A Curva do Esquecimento
A chamada curva do esquecimento foi criada com base em um estudo teórico do psicólogo alemão Herman Ebbinghaus.
Ela demonstra como o nosso cérebro perde a capacidade de reter a informação com o passar do tempo.
Esse estudo respondeu à seguinte pergunta: se você estudar uma matéria hoje, em quanto tempo terá esquecido a maior parte do que estudou? Os resultados foram demonstrados em um gráfico que ficou conhecido como curva do esquecimento:
Calma que eu vou te explicar exatamente o que esse gráfico quer dizer. Como o nosso objetivo aqui é aprender como fazer revisão para concursos, e não se aprofundar em um estudo científico sobre a memória, vamos direto ao assunto.
Preste atenção na linha azul. Ela demonstra o seu percentual de retenção da informação desde o dia de estudo até um mês após, caso você não faça nenhuma revisão nesse período.
Veja os resultados (assustadores) que esse gráfico demonstrou:
- No dia que você estuda a matéria, o seu cérebro é capaz de reter na memória cerca de 80% do conteúdo;
- Após 24 horas, você já terá esquecido mais de 50% do conteúdo estudado;
- Após 7 dias, você já esquecido mais de 70% do conteúdo estudado;
- Após 30 dias, você já terá esquecido cerca de 90% do conteúdo estudado.
Você deve estar pensando que, diante desses números, é melhor parar de estudar. Vai ser impossível estudar tanta matéria e lembrar de tudo até o dia da prova.
Mas calma! Não é bem assim! Existe uma fórmula poderosa para se livrar dos efeitos da curva do esquecimento. Adivinha qual é? A famosa revisão!
Você está vendo aquelas outras linhas coloridas lá no gráfico? Elas demonstram o quanto a sua capacidade de retenção da informação evolui à medida que você faz revisões periódicas. Mas não pode ser uma revisão feita de qualquer jeito. A revisão deve ser feita na hora certa e utilizando um método adequado.
Esses mesmos estudos indicaram qual é a periodicidade e a forma correta para fazer revisão e fixar o conteúdo na memória de forma duradoura e definitiva.
E vamos começar a falar sobre isso a partir de agora!
Como Fazer Revisão para Concursos
Agora vamos aprender como fazer revisão para concursos da forma que dá resultados.
É o seguinte: quando você estuda por um material em PDF, ou videoaulas, ou ainda por livros, você não faz marcações de texto, anotações, esquemas, resumos, flashcards e mapas mentais? Pois é! É esse conteúdo que você precisa na hora de revisar.
Com tanta coisa para estudar e com pouco tempo disponível, a revisão deve ser curta e objetiva. Não dá tempo de reler todo o conteúdo estudado.
Você precisa focar nos pontos principais. Por isso é fundamental que durante o estudo você faça:
- resumos;
- marcações de texto;
- flashcards;
- mapas mentais.
Guarde esse material de forma organizada, na ordem cronológica do conteúdo e em pastas separadas por disciplina/assunto.
Na hora de revisar, você fará apenas uma leitura rápida desse material.
Como Não Fazer Revisão para Concursos
Antes de prosseguirmos, preciso falar também sobre a forma errada de fazer revisão.
Durante meus anos de experiência em concursos públicos, eu pude perceber dois grandes erros que muitos candidatos cometem ao fazer revisões:
- Fazer revisões muito espaçadas:revisões para concursos públicos devem ser feitas periodicamente e sem intervalos muito longos.
- Fazer revisões longas e cansativas:revisar não é estudar todo o conteúdo novamente. Você não pode reler tudo de novo. Você deve rever apenas os pontos mais importantes. Por isso você não deve gastar o mesmo tempo que leva para estudar conteúdo novo fazendo revisões. Elas devem ser rápidas e objetivas.
Quando Fazer as Revisões (periodicidade)
De quanto em quanto tempo deve ser feita a revisão para concursos públicos?
De acordo com estudos teóricos, este é o tempo ideal para se livrar dos efeitos da curva do esquecimento:
- 1ª Revisão:no máximo 24 horas após o estudo;
- 2ª Revisão: 7 dias depois;
- 3ª Revisão: 30 dias depois;
- Revisões seguintes:de 30 em 30 dias.
Essas revisões de 30 dias em 30 dias devem continuar até que você reveja o mesmo conteúdo cerca de 7 vezes, o que seria o suficiente para não esquecer mais.
Essa teoria é linda e seria perfeita se tivéssemos tempo para segui-la. Assim, na minha opinião, acaba sendo complicado revisar com essa periodicidade sugerida pela maioria dos teóricos da área. Seria o ideal, mas não dá tempo!
O Método de Revisão 5.1
No Método 5.1, será feita uma revisão semanal do conteúdo. Esse método simplifica muito a organização dos estudos.
Explico: de segunda a sexta-feira, estuda-se normalmente matérias novas, sem fazer revisão alguma. No sábado, haverá apenas revisões a serem feitas, sem o estudo de conteúdo novo algum.
