“Alô mulhereda”, essa pergunta é principalmente para vocês: vontade frequente de fazer xixi (urgência miccional), com dor e ardência (disúria) e apenas algumas gotinhas saindo de cada vez… Estes sintomas te soam familiares?
Provavelmente sim, já que os dados estatísticos apontam que metade das mulheres já teve ou terá pelo menos um episódio de infecção urinária (ITU) ao longo da vida, enquanto dentre os homens, este índice não supera os 10%.
É por isso que se você nunca foi acometido (a) por uma ITU, muito provavelmente conhece alguém que já foi, não é mesmo? As ITUs são uma das formas mais comuns de infecção bacteriana e atingem milhões de pessoas todos os anos.
Além da alta prevalência, a infecção urinária também é uma das principais responsáveis pelo extensivo uso de antibióticos entre a população, correspondendo a 25% de todas as prescrições de antimicrobianos no mundo.
Para piorar, ainda que boa parte das mulheres possam apresentar apenas um episódio de ITU ao longo da vida, em média, de 25% a 50% delas acabam desenvolvendo quadros de recorrência no futuro, o que tende a resultar em consultas e exames médicos frequentes, uso excessivo de antimicrobianos, dentre outras situações preocupantes, até mesmo com o comprometimento da fertilidade feminina e o risco de abortos espontâneos!
Portanto, uma forma eficaz de prevenção das ITUs, em especial das recorrentes, preferencialmente que não envolva o uso de antibióticos, é um grande desejo de médicos e pacientes. Uma vacina, por exemplo, seria uma ótima opção, não é mesmo?
Pois bem, pasmem: ela existe! Aposto que a maioria de vocês não sabia disso… O motivo para que a vacina seja pouco conhecida é que, muito embora já existam algumas opções aprovadas para comercialização e ainda várias outras em fase de testes, nenhuma das vacinas atualmente disponíveis no mercado apresenta taxa de eficácia muito elevada a longo prazo. Normalmente, após 6 a 12 meses, elas parecem perder o efeito imunizante.
Por este motivo, a vacina só está indicada para mulheres com cistites de repetição, ou seja, 3 ou mais episódios de ITU por ano. Nestes casos, a utilização da vacina pode trazer uma melhora significativa para a qualidade de vida da paciente, prevenir o quadro de ITU durante uma gestação, por exemplo, dentre outras aplicações muito pertinentes.
Então vamos entender quem são e como funcionam estas vacinas?
Existem, atualmente, 4 marcas em comercialização: Uro-Vaxom®, SolcoUrovac®, StroVac® e Uromune®.
A Uro-Vaxom® é a mundialmente mais utilizada, sendo a única vendida no Brasil, atualmente. Ela é produzida a partir do lisado de estruturas da membrana celular de 18 cepas diferentes de Escherichia coli. Isso significa que ela só confere imunidade contra as ITUs provocadas pela bactéria E.coli.
Isso é um problema? Eu diria que não, já que muito embora diversos microrganismos possam causar ITUs, sabe-se que justamente a E. coli é responsável por cerca de 80% dos casos em pacientes ambulatoriais. Sendo assim, uma vacina composta por várias cepas desta bactéria é potencialmente capaz de prevenir quase todos os casos de ITU.
A Uro-Vaxom® tem apresentação comercial sob a forma de cápsulas que devem ser ingeridas 1 vez ao dia, pela manhã, em jejum, por 3 meses. As pesquisas apontam que concluído este protocolo, a incidência de ITU reduz em cerca de 30 a 40%. Se necessário, doses de reforço podem ser feitas para prolongar o tempo de eficácia da vacina, a critério médico.
Porém nem tudo são flores: existem os efeitos indesejáveis que incluem diarreia, náuseas e dores abdominais, mas a incidência destes é de apenas 4%.
A SolcoUrovac® e a StroVac® são vacinas compostas por cepas inativadas de bactérias Gram-positivas (Enterococcus faecalis) associadas a diversas enterobactérias (Proteus mirabilis, Morganella morganii, Klebsiella pneumoniae e, claro, Escherichia coli). Porém nenhuma das duas marcas encontra-se à venda no Brasil até o momento e sua apresentação é menos confortável quando comparada à da Uro-Vaxom® já que a SolcoUrovac® é administrada como supositório vaginal e a StroVac® é administrada como injeção intra-muscular.
Finalmente, a Uromune® é uma vacina em forma de spray sublingual, também composta por cepas inativadas de bactérias Gram-positivas (Enterococcus faecalis) associadas às enterobactérias (Proteus vulgaris, Klebsiella pneumoniae e, novamente, é claro, Escherichia coli).
Gostou da novidade? Então compartilhe este conteúdo com alguém que sofra com ITUs recorrentes e não deixe de se preparar para suas provas de concursos e residências com o time campeão de professores do Gran Cursos Saúde.
Um forte abraço e bons estudos!