Olá pessoal! Sou a professora Débora Juliani, farmacêutica, especialista em Análises Clínicas e faço parte do time de professores do Gran Concursos.
O tema deste artigo é um exame laboratorial que provavelmente você já ouviu falar, já utilizou enquanto pai/mãe de um bebê ou ainda vai utilizar futuramente, mas não sabe muito bem como funciona. Que exame é esse? Trata-se da Sexagem Fetal, um exame laboratorial seguro e não invasivo que é usado para determinar o sexo do feto durante a gravidez.
Inicialmente quero lhe explicar porque ele é considerado não invasivo: para a realização do teste, não é necessária a coleta de líquido amniótico ou de tecido placentário, por exemplo, que seriam obtidos por meio de procedimentos invasivos como a amniocentese. Basta uma simples amostra do sangue total da mãe e, claro, muito conhecimento científico, mais especificamente da área de Biologia Molecular, et voilá, saberemos o sexo do bebê!
Também quero destacar uma grande vantagem deste teste em relação à forma tradicional de se determinar o sexo do bebê: o “bom e velho” ultrassom. A sexagem fetal já pode ser realizada a partir da 8ª semana de gestação e tem uma taxa de precisão de cerca de 99%. O ultrassom, por outro lado, embora também seja um método seguro e não invasivo, normalmente só permite determinar o sexo fetal a partir da 16ª semana de gestação, além de possuir algumas limitações, principalmente se o feto estiver em uma posição desfavorável para o exame no momento da realização, atrapalhando a visualização da região genital. Ou seja, a sexagem fetal permite uma identificação mais precoce e mais assertiva do sexo do bebê!
Então vamos entender melhor como este exame é realizado?
Durante a gravidez, passa a circular no sangue da mãe, uma pequena quantidade de DNA fetal que é liberado pela placenta. Assim, a partir de uma amostra de sangue da mãe, é possível utilizar tecnologias específicas, como a PCR quantitativa (qPCR) para isolar este DNA fetal e analisá-lo para determinar o sexo do feto.
E aí você certamente está se perguntando: “mas qual é o marcador que permite fazer esta determinação?”. Boa pergunta! Para respondê-la, vamos fazer uma pequena recordação da genética básica.
Dos 46 cromossomos que os seres humanos possuem, 2 são sexuais (também chamados alossomos) e 44 são autossomos. Em mulheres, estes 2 alossomos são do tipo X, enquanto em homens, um deles é do tipo X e o outro é do tipo Y. Ou seja, geneticamente falando, uma mulher sempre será XX e um homem sempre será XY.
Perceba então que no sangue de uma mulher (mais especificamente a gestante que está se submetendo ou teste de Sexagem Fetal), não haverá cromossomos Y, pois ela não os possui em seu material genético, a menos que… ela esteja grávida de um bebê do sexo masculino! O bebê será geneticamente XY e, como já foi dito anteriormente, durante a gravidez uma pequena quantidade de DNA fetal (liberado pela placenta) passa a circular no sangue da mãe.
Assim, pela técnica qPCR são utilizados primers específicos para a detecção do gene SRY (Sex-determining Region Y), que está localizado no braço curto do cromossomo Y e é responsável por iniciar o desenvolvimento dos órgãos sexuais masculinos. Se este gene estiver presente, mesmo que em pequenas quantidades, já que se trata do DNA fetal, esta região será amplificada muitas e muitas vezes, permitindo a sua identificação.
Isso significa que, se houver presença do cromossomo Y no DNA amplificado, é possível concluir que o feto é do sexo masculino. Caso contrário, se não for detectado o cromossomo Y, o feto é do sexo feminino.
E aí pode ter surgido mais uma excelente dúvida: “E se forem gêmeos, professora?”. Nesse caso, a análise é um pouco mais complexa devido ao possível compartilhamento de DNA fetal entre eles.
Em gestações gemelares, se não for detectado o cromossomo Y, é possível assegurar que ambos os fetos são do sexo feminino. Mas se houver a presença do cromossomo Y, saberemos que pelo menos um deles é do sexo masculino, mas o outro permanecerá uma incógnita…
Finalmente, é importante ressaltar que esse teste só pode determinar o sexo do feto e não pode detectar outras condições genéticas ou problemas de saúde, ok?
Gostou do conteúdo? Espero que sim! E não se esqueça que pode sempre contar comigo e com toda a equipe do Gran Concursos para conquistar sua aprovação nos concursos e residências do Brasil. Um forte abraço e bons estudos!