Como dito, esse método facilita muito a organização do estudo. Podemos ver a simplicidade dele na própria explicação de como ele funciona.
Alunos iniciantes
Para estudantes iniciantes, essa pode ser a salvação de suas revisões. Muitos concursandos se perdem com o 24/7/30 e acabam deixando as revisões de lado por completo. Com o 5.1, o estudante tem uma ideia melhor do que exatamente será revisado, facilitando sua organização.
Além disso, possuindo dias específicos para revisão, o aluno acaba tendo maior dificuldade em “pular” as revisões (muitos alunos deixam de revisar, simplesmente pulam a revisão e estudam coisas novas). Isso gera consistência na aplicação das revisões.
Alunos avançados
Para quem já é avançado nos estudos, esse método pode ter menos vantagens (apesar de continuar sendo útil), já que quem é mais avançado, em tese, tem hábitos mais consolidados e acaba não tendo o costume de pular revisões e tem mais facilidade com a organização delas.
Método Mais Rápido e Eficiente para Revisar (Alunos avançados)
Se você seguir o método tradicional e revisar matérias em intervalos de 24 horas, 7 dias e depois de 30 em 30 dias, vai chegar uma hora que você vai passar mais tempo revisando do que estudando conteúdo novo. E assim você não vai avançar ou vai avançar lentamente nos tópicos do edital do seu concurso. Isso vai gerar perda de tempo, além de uma enorme ansiedade!
Você vai começar a ficar desesperado quando perceber que o tempo está passando e o seu estudo pouco avançando.
Assim, vou deixar como sugestão um método alternativo, que considero que seja mais rápido e eficiente. Não estou dizendo que essa seja a melhor forma de revisar ou o método perfeito. Esses foram os que funcionaram para mim. Fica a seu critério testar ou não.
Vamos começar?
Etapa 1: Estudo Teórico + Revisões
- Estude por um material que traga teoria + questõesao final dos capítulos. Pode ser PDF ou Videoaulas.
- Estude esse material uma vez, mas de forma bem estudada, fazendo uma leitura aprofundada, com marcações dos pontos mais importantes. Só passe para o tópico seguinte se entender totalmente o assunto. Também faça resumos, esquemas, mapas mentais, flashcards e guarde esse material de forma organizada e em pastas separadas por disciplina.
- Faça a revisão das primeiras 24 horas. Essa não tem jeito de fugir. É importante.
Você pode fazer essa revisão no dia seguinte, antes de começar a estudar.
Comece fazendo alguns exercícios sobre a matéria que estão no seu material. Depois releia os resumos, mapas mentais, flashcards e marcações de texto. Tudo bem rápido e objetivo!
- A revisão seguinte será a de 7 diasdepois e será feita da mesma forma que a anterior.
- Pronto! Vamos parar por aí! Não vamos fazer as revisões de 30 em 30 dias.
Etapa 2: Revisão por meio de exercícios
- Depois que terminar de estudar seu material teórico, vamos à melhor parte: FAZER QUESTÕES!
Eu acredito que resolver questões é a forma mais eficiente de revisar e fixar o conteúdo de forma duradoura.
- Ao invés de ficar fazendo revisões teóricas pelo resto da vida, daqui para frente só vamos revisar na prática, por meio da resolução exaustiva de questões de concursos, preferencialmente da mesma banca organizadora.
- Para isso, você vai pegar o conteúdo programático do seu concurso e resolver questões sobre cada tópico, na ordem do edital, até esgotar os assuntos. Faça muitas, mas muitas questões.
- Utilize sites de questões. Nesses sites é possível resolver questões por assunto e banca organizadora.
- Assim, você vai revisar todo o seu edital, vai conhecer a banca organizadora e vai fixar o conteúdo de forma definitiva.
Guarde isto que estou dizendo: você vai aprender por aí dezenas de métodos complexos para passar em concursos, mas, no final das contas, é a resolução de questões que vai fazer a diferença.
- Na semana ou semanas anteriores à prova, vale a penareler os resumos, mapas mentais, esquemas e flashcards.
CONCLUSÃO
Como vimos, temos várias formas e metodologias para fazer revisões, mas cada um tem certa flexibilidade e deve ser adaptado de acordo com a realidade de cada aluno, considerando seu nível de experiência, capacidade de organização, disciplina, entre outros.
Se você estiver em um pré-edital e puder se dar ao luxo de testar métodos, eu testaria cada um deles e verificaria com quais deles você tem maior adaptabilidade.
Uma vez definido bem seu método, não esqueça que é interessante aproveitar novas oportunidades. Por exemplo, se você está utilizando o 5.1 e está funcionando bem para você, mas percebe que está muito avançado no assunto, não se esqueça de sair de sua zona de conforto e tentar variações.
Por conseguinte, sabemos que estudar para concursos demanda muita autocrítica e autoconhecimento. Cabe ver o que está dando certo, o que está dando errado, mas precisa ser melhorado e, ainda, o que parece que está dando certo, entretanto pode ser otimizado por meio de outros métodos.