minha pontuação também foi um pouco acima dessa nota. Já na última prova, a nota de corte foi na faixa dos 70 pontos, e minha pontuação, perto dos 85 pontos.
Se me perguntarem o concurso para o qual estava mais preparado, respondo que foi o do MP-PA, no qual obtive nota maior que o corte. E o que estava menos preparado foi o da Defensoria da PB, no qual obtive a maior nota (a razão para isso foi que estava vindo de duas segundas fases seguidas, e tive pouco tempo de revisar o conteúdo da prova objetiva).
O que quero dizer é que, se olharmos o resultado de maneira fria, as notas se apresentarão com um formato diferente. No meu caso, eu pensava que a melhor prova seria a da Defensoria, e a pior, a do MP/PA. Porém, se olharmos o processo, veremos uma realidade completamente diversa. A prova mais difícil foi a do Acre, pois era a que tinha mais conteúdo, e eu não tinha completado todo o programa. A nota do MP/PA foi baixa, pois cobraram temas que pegaram os candidatos de surpresa – nessa situação, a dificuldade de prova não foi alta, e sim o fator externo. Esse mesmo fator externo foi meu benefício na prova em que estava menos preparado, no entanto, obtive bom resultado.
Assim, não se apegue a resultados, concentre-se em seu processo de aprendizado, pois é ele quem dará o tom e te levará à sua almejada aprovação.
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