Expresso ou Espresso?
O café é, com certeza, uma das iguarias mais consumidas pelos brasileiros! Há quem o consome apenas para iniciar o dia, mas também existem os “viciados”, que tomam pequenas doses em curtos intervalos de tempo – e sentem fortes dores de cabeça quando não fazem isso . Ele já foi vilão e mocinho em várias teorias nutricionais – como qualquer outro alimento. Além disso, o café fez parte da história do Brasil, sendo um pilar da nossa economia, motivo de disputa política e promotor de diversidade cultural. Há várias modalidades de preparo e consumo dessa deliciosa bebida. Uma delas tem se tornado muito popular – o café espresso. Hoje é fácil adquirir uma máquina que prepara, em segundos, uma xícara de café. Opa! Você notou? Café espresso? Não seria um café expresso?
Primeiramente, precisarei que você entenda como foi funciona a preparação dessa opção de café. A água quente passa com muita pressão pelo pó, comprimindo-o. Em outras palavras, a ideia é que a água esprema o café, conferindo mais sabor, consistência e aroma. Por isso, em italiano, usa-se a palavra espresso, que vem de espremer.
Muitas pessoas pensam que o espresso é um café feito rapidamente, mas esse entendimento é equivocado. Isso ocorre porque, no nosso idioma, expresso (com X) pode ser sinônimo de rápido. Além disso, esta palavra não significa “algo que foi espremido”. Daí surgem as discussões em torno da correta grafia do vocábulo.
Se fôssemos traduzir para o português, o mais correto seria café espremido (seria lindo ouvir isso nas cafeterias)! Como a nossa língua é adepta ao uso de palavras estrangeiras, hoje é comum encontrar em cardápios e placas “café espresso”. Agora você já sabe: trata-se de um estrangeirismo.
Atualmente, a palavra espresso não faz parte do nosso Vocabulário Oficial. Algumas alternativas podem resolver esse impasse:
- Incluir espresso na nossa língua;
- Incluir nos dicionários mais uma definição para a palavra “expresso” (tipo de café);
- Chamar de café espremido (rs).
Se eu fosse proprietário de uma cafeteria, registraria nos cardápios café espresso, uma vez que a terminologia estrangeira expressa como é feito a bebida. Inclusive eu colocaria essa explicação em algum lugar do menu ou em outro espaço do estabelecimento (talvez, em alguma parede da toilette – que, segundo o VOLP, é uma palavra feminina). Como sou apenas professor de português, tomo meu café e aguardo um posicionamento mais plausível das nossas autoridades linguísticas – sobre esse e tantos outros assuntos!
Elias Santana – Licenciado em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva Literatura – pela Universidade de Brasília. Possui mestrado pela mesma instituição, na área de concentração “Gramática – Teoria e Análise”, com enfoque em ensino de gramática. Foi servidor da Secretaria de Educação do DF, além de professor em vários colégios e cursos preparatórios. Ministra aulas de gramática, redação discursiva e interpretação de textos. Ademais, é escritor, com uma obra literária já publicada. Por essa razão, recebeu Moção de Louvor da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
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