Hodiernamente, as pessoas estão cada vez mais preocupadas com o equilíbrio do corpo e da mente. Para tanto, cuidam da alimentação, vão periodicamente a consultórios médicos e praticam atividades físicas. Com isso, novas alternativas surgem para conferir às pessoas uma vida saudável.
Seguindo essa tendência, uma nova modalidade de prática esportiva surgiu: o CrossFit, que é um treinamento de força e condicionamento físico, baseado em movimentos funcionais constantemente variados, realizados com alta intensidade. A parte principal de um treino é conhecida como WOD (Workout of the Day, ou “treino do dia”). Entre os praticantes, um salto simples de corda é chamado single unders; agachamento livre, air squat. O ginásio onde se pratica é conhecido como box.
Se você percebeu, as nomenclaturas do CrossFit são em língua inglesa. Isso tem uma finalidade: a universalização. O pensamento do criador, Greg Glessman, é que uma pessoa poderia treinar em qualquer lugar do mundo sem dificuldades, uma vez que os nomes dos exercícios são sempre os mesmos.
E o que isso tem a ver com a coluna de língua portuguesa, Elias? Primeiramente, cabe uma reflexão acerca do português do Brasil. Nossa língua é completamente permissível em relação à inclusão de terminologias estrangeiras. Isso foi reconhecido por Oswald de Andrade no Manifesto Antropofágico, durante a primeira fase do modernismo brasileiro, uma vez que nós, brasileiros, temos a incrível capacidade de absorver a cultura estrangeira e adaptá-la à realidade nacional. Não adianta reclamar! Nós somos assim!
Além disso, outro ponto despertou minha curiosidade na linguagem do crossFit: alguns chamam o local de treinamento de o box, ao passo que outros dizem a box. Qual seria o correto?
Fiz uma pesquisa no Vocabulário Oficial da Língua Portuguesa (o VOLP) e lá estava a palavra box! Segundo o VOLP, trata-se de um substantivo masculino. O dicionário Caldas Aulete faz o mesmo registro. Portanto, o adequado seria o box.
A confusão no gênero provavelmente ocorra em função do que acontece na língua inglesa. Em inglês, a é artigo indefinido. Portanto, a box seria o mesmo que “um box”; the box, “o box”.
Não há uma regra clara em nossa gramática para definir o gênero correto de uma palavra estrangeira – isso já foi tema de discussão no grupo de professores de português de que faço parte, conhecido como “Grupo do Bigode”, no qual estão grandes sumidades contemporâneas da língua. Mas, quando a palavra já está incorporada e registrada formalmente, não há razão para dúvidas.
Fora a quantidade de neologismos que surgiram e surgirão em função dessa modalidade esportiva. Você já ouviu falar dos “crossfiteiros”? É, queridos! Precisamos entender que a língua é viva! Viva a língua portuguesa!
P.S.: Artigo feito com a colaboração de Cleiderson Santos, o Coach Sid, treinador da modalidade há cinco anos.
Elias Santana
Licenciado em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva Literatura – pela Universidade de Brasília. Possui mestrado pela mesma instituição, na área de concentração “Gramática – Teoria e Análise”, com enfoque em ensino de gramática. Foi servidor da Secretaria de Educação do DF, além de professor em vários colégios e cursos preparatórios. Ministra aulas de gramática, redação discursiva e interpretação de textos. Ademais, é escritor, com uma obra literária já publicada. Por essa razão, recebeu Moção de Louvor da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
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