Por Socorro Brito
Se todos se ligassem no se, que maravilha viver… # artigo especial
Pede-se licença aos deuses da literatura e se inicia este texto parodiando o poeta e destacando o se nosso de cada escrita, de cada questão de concurso. Uma certeza o candidato tem a respeito da prova de Português: Seja em nível Fundamental, Médio ou Superior, haverá um item que cobrará o uso correto do se. Portanto, não há como ignorar as regras a respeito dele. Mas há tantas e tantas normas e exceções que desanimam até o mais estudioso dos mortais. Assim, cabe simplificar, aplicando-as dentro de um contexto cotidiano, por meio da observação dos “falares e escritos”.
Procedendo a uma análise dos padrões populares, percebe-se que há muita dificuldade em utilizar com correção o pequenino termo. Em uma volta pelas ruas da cidade, podem-se ler as mais diversas informações: “Aluga-se salas”, “Compra-se carros.”, “Procura-se modelos.”, “Lava-se tapete e sofá.”, “Corta-se cabelos.” “Joga-se búzios.”, “Precisam-se de ajudantes.” São apenas algumas das frases recorrentes e incorretas que os “publicitários de plantão” costumam escrever com requintes de cores e formas . Certos “gramáticos” já defendem que não há necessidade de estudar o se, que ele é livre, deve ficar conforme deseja cada “escritor” ou falante. Porém, as Bancas Examinadoras não concordam e, a cada certame, uma questão derruba os mais desatentos. Por isso, atente para as regras:
1 Índice de Indeterminação do Sujeito: o caso mais cobrado em provas é a diferença entre SE partícula apassivadora e SE índice de indeterminação do sujeito. Para fazer tal distinção, a regrinha é fácil, basta olhar o verbo: se ele estiver no singular e for Verbo Transitivo Indireto (VTI), Verbo Intransitivo (VI) Verbo de Ligação (VL), haverá o sujeito indeterminado, ou seja, ele existe, mas não é conhecido, por isso o SE é chamado de ÍNDICE DE INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO, como se vê a seguir:
“Precisa-se de vendedores.” Note que alguém precisa, mas não sabemos quem é essa pessoa. O verbo é VTI, tem o objeto indireto (de vendedores).
“Vive-se de aparências na sociedade contemporânea.” O verbo é VI, há adjuntos adverbiais de modo e de lugar (de aparências – na sociedade contemporânea), mas o sujeito é indeterminado, desconhecido.
“Fica-se amedrontado com as notícias sobre a gripe suína.” O verbo é VL (fica), há o predicativo (amedrontado), mas o sujeito é desconhecido, indeterminado.
2 Partícula Apassivadora: o pronome apassivador ou partícula apassivadora ocorre quando o verbo é transitivo direto (VTD) ou transitivo direto e indireto (VTDI ). O verbo concorda com o sujeito paciente e pode ficar, assim, no singular ou no plural.
– Não se viam antigamente tantos alunos estudiosos. Tantos alunos estudiosos não eram vistos antigamente. Note que o sujeito “tantos alunos estudiosos” está no plural, portanto o verbo “ viam “ deve ficar no plural.
– Pede-se silêncio durante o discurso do eminente mestre. Veja outro caso de partícula apassivadora, pois o verbo é VTD, o sujeito “silêncio“ é singular (Silêncio é pedido durante o discurso do eminente mestre).
Outras funções que o pronome SE apresenta e são igualmente importantes para o sucesso nos concursos e para a correção de linguagem, se comprovam com os exemplos seguintes:
3 Pronome Pessoal Reflexivo: Os alunos aprovados cumprimentaram-se com entusiasmo. Nesse caso, o pronome SE tem valor reflexivo, acompanha verbo de ação para dar o sentido de “entre si” ou “mutuamente.” Como o pronome pode ser trocado por um nome, ele tem a função sintática de objeto direto ou de objeto indireto reflexivo.
4 Parte Integrante do Verbo: Os candidatos se queixaram com o fiscal da prova. O pronome acompanha o verbo pronominal (verbo que não pode ser usado sem o pronome oblíquo: referir, casar, suicidar, arrepender…). Nesse caso, o pronome não tem função sintática.
5 Partícula Expletiva: Vão-se os anéis, ficam os dedos. Pronome sem qualquer função, liga-se ao verbo para enfatizá-lo, é desnecessário: Vão os anéis, ficam os dedos.
Além de pronome, conforme visto antes, o se também é conjunção (palavra que liga as orações), desvinculado do verbo.
6 Conjunção Subordinativa Integrante: Não sei se irei ao cinema com você. No enunciado anterior, há duas orações: ”não sei / se irei ao cinema com você”, observe que a primeira oração tem seu sentido complementado pela segunda, formando um período composto por oração principal + oração subordinada substantiva objetiva direta.
7 Conjunção Subordinativa Condicional: Se estudarem com disciplina e método, os candidatos serão classificados nos mais seletos concursos. A conjunção se introduz oração subordinada adverbial condicional (se = caso).
Enfim, se você tem sede de saber, deve sempre ser estudioso da palavrinha se. Não parece, mas ela está em quase todos os setores da nossa vida. Se pensarmos bem, nós nos encontramos sempre às voltas com um se: Se tiver tempo, vou fazer ginástica. Ele se arrependerá de me ignorar. Se Deus quiser, serei o primeiro colocado no concurso. Não se canse de estudar. Esses e outros exemplos nos remetem às provas e às situações mais corriqueiras, portanto, lembre-se desse aviso. Se você procurar a orientação segura da equipe GRAN CURSOS, tornar-se-á capaz de desamarrar os nós do desconhecimento.
Paz e bem.
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Professora Socorro Brito é revisora, consultora de Língua Portuguesa em diversas instituições públicas, regente de classe em cursos preparatórios aos concursos públicos, autora da obra- Guia para Análise Textual. Atualmente atua no Gran Cursos, destacando em suas aulas a construção das conexões lingüísticas necessárias ao entendimento de questões das provas para ingresso no serviço público Profissional com larga experiência em Língua Portuguesa, já atuou nos melhores colégios do DF (Objetivo, Gallois, Leonardo da Vince). Classificada em primeiro lugar no concurso para ingresso na Secretaria de Educação do DF, onde foi coordenadora de Português.
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