Uma queixa muito comum entre os nossos alunos e as pessoas em geral que estudam para concurso ou acompanham as nossas mensagens diz respeito à falta de memória. É geral a impressão de que, não importa o quanto tenham estudado um dado conteúdo, dali a pouco esquecem tudo que achavam que tinham memorizado. Essa reclamação é padrão entre os nossos amigos internautas. “Esse mal tem cura?”, eles nos perguntam. “Sim, tem”, nós respondemos. Quando uma pessoa conhece como funciona o processo de fixação e evocação das informações guardadas na memória de longo prazo, é capaz de melhorar muito sua capacidade de memorização.
“Todos nós dispomos de boa memória. Isso, acredite, é fato. O problema é que nem sempre sabemos usá-la direito.”
Todos nós dispomos de boa memória. Isso, acredite, é fato. O problema é que nem sempre sabemos usá-la direito. Portanto, precisamos primeiro compreender como é o seu funcionamento, se quisermos tirar o melhor proveito possível dela. O processo de memorização começa com a percepção de um estímulo e continua com o número de repetições. Em resumo, a repetição é a palavra-chave da memória. Já explicamos em outro artigo que, para desenvolvermos um hábito, devemos repetir a rotina por pelo menos 21 dias ou 3 semanas, sempre no mesmo horário e pelo mesmo período de tempo, sem interrupção. O mesmo método pode ser aplicado se a intenção for treinar a memória.
Mas há outra boa prática bem simples que pode fazer toda a diferença nesse quesito: prestar muita atenção aos fatos observados e às palavras ouvidas ou lidas e, ao mesmo tempo, desvincular esses dados dos demais estímulos do meio. É que o cérebro deve atribuir relevância e valor a eles para, enfim, memorizá-los. Repito: a pessoa precisa conferir relevância e importância a algo que quer muito que o cérebro grave. É assim porque o cérebro não fixa todas as informações que recebe, mas apenas aquilo que considera importante.
“Conhece aquela desagradável sensação de “branco”? A dica para evitar isso e garantir uma boa memória é treiná-la, ter motivação e fazer associações.”
E o processo não para por aí: depois de fixar a ideia, é preciso trazer a lembrança de volta. Esse é um processo chamado evocação. Para evocar algo, o cérebro recorre ao rastro da memória, que nada mais é do que algum elemento significativo ligado ao fato. Você já se pegou tentando, sem sucesso, evocar algo que tem certeza de haver gravado na memória? Conhece aquela desagradável sensação de “branco”? A dica para evitar isso e garantir uma boa memória é treiná-la, ter motivação e fazer associações. Recorra a mnemônicos com rimas, brincadeiras, frases esdrúxulas etc. Detalharemos isso em seguida.
“A boa memorização é resultado do estímulo certo.”
A boa memorização é resultado do estímulo certo. Quanto mais repetido, intenso, colorido e relevante, mais esse estímulo propicia a fixação da ideia. O método mais indicado pelos neurocientistas é projetar as ideias com cor e em movimento, em ação, pulsando. Algo como um filme, e não como uma paisagem ou um slide. Quando, por exemplo, alguém lhe ditar um número de telefone, imagine os números entrando no seu cérebro pulando, piscando, em movimento. Certamente a técnica ajudará você a memorizar a informação.
“Quando entrevistamos os aprovados nos primeiros lugares em concursos públicos, em busca da receita do sucesso deles, identificamos, em geral, três características comuns.”
Quando entrevistamos os aprovados nos primeiros lugares em concursos públicos, em busca da receita do sucesso deles, identificamos, em geral, três características comuns. A primeira delas é a autoconfiança, que dispensa explicação. A segunda é a motivação: se não estiver motivada, é muito natural que a pessoa se distraia com facilidade e ceda, por exemplo, ao impulso de assistir à tevê ou de sair com os amigos em vez de se manter firme nos estudos. O terceiro ponto em comum entre os concurseiros de sucesso é que todos desenvolveram e aplicaram com rigor diversas técnicas: técnicas para raciocinar sobre os conteúdos estudados, técnicas de memorização, técnicas para anotar adequadamente os assuntos vistos nas aulas, técnicas para se preparar na véspera do concurso e técnicas para fazer a prova no dia “D”. Note que tudo é preparação adequada com planejamento.
