Inteligência emocional para concursos

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A inteligência emocional pode ser definida como a capacidade de reconhecer e avaliar os próprios sentimentos e os dos outros, assim como a capacidade de lidar com eles.

Estudos indicam que alguns hábitos podem interferir e ajudar a desenvolver esse tipo de inteligência, que é diferente do QI. Eles são diversos, pois são ativados por diferentes áreas do cérebro. Dessa forma, a inteligência emocional pode sempre ser desenvolvida mediante a prática de alguns hábitos, como criar um ambiente positivo em que são reconhecidos os fatos bons ocorridos e ser grato por eles. Assim, essa atmosfera influi diretamente na qualidade de vida, pois, ao se sentir bem em determinadas situações, é criado um campo de atração favorecendo e contribuindo para que demais situações positivas ocorram, ou seja, o bem atrai o bem.

Outro aspecto importante é reconhecer os próprios limites, saber se continuar a adotar determinado comportamento é viável e de algum modo agrega valor. Isso inclui identificar prioridades e mudar o foco ao ser identificada determinada postura que não traz bons resultados.

No mesmo sentido, outro importante elemento é saber lidar com emoções negativas tendentes a conduzir a outras emoções negativas. Deve-se, assim, evitar que esse cenário seja instalado, e é de extrema importância ser capaz de gerir essas emoções, não permitir que elas conduzam a situação, mas perceber que, por mais que haja circunstâncias desfavoráveis, existem saídas, e a busca por elas é essencial. Isso inclui reconhecer os próprios erros e ter maturidade para responsabilizar-se por eles,  sem querer encontrar um culpado para o insucesso e a infelicidade que poderão surgir; saber, portanto, assumir as consequências e desenvolver um comportamento proativo com a capacidade de mudança de postura que o cenário exigir.

Desta forma, qualquer contexto alocado dentro do meio social no qual o indivíduo está inserido enseja e demanda constante interação entre as pessoas. Dada a natureza gregária do ser humano, insta uma prática muito importante, que é a capacidade de se pôr no lugar do outro, compreender as emoções alheias, o que se chama empatia, e poder, a partir desse ponto, construir relações saudáveis que permitam uma convivência tranquila e harmoniosa, o que contribui também para o desenvolvimento das habilidades individuais. Ora, tanto melhor será administrar questões individuais estando em um meio salutar e positivo, o que seria dificultado em um convívio social turbulento e pouco propício.

Todo esse comportamento desenvolve o senso crítico e permite ampliação e melhoramento de habilidades pessoais que incidirão diretamente, entre outros fatores, na capacidade de aprendizado.

Diante disso, percebe-se que a inteligência emocional não só pode como deve ser utilizada em situações específicas, como no caso de quem se prepara para concursos públicos; ora, o que melhor pode ser utilizado por quem deseja alcançar um objetivo senão esse mecanismo como verdadeiro instrumento a seu favor? Somos feitos de emoções e impactados direta ou indiretamente por elas. Nossas emoções nos conduzem à ação!

Assim, é fundamental possuir a capacidade de olhar para si mesmo, traçar metas, objetivos e partir para um plano de ação na consecução de atos no intento de obter êxito, realização pessoal, e tudo isso diante da pressão que sofre quem estuda para obter qualquer tipo de aprovação, cobranças de toda ordem, internas e externas, necessidade de superação e dúvidas que muitas vezes surgem sobre as próprias aptidões. Assim, torna-se essencial saber portar-se emocionalmente diante não apenas de uma situação específica, mas diante da vida.

A capacidade de desenvolver ainda mais a inteligência emocional inclui treinar o cérebro para novos comportamentos, abandonar hábitos ruins e viciosos e criar novos e saudáveis, que contribuirão para a obtenção da tão sonhada aprovação. Dessa forma, observa-se a necessidade de aprendizado não só de conteúdo, mas de habilidade com as próprias emoções.

Não raro pessoas com grande capacidade intelectual, vasto conhecimento e técnica não logram êxito em atividades a que se propõem, surgindo a inevitável pergunta do porquê de isso ocorrer; ora, ainda que dotada de grande conhecimento, é possível que uma pessoa seja reprovada em um exame, por exemplo, pois de nada adianta o conhecimento se não se sabe utilizá-lo, estar tão nervoso a ponto de não conseguir realizar uma atividade que demanda concentração, não saber administrar o tempo disponível para sua realização. Assim, a inteligência emocional implica saber identificar os próprios sentimentos como forma de facilitar o pensamento e o raciocínio e ser capaz de desenvolver capacidades, como otimizar a administração do tempo e, consequentemente, melhorar a produtividade, ou seja, aprimorar fatores em termos quantitativos e, sobretudo, qualitativos.

“… A inteligência emocional para concursos pode ser observada como estando além do alcance de um objetivo, mas principalmente na capacidade de reconhecer a si mesmo”

 

Dessa maneira, a inteligência emocional para concursos pode ser observada como estando além do alcance de um objetivo, mas principalmente na capacidade de reconhecer a si mesmo, encontrar o verdadeiro sentido para a vida e sentir-se feliz ao realizar algo, saber onde se quer chegar, mas, acima de tudo, como chegar, de que ânimo se dispõe, de que forma lidar com os mais diversos sentimentos e como seguir adiante ante os mais variados entraves que fatalmente aparecerão no percurso. Desistir ou posicionar-se firmemente em razão de um propósito?

Por fim, inteligência emocional implica saber gerir sentimentos de toda ordem e usá-los em benefício próprio e, por consequência, alheio; ser capaz de direcionar-se, pautar-se e não ser dominado por eles; vê-los como poderosos instrumentos de transformação; e, assim, ter o poder de reconhecer os próprios medos e conseguir transformá-los em energia para a ação, permitir o equilíbrio, saber recriar-se na adversidade e, em meio a ela, reconhecer as próprias habilidades e talentos, explorando um potencial genuíno.

Desse modo, é vital saber gerir os próprios sentimentos, ainda que de conotação negativa, e saber utilizá-los em seu favor, criando um ambiente propício à realização dos objetivos, e, principalmente, ter em mente que o sabor da vitória será absoluta e diretamente proporcional ao nível das dificuldades que poderão ser encontradas e, sobretudo, à capacidade de gestão pessoal das emoções.

 

Cristiane Capita
Servidora Pública do Ministério Público da União, lotada no Conselho Nacional do Ministério Público-CNMP, bacharel em Direito e Pós-Graduada em Direito Processual Civil. Professora da disciplina de Legislação aplicada ao MPU em cursos preparatórios, com aprovação nos concursos da Secretaria de Estado de Educação do DF /SEE-DF, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, Ministério do Planejamento-MPOG e Ministério da Educação-MEC.

 


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