Muita gente acha que estudar para concursos significa somente se sentar e estudar.
Mas eu já começo este artigo te perguntando: o que é estudar? Você sabe me
responder?
A gente aprende a vida inteira que estudar significa ler, talvez fazer um resumo (que
muitas vezes fica maior que o material original) e, quem sabe, fazer umas questões… E
a maioria de nós só “estuda” fazendo a primeira parte, que é ler.
Talvez essa tática funcione para a escola ou para a faculdade, em que o conteúdo é
pouco, quebrado em vários dias de prova com pouco conteúdo. Mas essa não é a
realidade dos concursos públicos, e você já deve saber disso. A extensão e quantidade
das matérias cobradas é enorme, e você vai fazer todas as provas em um único dia. A
não ser que você seja uma pessoa com uma memória digna de testes e prêmios, você
não vai conseguir aprender e memorizar tudo somente lendo.
Então o que eu faço? Você deve estar se perguntando… Aí é que eu entro: você precisa
se planejar, se organizar e estudar com técnica. Não é achismo, não é o que funciona
comigo, são técnicas baseadas em diversos estudos científicos. Mas vamos por partes.
Ah, essas dicas servem também para você que está estudando há algum tempo e ainda
não conseguiu a sua tão sonhada aprovação. Sim, não fique chateado, mas é que, se
você ainda não passou, algo deve estar errado no seu planejamento e na sua forma de
estudar…
1) ESCOLHA A ÁREA
Antes de começar a estudar, você precisa saber para qual concurso vai estudar. Parece
simples, né? Mas aí você pensa: “já sei, vou estudar para tribunais” ou “vou fazer área
policial”.
Hmm… e aí eu vou te dizer que “tribunais” não é área, e “carreiras policiais” é uma
área macro e você precisa ser um pouco mais específico. Calma, eu explico.
Pense o seguinte: tribunais é muuuuito amplo. O que é cobrado em uma prova de TRT
é bem diferente do que é cobrado em TRFs ou em TREs ou até TJs. São trabalhos
diferentes, em áreas diferentes e, consequentemente, as matérias exigidas nas provas
são diferentes.
A mesma coisa para as carreiras policiais. Essas são um pouco mais parecidas, mas o
que é cobrado na PF é diferente do que cai na PCDF, que é distinto do cobrado na
PMRJ, por exemplo.
Então, se você me disser que quer fazer provas de polícias civis ou de tribunais do
trabalho, por exemplo, eu te direi que agora sim você está no caminho certo.
Tá, mas e se eu não tiver a mínima ideia do que quero fazer? Bom, eu acho que você
tem sim uma ideia… Pense o seguinte: você se vê trabalhando mais na rua ou em
escritório? Gostaria de trabalhar em plantões (e não ter sempre finais de semana,
feriados, etc.) ou prefere dias de semana somente? Você é uma pessoa mais ativa ou
menos? Tem alguma área de interesse especial (administrativa, eleitoral, gabinetes,
RH, eventos, etc.)?
Só por isso você já consegue excluir muitas áreas e ficar mais próximo daquilo que
gostaria de fazer. A partir daí, procure órgãos que tenham cargos e outras vantagens
que você gostaria de ter, por exemplo: trabalhar de 6h a 7h por dia? Em turnos? O tipo
de trabalho, onde tem mais opções desse tipo de trabalho que você gostaria de ter.
Talvez órgãos com teletrabalho? Ou com opção de progressão de carreira… Pesquise!
2) LEIA O EDITAL COMPLETO
Concursando é um bicho afobado, né? Vai correndo ver o salário, a quantidade de
vagas e as matérias que caem na prova e acaba esquecendo que todas aquelas outras
letras e palavras que estão no edital também são muito importantes.
Eu sempre falo para os meus alunos que eles precisam ler o edital completo, mesmo
quando acham que não tem nada de importante lá.
