Na trajetória até a aprovação no concurso dos seus sonhos, você tem que lutar por cada ponto. Para isso, você tem que prestar muita atenção nas etapas do certame e se preparar para encará-las com toda força e garra para não perder um ponto sequer.
O concurseiro iniciante pensa que só conseguirá garantir sua aprovação com a realização da prova objetiva e discursiva, com exceção de concursos que exigem outras fases. Essas duas etapas, sem sombra de dúvidas, são aquelas que vão permitir com que você avance no certame. É nelas que haverá a separação entre o joio e o trigo, daqueles que não estudaram ou daqueles que simplesmente não estavam no dia deles, apesar de terem feito um boa preparação.
Entretanto, o concurseiro profissional, aquele mais experiente, sabe que o concurso público não termina com a prova objetiva e discursiva. Há, ainda, as etapas dos recursos dessas provas que podem mudar completamente o rumo da história. Muitos C não dão muita importância para elas, mas elas podem garantir a sua aprovação! Eu sou um exemplo disso, como vou mostrar logo a seguir.
Depois que decidi estudar para a área de controle, percebi que esses concursos têm uma grande peculiaridade: seus concorrentes são determinados, detalhistas e… persistentes. Não é por nada que os concursos nessa área possuem um nível de conhecimento muito elevado. Tenho certeza que, quando se deparam com questões de tribunais de contas, o primeiro pensamento que bate é: Lá vem bomba. Por outro lado, são concursos com “baixa” concorrência. Enquanto alguns têm 100, 200 mil inscritos (leia AQUI), outros têm mais de 500 mil inscritos (leia AQUI). Para concursos da área de controle, o número de inscritos gira em torno de cinco mil inscritos (no concurso em que passei – TCU/2013 -, por exemplo, foram 3261 inscritos para Brasília, para 19 vagas). Por isso, pessoal, a relação candidato/vaga não significa nada.
Voltando às características desses concorrentes, eles são tão persistentes que a média de tempo até a aprovação é de 3 a 4 anos. É por isso que eles lutam por cada ponto na prova. Eles são conhecedores de cada vírgula do edital. Eles sabem exatamente onde podem conseguir melhorar a sua classificação. Eles sabem todas as estatísticas dos últimos concursos. Nas fases de recursos, os professores ficam doidos, pois eles são muito demandados a fornecerem algum fundamento doutrinário, jurisprudencial ou legal que possa embasar seus recursos. Esse tipo de concurso te transforma em um faminto por pontos. Eu entrei no clima e me tornei um faminto também. Eu aprendi a fazer meus recursos pesquisando, vendo os outros fazerem e também metendo a mão na massa. Passei a recorrer das todas as provas que eu fazia, tanto das objetivas como das discursivas.
Eu sou um exemplo de que recorrer vale a pena, porque, no meu concurso, com o gabarito preliminar, minha pontuação era 109 pontos e a nota de corte estava em 115 pontos. Eu já tinha praticamente dado o jogo por perdido e parabenizando algumas pessoas próximas a mim que tinham alcançado aquela marca. Mesmo assim, não deixei de interpor os recursos. Não lembro ao certo quantos foram, mas entrei com o máximo que podia, desde que tivesse um mínimo de fundamento para fazê-lo. Para minha surpresa, deu certo e, com os recursos, eles anularam 5 questões e alteraram o gabarito de duas. Com o gabarito oficial, passei dos meus 109 pontos para 116 pontos. Ou seja, ganhei 7 pontos! Ou seja, eu estava no páreo novamente, permitindo com que minha redação fosse corrigida.
Vejam as justificativas para a alteração do gabaritos:
Porém nem todo mundo se beneficia dessas alterações. Algumas daquelas pessoas que eu estava parabenizando anteriormente chegaram a perder pontos e, consequentemente, saíram do certame.
A concorrência nesses concursos é tão acirrada que alguns candidatos, quando veem que estão interpondo com recursos que irão prejudicá-lo, chegam a entrar com recursos municiando o examinador da banca de informações para ele manter o gabarito preliminar. Então aqui fica a lição, não interponham com recursos só para alterar o gabarito ou anular alguma questão, façam-no também naquelas questões que estão sendo muito comentadas caso a mudança do gabarito venha a prejudicá-lo. Tanto é assim que o próprio edital dá esta possibilidade:
9.12.4 Todos os recursos serão analisados, e as justificativas das alterações/anulações e manutenção de gabarito serão divulgadas no endereço eletrônico http://www.cespe.unb.br/concursos/prf_18. Não serão encaminhadas respostas individuais aos candidatos.
