Felizmente a situação sanitária envolvendo a COVID-19 melhorou consideravelmente, com o advento das vacinas e a redução no número de casos graves, mas você já deve saber que temos outro “inimigo” epidemiológico nos rondando, não é mesmo?
Trata-se de um vírus, membro do grupo dos orthopoxvirus, já mencionado em outro artigo, publicado recentemente aqui no Blog do Gran Cursos, intitulado “Variola do macaco – afinal, que doença é essa?”. Se você ainda não leu, recomendo fortemente que o faça pois nele abordo os principais aspectos envolvendo o agente etiológico, bem como os sintomas e a transmissão da doença, a chamada Varíola do Macaco ou, em inglês, monkeypox.
Vale ressaltar que à epoca da publicação do artigo supracitado, ainda não tínhamos casos no Brasil. Hoje já são ao menos 696 confirmados! Mas afinal, como é feita esta confirmação laboratorial dos casos suspeitos? É exatamente isso que eu convido você Farmacêutico, Biomédico e Biólogo para estudar comigo agora mesmo!
Um aspecto fundamental para o diagnóstico laboratorial da monkeypox está no material genético do vírus que, diferentemente do que vimos no caso do coronavírus, que é um vírus de RNA, neste caso é DNA. E qual é o impacto disso?
Resumidamente, os vírus de RNA cometem mais “erros” em seu código genético ao se replicar do que os vírus de DNA e, consequentemente, mais mutações, o que dificulta o enfrentameto da doença, por exemplo. Por outro lado, os vírus de DNA, como a varíola dos macacos, são mais estáveis pela ausência da necessidade do processo de transcrição reversa. Logo as variantes são menos comuns. Isso não significa que os vírus de DNA não possam sofrer mutações, mas que a probabilidade de qualquer alteração aconteça é menor do que com os vírus de RNA.
Assim você já deve estar imaginando qual é o método laboratorial de escolha para o diagnóstico, certo? Isso mesmo: o protocolo adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é o método molecular: a reação da polimerase em cadeia (PCR) em tempo real (q-PCR), para detecção do DNA viral no fluido obtido das lesões infecciosas na pele do paciente.
Para “refrescar” a sua memória, na reação de PCR um fragmento do material genético de interesse é submetido a vários ciclos de desnaturação, anelamento e extensão, resultando em milhares de cópias do mesmo, que permitem sua identificação na amostra testada. O termo tempo real refere-se ao fato de o método realizar uma quantificação em tempo real do material genético amplificado. A reação acontece em um termociclador que é acoplado a um módulo optico capaz de detectar a fluorescência que é emitida durante o processo de amplificação. Assim, diferente de uma reação de PCR convencional, não é necessário realizar a tradicional eletroforese em gel de agarose para visualização das bandas do material genético amplificado.
E atenção: de acordo com a OMS, os testes antigênicos não são capazes de determinar se o agente infeccioso presente nas amostras analisadas é mesmo o moneypox ou pertence a outros vírus da mesma família, como os vírus da varíola humana ou do molusco contagioso, por exemplo. Por isso sua utilização é desaconselhada pelo órgão devido à baixa especificidade do método.
Atualmente, quatro laboratórios no Brasil estão aptos a diagnosticar a doença, sendo dois deles situados no Rio de Janeiro, um em São Paulo e um em Minas Gerais. Mas felizmente muitos outros já estão em vias de implantação da metodologia e capacitação dos profissionais, como por exemplo o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) no Distrito Federal, que pretende iniciar os testes locais em meados de agosto.
Não poderia deixar de dizer que esta videoaula estará disponível em breve para os assinantes ilimitados do Gran Cursos, ok? Grande abraço e bons estudos