O edital é a regra do concurso. Lá estão todos os direitos e deveres dos candidatos
(sim, você!), e você precisa saber quais são. Já vi gente levar somente caneta azul para
prova que só permitia caneta preta, já vi gente ficando sem lanche porque levou em
pacote que não era transparente, já vi gestante não fazer prova por achar que não
poderia remarcar o TAF, já vi gente que não conseguiu acomodação apropriada por
não informar que estava grávida ou que precisava de auxílio especial na hora de fazer
a prova. Isso são direitos e deveres que estão lá no edital, e você pode perder sua
prova só por não os conhecer.
Principalmente agora, em época de pandemia, já vi edital que exigia a troca de
máscara, a aferição de temperatura, que o candidato levasse o próprio álcool em gel…
Imagina se você não lê o edital e não leva máscara extra ou seu álcool?
Então SEMPRE leia o edital completo! Não vá perder prova por bobeira!
3) POR QUAIS MATÉRIAS COMEÇAR?
Bom, vou dividir este tópico em três partes:
a. Se você já souber qual prova vai fazer e já tiver um edital antigo (de ATÉ 10
anos), mas não houver previsão de edital novo tão cedo:
Aqui você tem duas opções: você pode fazer seu planejamento com todas as matérias
do edital anterior OU pode fazer somente com algumas matérias selecionadas.
b. Se você já souber qual prova vai fazer, tem um edital antigo (de até 10 anos) e
tem previsão de um novo edital bem recente.
Nesse caso, você já não tem tanto tempo para estudar, então já precisa fazer seu
planejamento com todas as matérias do edital, mas fique de olho para possíveis
alterações que venham no próximo edital.
c. Não tem uma ideia clara de qual concurso quer prestar, mas quer começar a
estudar.
Nesse caso, eu sugiro que você comece pelas matérias básicas que caem na maioria
das provas e concursos: língua portuguesa, matemática – raciocínio lógico,
atualidades, informática, ética e direitos constitucional e administrativo.
Quando você decidir qual concurso quer fazer, pode adicionar as demais matérias ou
esperar terminar as básicas. Isso vai depender do seu tempo disponível de estudos e
do tempo até a prova.
4) QUANTAS HORAS DEVO ESTUDAR POR DIA?
Outra coisa importante a se avaliar: quantas horas você deve estudar por dia.
Existem alguns parâmetros gerais que damos aos alunos:
– alunos iniciantes ou sem previsão de edital: de 1 a 2 horas líquidas de estudos por
dia;
– alunos que já estudam há algum tempo ou que já têm previsão de edital próximo: de
2 a 4 horas líquidas de estudos por dia;
– alunos avançados ou em pós-edital: de 4 a 6 horas líquidas de estudos por dia.
Mas perceba que esses são parâmetros gerais. Nem todo mundo vai ter 6h líquidas por
dia para estudar. E nem todo mundo que tem 6 horas líquidas vai conseguir estudar
esse tempo todo.
Para saber quantas horas reais você tem para estudar durante o dia, sugiro que você
comece fazendo uma planilha. Registre a hora que você acorda até a hora que vai se
deitar. A partir disso, preencha TODOS os momentos do dia em que você faz alguma
coisa: trabalho, escola, faculdade, atividades físicas, deslocamentos, preparos de
refeições, as refeições, faxina, passeios com pets, atividades dos filhos, tempo com a
família, igreja e quaisquer outras atividades que você faça durante a sua semana.
Depois que terminar, você vai começar a ter uma ideia real do tempo que você tem
para estudar e do que eu chamo de “tempo de reforço”, que são aqueles momentos
em que você consegue reforçar seu conhecimento ouvindo áudios de legislações, seus
resumos gravados, aulas bônus…
5) AS FERRAMENTAS PRÁTICAS
Existem duas ferramentas de organização dos estudos, o Quadro Horário e o Ciclo de
Estudos. Eu gosto sempre de lembrar que o Ciclo de Estudos vem coladinho em um
Plano de Estudos.
a. Quadro Horário
Sabe essa planilha que você fez com seus horários dos dias? Agora você completa nela
os espaços voltados para o estudo para concursos, com as matérias que tem que
estudar.
