Olá pessoal! Sou a professora Débora Juliani, farmacêutica, especialista em Análises Clínicas e faço parte do time de professores do Gran Concursos.
Em infectologia e saúde pública, as novidades parecem nunca parar, não é mesmo? No início de 2024 uma doença, que ficou conhecida como Febre do Oropouche, chamou atenção devido ao rápido crescimento do número de casos na Região Norte, especialmente no Amazonas, considerado região endêmica.
O que passou a preocupar as autoridades sanitárias foi o fato de a doença, desta vez, ter se espalhado para outras unidades da federação, tendo sido registrados 7.286 casos até 28 de julho de 2024, frente a apenas 835 casos (basicamente na região endêmica) em 2023.
Pertencente ao grupo dos arbovírus (vírus transmitidos por artrópodes, como mosquitos ou carrapatos) tal como a dengue, chikungunya e zika, o vírus Oropouche chegou ao Brasil na década de 1960. Apesar de alguns episódios e de já estar no Brasil há mais de meio século, não causava grande preocupação. Desta vez, no entanto, os pesquisadores observaram mudanças na estrutura viral, criando basicamente um “novo Oropouche”, fato que explicaria o surto atual e também o possível surgimento da transmissão vertical (de mãe para o feto de maneira intrauterina).
De acordo com o Ministério da Saúde, estão em investigação seis casos de transmissão vertical da infecção, três em Pernambuco, um na Bahia e dois no Acre. Dois casos evoluíram para óbito fetal, um aborto espontâneo e três apresentaram anomalias congênitas, como a microcefalia. Vale lembrar que o vírus zika gerou uma crise sanitária em 2015, justamente por ter causado muitos casos de microcefalia, o que está causando essa preocupação e os esforços para concluir se há relação entre a febre do Oropouche e casos de malformação e aborto espontâneo.
Vamos aproveitar para aprender e/ou relembrar o agente etiológico, via de transmissão, diagnóstico e tratamento dessa doença? Afinal, quando o tema está circulando nos canais de notícias, é bem possível que as bancas aproveitem para abordá-lo em sua prova!
O agente etiológico da doença é o vírus Orthobunyavirus oropoucheense (OROV), que recebeu o nome do local onde foi identificado pela primeira vez, em 1955, na comunidade de Vega de Oropouche, em Trinidad e Tobago, América Central.
A transmissão do Oropouche é feita principalmente pelo inseto conhecido como Culicoides paraensis (popularmente conhecido como “maruim” ou “mosquito-pólvora” por causa de sua cor escura). Ou seja, dessa vez o famoso e temido Aedes aegypti, culpado pela dengue, zika e chikungunya, é inocente (“até que se prove o contrário”).
Os sintomas, que geralmente começam de 3 a 7 dias após a infecção, são parecidos com os da dengue: dor de cabeça intensa, dor muscular, náusea e diarreia. A novidade é a fotofobia (sensibilidade exacerbada à luz), uma condição menos comum, mas que se presente, é significativa na diferenciação de outras arboviroses. Em casos extremos e sobretudo em pessoas imunocomprometidas, a infecção pode afetar o sistema nervoso central, com relatos de evolução do quadro para meningite.
Em razão das manifestações clínicas semelhantes a outras arboviroses, em especial à dengue, o diagnóstico diferencial representa um grande desafio. Assim, frente a sintomas sugestivos de arboviroses, o teste molecular por PCR em tempo real para detecção do RNA viral entre o primeiro e o sétimo dia de sintomas torna-se o mais indicado para diferenciar o Oropouche de outras arboviroses, como dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
Além do método molecular também é possível a realização da sorologia para identificar anticorpos IgG e IgM específicos contra o vírus pelo método de ELISA, especialmente após a fase aguda da doença, quando a detecção do RNA viral não é mais possível. Existe ainda do isolamento viral, uma técnica laboratorial complexa, realizada através da cultura de amostras de sangue ou de líquido cefalorraquidiano, de alta especificidade, porém menos comum devido à complexidade e ao tempo necessário.
Ainda não existe vacina ou tratamento específico para a arbovirose. Os pacientes devem permanecer em repouso, bem hidratados e com acompanhamento médico para tratamento sintomático, geralmente à base de medicamentos analgésicos e antitérmicos.
Vale lembrar que a Febre do Oropouche compõe a lista de doenças de notificação compulsória, classificada entre as doenças de notificação imediata, em função do potencial epidêmico e da alta capacidade de mutação, podendo se tornar uma ameaça à saúde pública, ok?
Agora você já conhece a Febre do Oropouche e tenho certeza que tem condições de acertar questões sobre o conteúdo que podem surgir na sua prova! Não se esqueça que pode sempre contar comigo e com toda a equipe do Gran Concursos para conquistar sua aprovação nos concursos e residências do Brasil. Um forte abraço e bons estudos!
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