A linguagem materna. Por: Elias Santana

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linguagem materna“Só as mães são felizes”. Cazuza, brilhantemente, construiu esse pensamento, que é completamente coerente. Afinal, quem mais seria capaz de dar a luz a uma criança? Ou melhor: quem mais seria capaz de dar à luz uma criança?

Pode parecer absurdo, mas a primeira construção não existe. Essa não é uma capacidade de uma mulher. Explico: dizer que a mãe deu a luz a uma criança é o mesmo que dizer que ela, sozinha, foi quem deu a vida, recebida pela criatura recém-concebida. Para quem acredita – como eu –, só quem concede o dom da vida é Deus. Para quem não acredita, a origem de uma nova vida, nesse caso, depende de uma dupla participação: óvulo e espermatozoide. O encontro dos dois gera o novo ser. O correto é usar a segunda sentença: dar à luz uma criança, dar à luz um menino, dar à luz uma menina. A palavra “luz” é usada com sentido metafórico, pois significa “o mundo”. O que as mães fazem é entregar uma criança ao mundo.

Quero que você se lembre do começo do texto. “Só as mães são felizes”. Eu tenho plena certeza disso! A mãe carrega, por aproximadamente nove meses, uma nova vida no ventre. Ela possui a responsabilidade de cuidar desse ser que está sendo gerado. O parto é a entrega da criança ao mundo – que é cruel. A mãe assume uma missão: “agora que meu filho é um ser no mundo, preciso proporcionar meios para que ele seja feliz”. É necessário amá-lo, educá-lo, corrigi-lo, consolá-lo. Você consegue imaginar qual é a sensação que uma mulher tem ao ver que aquela vida que ela fisicamente entregou ao mundo se tornou um cidadão de bem, feliz? Por isso, “só as mães são felizes”. Elas assumem o propósito que nenhum homem assume. Elas são a materialização da fé, uma vez que se veem obrigadas, em muitas oportunidades, a confiar que o mundo não fará o seu filho sofrer. E isso também vale para as mães de filhos adotivos! Estas, às vezes, esperam mais que nove meses e vivem o mesmo processo dar ao mundo a sua prole. Isso nos mostra que a verdadeira gestação ocorre no coração!

Enquanto escrevo este artigo, meus olhos choram. Coloco-me no lugar de minha mãe. Não sei se eu teria forças para entregar uma criatura tão amada ao mundo. Mas foi isso que ela fez. Quanta força e fé!

Este artigo não foi feito para desmerecer as mães, mas para exaltá-las. Não há crase no mundo que mude o amor que essas mulheres dedicam a nós, filhos! A língua portuguesa nos mostra que a missão de uma mãe é ainda muito maior do que podemos imaginar! Filhos, quando suas mães, pela milésima vez, pedirem que vocês peguem um casaco antes de sair, lembrem-se de que elas, nobremente, nos entregaram ao mundo e nos querem poupar do sofrimento. Mães, obrigado pela força, pela fé, pelo amor e pela paciência! Parabéns pelo seu dia!

 


Elias Santana – Licenciado em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva Literatura – pela Universidade de Brasília. Possui mestrado pela mesma instituição, na área de concentração “Gramática – Teoria e Análise”, com enfoque em ensino de gramática. Foi servidor da Secretaria de Educação do DF, além de professor em vários colégios e cursos preparatórios. Ministra aulas de gramática, redação discursiva e interpretação de textos. Ademais, é escritor, com uma obra literária já publicada. Por essa razão, recebeu Moção de Louvor da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

 


 

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