Tudo sobre a prova discursiva: desde os requisitos do edital até a fase de recursos.

Esse rápido artigo esclarece as principais dúvidas sobre a prova discursiva. Saiba tudo, desde o início até o fim do projeto, para dominar qualquer item do certame sobre a discursiva e se tornar servidor(a) público(a).

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Eu costumo dizer que, na atual Era dos Concursos, não há que se falar mais em “medo de discursivas”. Lembro que era comum, há uns cinco anos, comentários entre concurseiros que fugiam de editais que tinham discursiva/redação.

Muita gente capaz em diversas disciplinas difíceis fica bambeando e acaba negligenciando o estudo da discursiva. Muitos relatam que não dá “um branco” na hora da prova, que sabem o que colocar no papel, mas não redigem de maneira clara.

A verdade é que só fica com medo de prova discursiva quem ainda está fincado na década de 2010 e não percebeu que a redação, com seus diversos tipos possíveis (estudos de caso, relatórios, peças técnicas, questões, entre outros), é cada vez mais o xodó das bancas organizadoras. É um movimento que não tem mais como retroagir. Escrever bem, ter uma boa bagagem nos conteúdos e interpretar corretamente o pedido da prova discursiva é condição sine qua non para se classificar bem em um concurso.

É preciso se preparar colocando a prova discursiva como tópico central no seu cronograma de estudos. Portanto, tome nota das seguintes dicas para não derrapar.

 

DICA 1 – LEIA O EDITAL: AS INFORMAÇÕES BÁSICAS SÃO MUITO IMPORTANTES!

Sim, sim. Muitos concurseiros têm preguiça de ler o edital. Inacreditável, né? Se você é uma dessas pessoas, perca agora esse péssimo hábito!

Edital não é tudo igual, muito pelo contrário, cada concurso tem como base premissas e necessidades específicas de um órgão da Administração Pública.

Por isso, fique ligado nos itens da prova discursiva.

Eles costumam variar bastante. Provas discursivas não são todas iguais.

 

Principais itens para ficar atento no edital são:

a) Requisitos que zeram a sua nota: se identificar na prova; escrever o mínimo de linhas no papel; plagiar trechos do texto.

b) Itens secundários, mas importantes: fique atento à cor da caneta que é permitida (preta ou azul; somente preta, somente azul); colocar ou não título; gênero textual que será pedido na prova.

c) Critérios e pontuação: fique por dentro se será dado maior peso à avaliação de conteúdo; saiba quantos pontos os erros gramaticais podem gerar; fique ciente da proporção da nota da discursiva em relação à nota global.

Vou contar um caso. Uma vez um aluno me mandou um e-mail desesperado, pois tinha recebido nota zero na prova discursiva. Este aluno foi o primeiro colocado no concurso, porém iria ser desclassificado por um erro da banca organizadora.

Investiguei com ele o que provocou tal erro da banca.

Percebemos que tinha esse item no edital do concurso:

“Item 6.3. Será atribuída nota zero à redação: a) com fuga total do tema; b) resultante de plágio; c) escrita em versos; d) ilegível; e) com identificação do nome, assinatura, apelido do candidato ou qualquer marca distintiva que o identifique, em outro local que não o apropriado (Canhoto de Identificação do Candidato); f) que não apresentar, no mínimo, 20 linhas escritas; ou g) que fugir às orientações existentes no caderno de prova.”

Percebem que existem várias maneiras de um candidato receber nota zero da banca, mesmo escrevendo uma boa prova de redação ou gabaritando a prova objetiva?

No caso deste aluno, a nota zero foi corretamente colocada porque ele fez parte do texto em “escrita em versos”. Inimaginável, né? Mas é possível! Eu presenciei o caso e estou aqui contando para vocês a fim de alertá-los sobre todas as informações que um edital pode conter sobre a sua discursiva.

 

DICA 2 – NÃO IMAGINE COMO SERIA SEU TEXTO, PRATIQUE E COLOQUE A MÃO NA CANETA

Outra dica que parece boba, mas não é: pratique.

Muitos candidatos de alto rendimento que chegam até meu Instagram (@prof.brunopimentel) ou pelo meu Telegram (profbrunopimentel) relatam que a grande virada nos estudos foi quando eles passaram a treinar, de fato, a prova discursiva.

Ou por preguiça ou por entender de forma errada que a prova discursiva é fácil de contornar, as pessoas geralmente tendem a ter uma grande decepção ou algumas decepções até tomarem a principal atitude em relação à prova discursiva. O segredo é tão banal que chega a ser engraçado. É preciso treinar muito. Escrever, escrever e gastar uma boa tinta de caneta é essencial na sua preparação.

Alguém vai para a fase de prova oral sem se apresentar ou simular o dia da prova diante de uma banca de experts? Acho que não! Nunca vi pessoa que relatou tamanha coragem.

O mesmo raciocínio serve para a prova discursiva.

Você precisa saber quais são os seus pontos fracos e os seus pontos fortes, se há algum vício de linguagem que precisa retirar, ou se consegue interpretar corretamente os pedidos do enunciado, bem como ter a consciência de que pode ser capaz de escrever sobre qualquer assunto.

