É “mas” que fala? Ou “mais”?

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No artigo desta semana, resolvi oferecer um suporte às redes sociais e aplicativos de mensagens. Eu, como já expus em outros artigos, não tenho o hábito de corrigir pessoas (nem mentalmente) em seus atos de fala espontâneos, pois considero hipocrisia e falta de educação (na minha opinião, alguém só deve ser corrigido quando quer). Sei, todavia, que ter zelo pela língua pode evitar algumas confusões e impasses. Por isso, vamos falar da diferença entre “mas” e “mais”, que oferecem tanta confusão nos ambientes virtuais.

A palavra “mas” é uma conjunção; portanto, deve ser usado para conectar informações. Essa conexão pode ter valor adversativo (ideias contrárias) ou aditivo (soma de ideias). Veja:

 

(1) Eu não como carne, mas consumo outros alimentos de derivados de animais. (ideias contrárias).

(2) Eu não só como carne, mas também derivados animais (soma de ideias).

 

Perceba a diferença: no primeiro caso, há o texto de uma pessoa que não come carne, mas, de maneira inesperada (no julgamento do emissor), consome outros produtos de origem animal.  No segundo, há o discurso de alguém que não consome carne e derivados animais (o “mas”, quando expressa adição”, vem seguido de “também”).

Se não for um dos casos acima apresentados, deve-se usar “mais”. Eu vou mostrar:

(3) Eu vou dormir mais. Estou cansado. (intensidade relacionada ao verbo “dormir”).

(4) Mais pessoas chegaram durante o show. (sinônimo de “muitas”)

(5) Não quero mais voltar ao parque. (interrupção de alguma ação)

(6) Dois mais dois é quatro. (ideia de soma)

(7) João mais Maria foram à casa da vovó. (conjunção aditiva – é o único que pode gerar confusão, mas compare com o exemplo 2 e perceba a diferença).

Em geral, percebo que a agramaticalidade mais frequente é o uso de “mais” no lugar de “mas”. Mas acredito que, depois deste texto, boa parte das dúvidas poderão ser atenuadas!


Elias Santana

Licenciado em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva Literatura – pela Universidade de Brasília. Possui mestrado pela mesma instituição, na área de concentração “Gramática – Teoria e Análise”, com enfoque em ensino de gramática. Foi servidor da Secretaria de Educação do DF, além de professor em vários colégios e cursos preparatórios. Ministra aulas de gramática, redação discursiva e interpretação de textos. Ademais, é escritor, com uma obra literária já publicada. Por essa razão, recebeu Moção de Louvor da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

 


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