Se você já conhece e aplica algumas dessas técnicas, ótimo. Mas há outras dicas que podem ser bastante úteis para melhorar a sua capacidade de retenção e memorização dos diversos conteúdos previstos no edital de um concurso. Vamos a elas:
1) Crie um ambiente adequado para o estudo. É muito importante estudar em um ambiente cuidadosamente preparado. O espaço precisa ser silencioso, bem iluminado, limpo e organizado. Em um local apropriado como esse, o estímulo que nos interessa ganha destaque e se sobressai em relação ao ambiente. A memorização é, assim, facilitada.
2) Faça uma coisa de cada vez. Ainda que, para cumprir o plano de estudos, você se veja obrigado a estudar duas ou três matérias no mesmo turno de preparação, dividir-se entre várias atividades simultâneas é o principal erro de um concurseiro, de um estudante, de um vestibulando. Ao fazer tudo ao mesmo tempo, acabamos tendo a atenção desviada por diversos problemas e diversos conteúdos e deixamos passar os dados que seriam relevantes. Para evitar que isso ocorra, identifique as prioridades do momento. Se o assunto da vez são as formas de provimento e vacância de cargos públicos, desligue-se do resto e se concentre nesse tópico. Seguindo essa recomendação, você logo perceberá que os episódios de esquecimento serão cada vez mais raros.
3) Mantenha uma alimentação adequada. A alimentação influencia diretamente na capacidade de memorização. Prefira alimentos de fácil digestão, fracionados durante o dia e em pequenas porções. Refeições pesadas e em quantidade exagerada deslocam o fluxo sanguíneo para os intestinos, fazendo com que o cérebro trabalhe de forma mais lenta e preguiçosa. Para dar um gás a mais à mente, beba bastante água. Lembre-se de que o cérebro é 77% composto de pura água.
4) Evite o uso de medicamentos para dormir. Muitos daqueles remédios sugeridos pelos amigos para melhorar o sono são usados indiscriminadamente, mas saiba que alguns deles podem afetar a capacidade de memorização. Recorra a eles com bom senso e apenas com orientação médica.
5) Trate da depressão e da ansiedade. Você sabia que o esquecimento é considerado um dos sintomas da depressão? Essa doença torna lentos os processos cerebrais. O mesmo se aplica à ansiedade. A pessoa muito ansiosa está sempre sob pressão. Ela sofre de véspera, preocupa-se antes da hora e com coisas que às vezes nem se concretizam. Acaba por deixar de viver o presente, de se concentrar no que interessa de verdade. A consequência? A ansiedade leva diretamente a problemas de dispersão e de falta de atenção e de concentração.
6) Evite o álcool e o cigarro. O álcool é um dos maiores inimigos da memória. De imediato, quando você passa do ponto, já não fixa mais nada. No longo prazo, o consumo excessivo pode levar à atrofia cerebral (redução do tamanho do cérebro) e a quadros graves de esquecimento. Outro vilão, o tabagismo é fator de risco para isquemias cerebrais. Mesmo que pequenas e imperceptíveis, com o passar dos anos elas podem acarretar problemas cognitivos. Como já recomendamos neste espaço antes, em vez de fumar e beber, crie o hábito saudável de fazer exercícios regulares, em especial os do tipo aeróbico, para oxigenar o cérebro e turbinar as relações entre os neurônios.
7) Invente, crie, desenvolva regras mnemônicas. Particularmente, gosto muito dessa técnica. Ela ajuda a memorizar sobretudo aqueles assuntos que você não entende muito bem por não concordar com os argumentos ou com a regra em si. Métodos mnemônicos sempre foram empregados pelos estudantes para decorar informações escolares de maior complexidade, como a tabela periódica, fórmulas de física, datas históricas, princípios constitucionais ou administrativos etc. A dica é associar uma informação difícil de ser memorizada a algo mais palpável, que lhe seja mais familiar. Uma boa regra mnemônica pode carregar uma informação por uma vida inteira. Essas regrinhas podem ser empregadas diariamente para nos ajudar a memorizar todo tipo de informação. Elas facilitam muito o processo de evocação.
É isso, caro aluno. Como você viu, são dicas simples, talvez até bem conhecidas dos nossos amigos concurseiros, mas nem por isso menos úteis. Se têm ajudado muitos a passar nos primeiros lugares de concorridos e importantes certames até aqui, por que não ajudariam também você a ser aprovado e classificado no concurso dos seus sonhos?
GRAN sucesso, e vamos juntos até a posse!
PS: Siga-me em minha recém-lançada página do Facebook e em meu perfil do Instagram. Lá, postarei pequenos textos de conteúdo motivacional. Serão dicas bem objetivas, mas, ainda assim, capazes de ajudá-lo em sua jornada rumo ao serviço público.
Gabriel Granjeiro
Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há quase 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.