Muitas pessoas deixam de interpor recursos pois contam com a proatividade de outros candidatos para realizarem aquela tarefa. Isso não pode acontecer. Como pode uma pessoa estudar meses a fio e, no fim do processo, contar com os esforços de outras pessoas para decidirem o seu futuro? Quanto mais recursos uma questão receber, mais chances seu gabarito tem de ser alterado. É um cenário completamente diferente uma questão ter um recurso e uma outra receber mais de 100. O examinador vai desconfiar se uma questão receber muitos recursos. Ele os analisará com mais cuidado, pois ali realmente deve ter ocorrido algum erro. Não é simplesmente um candidato desesperado se esperneando para conseguir mais pontos.
Ou seja, vale a pena interpor recursos. Entre com quantos recursos forem possíveis. Escute os professores, pegue as questões que podem ser alteradas e os fundamentos para isso. Incentive também outras pessoas a recorrerem. Se você tiver força e tempo, faça até os recursos para alguns que estão com “preguiça”. Aquilo fará uma grande diferença no final.
O que acontece se ninguém recorrer? Nada. Exatamente isso, NADA! A banca vai considerar o gabarito preliminar como o definitivo, mesmo você sabendo que há questões erradas ou mal formuladas. Ela só vai alterar o gabarito quando provocada. É por isso que você se depara com questões mal formuladas ou com o gabarito errado quando está resolvendo questões de concursos passados. Isso acontece porque ninguém entrou com recursos naquele concurso ou porque os recursos foram mal elaborados. Foi culpa da banca? Não! Foi culpa dos candidatos que deixaram que eles fossem mal avaliados.
Não se pode deixar também de recorrer na prova discursiva. Depois que a banca soltar o gabarito oficial da prova objetiva e o resultado provisório da prova discursiva, inicia-se uma outra luta para tentar conseguir alguns potinhos extras. Os que estão atrás têm que interpor recursos para tentar subir algumas posições e os que estão lá na frente têm que interpô-los para não perderem posição. Um exemplo emblemático disso foi o caso do Auditor de Controle Externo do TCDF, Marcos Garcia, sobre o qual falo no meu programa semanal, A Rota dos Concursos, todas as segundas-feiras, às 19h (para quem quiser assistir a toda a conversa clique AQUI). No concurso em que foi aprovado para o TCDF, ele teve que responder 3 questões discursivas e elaborar uma peça de natureza técnica. Ele relatou que, com o resultado provisório da prova discursiva, ele estava eliminado do concurso, pois não havia alcançado a nota mínima em uma das questões. Ele recorreu, conseguiu os pontos que necessitava e terminou o concurso entre os 30 primeiros colocados. Aquele concurso era para o provimento de 44 vagas.
Atente-se aos prazos. Aproveitando a proximidade do concurso da PRF, vou adotá-lo como exemplo. A divulgação do gabarito preliminar da prova objetiva está previsto para o dia seguinte a sua realização, a partir das 19h do dia 04 de fevereiro 2019. Veja como está no edital:
9.12.1 Os gabaritos oficiais preliminares da prova objetiva serão divulgados na internet, no endereço eletrônico http://www.cespe.unb.br/concursos/prf_18, a partir das 19 horas da data provável de 4 de fevereiro de 2019 (horário oficial de Brasília/DF).
O edital concede somente dois dias para o candidato entrar com os recursos. Observe:
9.12.2 O candidato que desejar interpor recursos contra os gabaritos oficiais preliminares da prova objetiva disporá das 9 horas do primeiro dia às 18 horas do segundo dia (horário oficial de Brasília/DF) para fazê-lo, a contar do dia subsequente ao da divulgação desses gabaritos.
Ou seja, o candidato terá somente até as 18 horas da quarta-feira para recorrer.
Aí você se queixa: Professor, eu não tenho a mínima ideia de como fazer um recurso! Eu não terei tempo para pesquisar bons argumentos. Vamos às soluções dos seus problemas.
Interpor recurso, seja na prova objetiva, seja na prova discursiva, não é fácil. Mas não é impossível. Para elaborar um bom recurso, você tem que saber qual é a estrutura adequada e quais as formalidades a serem respeitadas. Não adianta ter excelentes argumentos e uma estrutura ruim, da mesma forma que não adianta ter a estrutura perfeita e argumentos fracos. Descubra quais são os requisitos e as formalidades que devem ser preenchidas. Depois de aprender isso, fica fácil elaborá-lo.
Primeiro, para recorrer, você tem que saber como fazer. Não pode fazer de qualquer jeito. Você tem que saber a estrutura, como começar e como terminar; saber o que pedir, como pedir e como fundamentar seus argumentos. Assim para aprender essa parte estrutural, você tem algumas alternativas:
- Você pode pedir para alguém fazer o recurso pra você, mas pode ser que a pessoa não tenha noção da urgência que a situação exige;
- Você pode contratar alguém para fazer os recursos. Eu mesmo conheço algumas pessoas que prestam esse serviço (se tiver interesse, pode me procurar no lima@grancursosonline.com.br ou no instagram coach_rodrigolima);
- Por último, você pode pesquisar, conversar com algumas pessoas e aprender a fazê-lo por conta própria. Mas lembre-se de que você terá um tempo muito reduzido para aprender isso. No caso da PRF, menos de três dias. O ideal é que aprenda o quanto antes.