Ah! Antes que seja tarde, a dica aqui é: leve a mesma caneta que você treinou para a prova. Não faça a bobagem de comprar uma caneta nova e somente utilizá-la no dia da prova. Toda caneta responde a uma determinada pressão e possui uma tinta específica. Não arrisque trocando o principal instrumento que você utilizou nos seus treinos.

 

DICA 3 – CASO NÃO FIQUE SATISFEITO COM A NOTA PRELIMINAR DA DISCURSIVA, ACONSELHO A ENTRAR COM RECURSO

Trate a fase de recurso como algo indispensável no seu certame. Não se joga a toalha antes dessa fase. Realizar um bom recurso é possível. Todos nós somos capazes de fazer uma boa argumentação, apesar de ser interessante buscar auxílio profissional, se não tiver confiança para tal tarefa.

Acredito que é fundamental e necessário o questionamento da nota, caso sua nota seja comprometida após a divulgação do resultado preliminar.

O padrão de resposta é essencial para que você consiga analisar e ter consciência dos seus erros.

Algumas bancas são mais transparentes em relação aos erros e outras são mais “misteriosas”. FGV, FCC, IADES são alguns exemplos de banca que carecem de transparência para apontar exatamente em que lugar se encontram os erros gramaticais dos candidatos, por exemplo.

A banca Cespe/Cebraspe é muito boa, no geral, em relação aos critérios. Geralmente ela traz o que é preciso colocar na prova discursiva e também mostra a gradação em conceitos, como no exemplo a seguir:

O pedido era para que o candidato “Abordasse sobre os impactos ambientais das barragens no meio ambiente, dando exemplos”:

Conceito 0 – Não abordou nenhum fato sobre os impactos ambientais das barragens no meio ambiente.

Conceito 1 – Abordou sobre os impactos ambientais, sem dar exemplos; OU Abordou sobre a construção de barragens, mas de forma superficial.

Conceito 2 – Abordou fatos sobre os impactos ambientais das barragens no meio ambiente, mas apresentou apenas um exemplo.

Conceito 3 – Abordou fatos sobre os impactos ambientais das barragens no meio ambiente, apresentando dois ou mais exemplos.

Percebe-se que existe uma preocupação sobre como deve ser a correção. A cada nível alcançado na argumentação, o candidato tem o direito de ser enquadrado em conceito superior. No caso acima, quando o candidato aborda sobre os impactos ambientais, mas dá apenas um exemplo fica no conceito 2. Quando ele aborda tudo, inclusive dando dois exemplos, alcança o conceito máximo (conceito 3). A nota de cada conceito foi: conceito 0 – 0 ponto; conceito 1 – 1,5 ponto; conceito 2 – 3,0 pontos; conceito 3 – 4,5 pontos.

Veja como é importante fazer um recurso com sucesso. Se conseguir sair do conceito 2 para o conceito 3, é possível ganhar 1,5 ponto na classificação final. Já vi muita gente subir inúmeras posições com apenas o ganho de 1,5 ponto no resultado final.

Por isso, você precisa perceber como os critérios são colocados para que tenha a real dimensão do potencial da sua nota.

Fique atento para fazer um bom recurso e subir muitas posições na classificação final.

 

DICA FINAL – A BANCA ORGANIZADORA PODE DIMINUIR A NOTA APÓS O RECURSO?

A banca tem o dever de analisar o pedido de recurso. Não há como negar o seu pedido. Como se trata de um ato administrativo de revisão de pontuação, se aplica o entendimento de que a banca pode atuar por INDEFERIR ou DEFERIR o recurso.

Isto é, a banca pode manter a nota na pontuação que está (INDEFERIR, ou seja, acreditar que, de fato, não houve erro na pontuação inicial) ou majorá-la (DEFERIR, como forma de revisão administrativa do ato).

Estou desde 2009 (quase 14 anos) no mundo dos concursos e nunca soube de nenhuma situação em que ao entrar com o pedido de recurso o candidato tenha sido prejudicado com a perda de nota, ou uma terceira via que fosse INDEFERIR COM PREJUÍZO DA NOTA. Existem lendas que candidatos contam, mas que não foram comprovadas. Sendo assim, caso não esteja previsto claramente no edital, não há por que se preocupar com diminuição de pontos após o recurso.

Perceba que o curso natural do pedido ao indeferir o pedido do recurso é manter a nota, ou seja, o indeferimento é o caso em que a banca organizadora acredita que não se equivocou ao conceder a nota preliminar. O não acolhimento do recurso não significa perda de pontos!

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Para quem não me conhece, sou Bruno Pimentel, Auditor Federal de Finanças e Controle (AFFC) do Tesouro Nacional. Realizo coaching no Gran  e faço parte da equipe de estrelas do GranXperts. Sou membro da Sociedade Latino Americana de Coach (SLAC) e possuo Certificação Internacional em Coaching, Professional Coach CertificationPCC®.

Tenho 13 anos de experiência como servidor público federal, logrando êxito em diversos certames federais e estaduais com as bancas: Cespe/Cebraspe, FCC, FGV e ESAF.

Possuo mestrado e sou especialista em discursivas com foco em estudos de caso e em peças técnicas: elaboro temas, corrijo textos e dou consultoria no tema.


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