O conteúdo acerca de feridas e curativos aparece com grande frequência nas provas de concursos. Em relação a essa temática, notamos que os assuntos mais cobrados envolvem os tipos de cicatrização (primeira, segunda e terceira intenção), as fases da cicatrização (inflamatória, proliferativa e de maturação), além dos principais tipos de coberturas.
Hoje vamos reforçar o conhecimento sobre úlceras venosas, arteriais e neurotróficas. Diferenciaremos os componentes que causam esses problemas. Devemos, ainda, entender as lesões por pressão no que se refere a prevenção e classificação. Vamos nessa!
Identificamos, na prática clínica, úlceras venosas, arteriais e neuropáticas. Abaixo vamos tratar dos sinais e dos sintomas dessas lesões.
Úlceras venosas e arteriais são causadas por problemas de circulação, porém apresentam mecanismos fisiopatológicos diferentes. As úlceras arteriais são causadas por obstrução nas artérias, com consequente diminuição ou interrupção do fluxo sanguíneo. As úlceras venosas, por sua vez, acontecem pela deficiência do sangue em retornar ao coração.
- Úlceras Arteriais
Ocorrem com menor frequência, correspondem a, aproximadamente, 20% das feridas de MMII.
As úlceras arteriais podem ser chamadas de isquêmicas e são causadas pela obstrução das artérias: o sangue não consegue chegar adequadamente aos tecidos para nutrir e oxigenar as células. Isso resulta em morte celular e, consequentemente, lesões.
São associadas à aterosclerose, pois diminuem ou interrompem o fluxo sanguíneo.
Essas lesões são mais frequentes na região acima da canela e nas extremidades dos dedos dos pés. As úlceras venosas são feridas crônicas, de difícil cicatrização, e podem ser bastante dolorosas. Em casos mais graves, podem resultar na amputação do membro afetado.
O tratamento para essas úlceras é mais complexo, cirúrgico, e a compressão é contraindicada.
Como fatores de risco para as úlceras arteriais temos: tabagismo, diabetes descontrolado e altas taxas de colesterol e triglicerídeos.
No exame clínico das úlceras arteriais, encontramos as seguintes características:
- Perda de pelos nas extremidades;
- Pele brilhante e atrófica;
- Pulsos periféricos fracos/ausentes;
- Tempo de enchimento capilar prolongado;
- Palidez quando a perna é levantada;
- Aumento da dor após exercícios (claudicação intermitente) ou à noite (dor de repouso); e(ou)
- Diminuição da dor na posição pendente. O paciente pode se referir à necessidade de dependurar as pernas fora da cama à noite. Pode, também, mencionar a necessidade de sair da cama e colocar as pernas para baixo.
- Úlceras Venosas
Podem ser chamadas de varicosas e correspondem a, cerca de, 80% das feridas que acometem pernas e pés.
As úlceras venosas são causadas pela má circulação sanguínea, consequência – na maioria dos casos – de fatores genéticos. Não são profundas, possuem base avermelhada e são mais comuns acima do maléolo medial. Mulheres, pacientes sedentários e(ou) pessoas que costumam ficar muito tempo em pé apresentam maior risco de desenvolver esse tipo de úlcera.
A fisiopatologia da úlcera venosa consiste na dificuldade do retorno do fluxo sanguíneo dos membros inferiores para o coração. Isso causa estagnação do sangue nas pernas, além de ocasionar varizes e inchaço, prejudicando, assim, a oxigenação dos tecidos. O local que apresenta essas características fica mais sensível e, até mesmo, um leve traumatismo, pode resultar em uma ferida. Essa lesão pode evoluir para a úlcera, que é a uma condição crônica.
O tratamento da úlcera venosa tem como base repouso com as pernas elevadas e bandagem compressiva.
Atenção!
Os tratamentos para as úlceras venosa e arterial são bastante distintos. A úlcera arterial não pode ter compressão local; já para a úlcera venosa, a compressão local é indicada.
Sinais e sintomas das úlceras venosas:
- Insuficiência venosa;
- Edema em tornozelo e(ou) acima;
- Hiperpigmentação;
- Lipodermatoesclerose;
- Varizes e(ou) veias reticulares e(ou) telangiectasias
Na presença de lesão ulcerada no pé, os cuidados devem ser imediatos e incluem: o tratamento da infecção, quando presente; a redução do apoio no pé doente; a limpeza da ferida; e a avaliação da necessidade de encaminhamento à atenção especializada.
Nos casos em que há excesso de queratina nos bordos da lesão, deve-se removê-la para que a base da úlcera seja exposta. Úlceras superficiais frequentemente são infectadas por gram-positivos e podem ser tratadas ambulatorialmente com antibióticos orais.
Vamos analisar como essa temática apareceu em provas
- (AOCP/2013) Sobre as características da Úlcera Arterial de Membro Inferior, assinale a alternativa correta.
a) Complicações da estase venosa, quase sempre estão localizadas no terço inferior da perna um pouco acima do maléolo interno, às vezes no externo e no dorso do pé ou, mais raramente, no terço médio da perna.
b) A quantidade de exsudação é variável, dependendo da extensão do edema no membro inferior e a dor manifestada é moderada.
c) Na área adjacente à úlcera, pode-se notar uma hiperpigmentação (ou com os nomes de: dermatite ocre, púrpura de Gougerot e Favre).
d) Presença de veias tortuosas e dilatadas e cicatrizes visíveis de úlceras anteriores. O repouso do membro é de vital importância para o seu tratamento e cuidado.
e) Geralmente pequenas e arredondadas, de difícil cicatrização e extremamente dolorosas, sendo exceção os casos em que há associação com o diabetes.