No que se refere ao conteúdo, considero essa parte a mais fácil. Como acontece em todos os concursos, no mesmo dia da prova, depois da sua realização, a equipe de professores do Gran corrige a prova ao vivo no seu canal do Youtube. Eles indicam quais questões são passíveis de recursos e os respectivos fundamentos que devem ser usados. Eles fornecem todos os fundamentos legais, doutrinários e jurisprudenciais que você deve utilizar para conquistar mais alguns pontos em sua prova.
Depois dos recursos da fase objetiva, descanse um tempo. Você merece. Posteriormente, se prepare para recorrer contra o resultado provisório da prova discursiva. Se você não o fizer, seu concorrente o fará. Ele poderá estar tirando a vaga que poderia ser sua. Por isso, não vacile.
Ainda em relação aos recursos da prova discursiva, você terá oportunidade de fazê-lo em dois momentos. O primeiro é logo depois da prova, caso você não concorde com o padrão preliminar de resposta apresentado pela banca. Mais uma vez pegando o concurso da PRF como exemplo, o edital estipula:
10.7.1 O padrão preliminar de resposta da prova discursiva será divulgado na internet, no endereço eletrônico http://www.cespe.unb.br/concursos/prf_18, a partir das 19 horas da data provável de 4 de fevereiro de 2019 (horário oficial de Brasília/DF).
10.7.2 O candidato que desejar interpor recursos contra o padrão preliminar de resposta da prova discursiva disporá do período das 9 horas do dia 5 de fevereiro de 2019 às 18 horas do dia 6 de fevereiro de 2019 (horário oficial de Brasília/DF) para fazê-lo, a contar do dia subsequente ao da divulgação do padrão, por meio do Sistema Eletrônico de Interposição de Recurso, disponível no endereço eletrônico http://www.cespe.unb.br/concursos/prf_18, e seguir as instruções ali contidas.
Ou seja, você poderá recorrer até quarta-feira quanto ao padrão preliminar de repostas dessa prova, argumentando, por exemplo, que o tema abordado não está no edital.
O segundo momento para interpor recurso contra a prova discursiva é com a divulgação do resultado provisório. As bancas geralmente divulgam o resultado provisório um mês depois das provas. Olhe o que a banca fala sobre essa fase (adotando a PRF como exemplo):
10.7.5 No recurso contra o resultado provisório na prova discursiva, é vedado ao candidato novamente impugnar em tese o padrão de resposta, estando limitado à correção de sua resposta de acordo com o padrão definitivo.
Perceba que, nesse caso, o recurso só poderá versar sobre a correção da sua prova, mas não sobre a tese ou o padrão de respostas utilizados pela banca.
Da mesma forma, nos recursos contra a prova objetiva, para interpor recursos contra o resultado provisório da prova discursiva, você tem que ter conhecimento dos requisitos formais e estruturais dos recursos, bem como dos fundamentos legais, jurisprudenciais e doutrinários. Um diferencial nesses recursos é que você pode interpô-los com relação a parte de português também, caso você tenha sido penalizado injustamente.
Para saber quais são os requisitos formais e estruturais dos recursos, você pode buscar terceiros para fazer isso por você, seja pela ajuda de alguém próximo, seja contratando quem entenda e tenha experiência no assunto; ou você pode fazer por conta própria, aprendendo com quem saiba elaborar e tenha experiência na interposição de recursos.
Portanto, torne-se um faminto por pontos. Como apresentei anteriormente, vale muito a pena. Qualquer alteração no gabarito da prova discursiva ou no resultado provisório na sua prova discursiva pode fazer uma grande diferença e te colocar dentro das vagas concurso público.
Assim, você não pode vacilar. Muitos pensam que o concurso acaba no domingo com a realização da prova objetiva e discursiva e vão encher a cara em comemoração ao fim dos estudos. Porém, ignoram que o concurso só termina com o seu resultado final. Se quer extravasar, deixe para fazê-lo depois da fase de interposição de recursos. Aí sim, você terá feito de tudo para conquistar sua aprovação. O examinador é humano. Ele é passível de erros. Seu papel é descobrir quais foram aqueles que ele cometeu.
Você tem que lutar até o final para ter um futuro diferente. Então lute, com todas as suas forças, por cada milésimo de ponto no concurso e mude o rumo da sua história.
Rodrigo Lima
Auditor do TCU. Aprovado em 3 concursos: Analista do BACEN, Agente da Polícia Federal e Auditor do TCU.
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