Olá pessoal! Tudo bem? Sou a professora Débora Juliani, farmacêutica, especialista em Análises Clínicas e faço parte do time de professores do Gran Cursos Saúde.
Que o hemograma é um dos exames mais solicitados na prática médica você já sabia, não é mesmo? Ele é um exame de sangue simples, de baixo custo, que permite avaliar as células sanguíneas de um paciente, incluindo as hemácias, os leucócitos e as plaquetas.
Por esta razão, o hemograma pode ajudar a diagnosticar uma ampla variedade de condições médicas, incluindo anemia, infecções, inflamações, doenças hematológicas, entre outras. Também pode ser usado para monitorar a eficácia do tratamento e avaliar a progressão da doença.
Além disso, o hemograma é considerado um exame de triagem, o que significa que é frequentemente solicitado pelos médicos para ajudar a determinar se outros exames mais específicos são necessários.
E é aí que vem a grande novidade: visando aproveitar este largo emprego do hemograma, sua popularidade e baixo custo, pesquisadores estão estudando dois novos marcadores inflamatórios provenientes de parâmetros que já são liberados no laudo do hemograma. Trata-se do NLR (neutrophil-to-lymphocyte ratio) e do PLR (platelet-to-lymphocyte ratio).
O NLR é uma medida da relação entre o número de neutrófilos e o número de linfócitos no sangue, ou seja, é o resultado da divisão entre o número absoluto de neutrófilos e linfócitos.
A elevação do NLR, ocorre se há um aumento mais expressivo de neutrófilos do que de linfócitos e pode indicar uma resposta inflamatória em curso no corpo, sendo associado a condições inflamatórias como aterosclerose, doença coronariana, diabetes, câncer, entre outras. E o motivo para isso é bem simples: quando ocorre uma inflamação, o sistema imunológico mobiliza suas defesas para combatê-la. E como parte desta mobilização está a produção aumentada dos neutrófilos, que atuam principalmente na fagocitose, ou seja, “englobando” e destruindo microrganismos e tecidos danificados.
Quando os neutrófilos são ativados, eles produzem diversas enzimas e proteínas inflamatórias que ajudam a controlar a infecção e a promover a cicatrização do tecido. No entanto, a ativação excessiva dos neutrófilos pode levar a um estado pró-inflamatório persistente, evidenciado pela elevação do NLR.
Já o PLR é é uma medida da relação entre o número de plaquetas e o número de linfócitos no sangue, ou seja, é o resultado da divisão entre o número absoluto de plaquetas e linfócitos.
O aumento do PLR, de maneira análoga ao NLR, reflete um aumento mais expressivo na contagem de plaquetas do que de linfócitos, e também pode indicar inflamação, sendo associado a doenças cardiovasculares, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), entre outras.
Vou te explicar melhor a relação entre as plaquetas e a inflamação, ok? Vamos nos lembrar do que ocorre quando há uma lesão ou inflamação em um tecido: as plaquetas são ativadas e se acumulam no local da lesão para formar um coágulo e interromper o sangramento. Além disso, as plaquetas liberam vários fatores de crescimento e mediadores inflamatórios que promovem a migração de células inflamatórias para o local da lesão, ajudando na defesa do organismo contra agentes invasores e na recuperação do tecido danificado.
No entanto, em algumas situações, como em doenças cardiovasculares e inflamações crônicas, a ativação excessiva das plaquetas pode levar a um estado pró-inflamatório persistente, e é isso que o PLR visa demonstrar!
Ambos os marcadores são considerados simples e de baixo custo, e estudos sugerem que eles podem ser usados como marcadores prognósticos e preditivos em diversas doenças.
E aí você vai me perguntar: “E a PCR (proteína C reativa), professora?”. A PCR é uma proteína produzida pelo fígado em resposta à inflamação aguda, frequentemente solicitada em conjunto com outros exames de sangue, quando há a suspeita de uma infecção/inflamação. Porém é um custo a mais em uma rotina de exames, concorda?
O NLR e o PLR, embora não sejam específicos para nenhuma doença em particular, podem fornecer informações sobre o estado inflamatório do organismo em exames de rotina, funcionando como uma triagem para investigações mais aprofundandas que envolvam a solicitação de novos exames, como o PCR.
Vale ressaltar, porém, que ainda são necessárias mais pesquisas para aplicar o NLR e do PLR na prática clínica. A principal limitação de seu uso, até o momento é a falta de um intervalo de referência para estabelecer o que seria normal e o que seria alterado. Todavia, é provável que com o avanço dos estudos, estes pontos de corte sejam definidos, possivelmente, variando de acordo com o tipo de doença, sexo, idade e etnia do paciente, por exemplo.
Gostou da novidade? Espero que sim e espero também que você continue a estudar com o time do Gran Cursos Saúde. Temos cursos on line voltados para os editais dos principais concursos e residências do Brasil e estamos prontos para lhe ajudar a conquistar a sua tão sonhada vaga. Um forte abraço e bons estudos!