Comentário
Letra E. Correta. As úlceras arteriais são pequenas, de difícil cicatrização pelo seu mecanismo causal, que é a obstrução das artérias, e a dor é um dos sintomas por alterações isquêmicas.
Análise das demais alternativas
Letra A. Errada. A estase venosa é a causa das úlceras venosas.
Letra B. Errada. A dor manifestada é forte e secundária à isquemia.
Letra C. Errada. A hiperpigmentação é uma característica das úlceras venosas.
Letra D. Errada. Alterações venosas e a presença de varizes são características das úlceras venosas.
- (UFPB/2012) As úlceras crônicas vasculogênicas podem ser de origem venosa, arterial e mistas e possuem características que as diferenciam. Considerando essas informações, julgue a assertiva abaixo:
Quanto ao exsudato na lesão, a diferença está na quantidade, pois, na úlcera venosa, é de moderada a excessiva quantidade, e, na úlcera arterial, de pequena quantidade.
Comentário
Correta. Nas úlceras arteriais, a quantidade de exsudato é menor em razão da diminuição da circulação local.
- (UFPB/2012) As úlceras crônicas vasculogênicas podem ser de origem venosa, arterial e mistas e possuem características que as diferenciam. Considerando essas informações, julgue a assertiva abaixo.
Quanto à localização, a úlcera venosa ocorre com maior frequência no terço inferior da perna e no maléolo medial; e a úlcera arterial incide nos dedos, pé, calcâneo e lateral da perna.
Comentário
Correta. A assertiva se alinha ao que foi explicado nas características que diferenciam essas duas modalidades de úlceras.
- (UFPB/2012) Quanto à dor, na úlcera venosa, é de pouca ou moderada intensidade, e, na arterial, ela se caracteriza como sendo de extrema intensidade.
Comentário
Correta. A dor de forte intensidade é característica das úlceras arteriais em razão de componente isquêmico.
- (UFPB/2012) Quanto a profundidade, leito e margens, a úlcera venosa se caracteriza por apresentar-se profunda, pálida, margens bem definidas, e a úlcera arterial é superficial, com leito vermelho vivo e margens irregulares.
Comentário
Errada. Seguem as características das úlceras venosas e arteriais.
VENOSA
– Borda: irregular
– Fundo: Rede de fibrina, tecido de granulação.
– Profundidade: rasas.
– Pele periférica: Hiperpigmentação azulada.
ARTERIAL
– Borda: regular.
– Fundo: Pálido, pouco tecido de granulação.
– Profundidade: Média ou profunda.
– Pele periférica: Fria, pálida, cianótica ou rubra, sem pelos.
- (AOCP/2015) Um paciente que apresenta uma úlcera causada por neuropatia periférica, em decorrência do alcoolismo, tem uma úlcera
a) do tipo neurotrófica.
b) do tipo venosa.
c) do tipo arterial.
d) por pressão.
e) do tipo hipertensiva.
Comentário
Letra A. Quando o mecanismo fisiopatológico inclui alterações nos nervos e, desse modo, diminui a sensibilidade local, essa úlcera é denominada de neurotrófica.
3. Úlcera Neurotrófica
Para fechar nosso estudo sobre úlceras, é importante tratar da úlcera neurotrófica. Essa é causada por neuropatia periférica em decorrência de algumas patologias de base, tais como: hanseníase, diabetes mellitus, alcoolismo e outras.
As pessoas portadoras dessas patologias, que acometem os nervos periféricos, têm maior risco de desenvolver lesões das fibras autonômicas, sensitivas e motoras, que podem resultar em:
a) lesões primárias, como mão em garra, pé caído e anquilose (articulações endurecidas); e
b) lesões secundárias, como as paralisias musculares, fissuras, úlceras plantares e lesões traumáticas.
Terminamos por aqui nossa revisão sobre as úlceras venosas, arteriais e neurotróficas.
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Fernanda Barboza – Mestre em Saúde Coletiva pela UEFS. Servidora pública da Prefeitura Municipal de Salvador. Coach, Mentory, Consultora e Professora na área de Concursos Públicos e Residências. Graduada pela UEFS em 1998, pós-graduada em Gestão em Saúde, Saúde Pública, Urgência e Emergência, Auditoria de Sistemas, Enfermagem do Trabalho e Direito Sanitário. Autora de 02 livros – e mais 03 em processo de revisão: – Legislação do SUS – vídeo livro ( Editora Concursos Psi); Legislação do SUS – Comentada e esquematizada ( Editora Sanar). Aprovada em 16 concurso e seleções públicas (nacionais e internacionais) dentre elas: – Programa de Interiorização dos Profissionais de Saúde – MS – lotada em MG; – Consultora do Programa Nacional de Controle da Dengue (OPAS), lotada em Brasília; – Consultora Internacional do Programa Melhoria da Qualidade em Saúde pelo Banco Mundial, lotada em Brasília; – Governo do estado da Bahia – SESAB – urgência e emergência; – Prefeitura Municipal de Aracaju; – Prefeitura Municipal de Salvador; – Professora da Universidade Federal de Sergipe UFS; – Governo do Estado de Sergipe (SAMU); – Educadora em Saúde mental /FIOCRUZ- lotada Rio de Janeiro.
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