Vamos supor que segunda às 9h você tenha um espaço “em branco”. Aí vai lá e coloca
língua portuguesa. E assim por diante.
A vantagem do QH é que ele vai determinar exatamente a hora em que você vai se
sentar para estudar e qual matéria vai estudar naquele dia (com o número da aula,
inclusive).
A desvantagem é que, se você não consegue estudar língua portuguesa às 9h da
manhã de segunda-feira, você está automaticamente com a matéria “atrasada”, e isso
causa uma sensação muito ruim na gente, o que pode até atrapalhar os estudos de
uma forma geral.
b. Ciclo de Estudos
O ciclo de estudos é uma indicação da ordem das matérias a serem estudadas. Ele não
determina dia nem horário, somente a sequência.
Eu coloquei lá em cima que o Ciclo vem coladinho em um Plano de Estudos, lembra?
Isso porque você precisa saber não somente a ordem das matérias, mas também
acompanhar em qual aula você parou, qual a próxima a ser estudada etc.
A vantagem é que não há essa sensação de aula ou matéria atrasada, pois, se você não
conseguiu estudar em um determinado dia e horário, sabe que, da próxima vez que se
sentar para estudar, vai ser aquela matéria determinada na sequência do ciclo.
A desvantagem é que esse excesso de flexibilidade também pode causar um excesso
de procrastinação. Se você não tem uma hora determinada para estudar, tende a
deixar para depois.
O Plano de estudos é uma planilha simples, mostrando que, por exemplo, no primeiro
momento em que você for estudar língua portuguesa, você vai estudar as aulas 1 e 2,
depois 3 e 4 e assim por diante. Gosto de fazer meu plano, imprimir e colocar em um
lugar visível, para assim acompanhar minha evolução nos estudos. Sempre marco de
verde as aulas terminadas e, se por acaso não consegui estudar naquele dia, basta não
marcar.
6) ACOMPANHE SUA EVOLUÇÃO
Essa percepção visual da sua evolução é muito importante! Por isso que eu sou tão a
favor de deixar o plano de estudos sempre à vista, de ter um local somente para
anotações das questões feitas e da sua porcentagem de acertos (nesse caso, eu prefiro
uma planilha do Excel com gráficos), de ver e ajustar os materiais de revisão quantas
vezes forem necessárias.
Saber que está fazendo o necessário é importantíssimo para você se sentir mais
confiante, mais seguro e assim estudar melhor e ter mais chances de passar!
7) ORGANIZAÇÃO DO LOCAL DE ESTUDOS
A falta de organização nos atrapalha demais. Ter muitas coisas em cima da sua mesa
de estudos traz distrações, excesso de informações (mesmo que você não esteja
olhando diretamente para tudo, o seu cérebro percebe o excesso de coisas em cima da
mesa e as processa, trazendo uma estafa mental).
Além disso, quanto mais “percalços” você tiver no caminho, maior a chance de você
não estudar, ou não conseguir se concentrar da forma necessária, então aproveite
para beber água, ir ao banheiro, pegar o café e se alimentar antes de iniciar os
estudos, para não se desconcentrar por necessidades básicas.
Também deixe todo o material separado e preparado no dia anterior. Momento de se
sentar para estudar não é momento de ir procurar cadernos, canetas etc. Deixe tudo
que utilizará no dia seguinte já separado quando você terminar os estudos no dia
anterior.
Bom, essas foram as primeiras dicas sobre organização e planejamento para provas e
concursos. Seguindo essas indicações, você já vai conseguir ter um avanço substancial
nos seus estudos!
Bons estudos!