O que a banca quer que você saiba sobre amostras de urina no diagnóstico laboratorial: muito além do básico!

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Olá pessoal! Tudo bem? Sou a professora Débora Juliani, farmacêutica, especialista em Análises Clínicas e faço parte do time de professores do Gran Concursos.

Acredito que você já conhece “Os segredos por trás das três fases de um exame laboratorial”, certo? Este é o título de um artigo que já publiquei anteriormente aqui no blog (https://blog.grancursosonline.com.br/os-segredos-por-tras-das-tres-fases-de-um-exame-laboratorial/). Se você não conferiu ainda, recomendo a leitura. Nele, falo bastante sobre a importância da fase pré-analítica, que se inicia com a solicitação do exame pelo profissional prescritor, passa pela obtenção da amostra, e finda ao se iniciar a análise propriamente dita.

E quando falamos em obtenção de amostra, surgem muitas dúvidas e com elas a possibilidade (enorme) de ocorrência de erros que impactam negativamente na qualidade do laudo final a ser liberado por você, caro (a) farmacêutico (a) e biomédico (a). Portanto, conhecer com mais profundidade os tipos de amostras biológicas analisadas no Laboratório de Análises Clínicas e algumas particularidades de coleta sobre elas é essencial para a orientação correta ao paciente e para o estabelecimento de critérios adequados de aceitação e rejeição destas amostras.

Pensando nas amostras recebidas em um Laboratório de Análises Clínicas, o maior volume se refere às amostras de sangue, sem dúvidas. Mas este é um tema tão vasto, que merece um artigo exclusivo. Nosso foco aqui será em uma outra amostra biológica de enorme importância e muitas vezes negligenciada na prática: a urina.

O exame de urina, é um dos exames mais antigos da medicina laboratorial, havendo relatos de sua execução há pelo menos 6 mil anos. Trata-se de uma amostra muito versátil, de obtenção simples e não invasiva, e que pode estabelecer, confirmar ou complementar o diagnóstico clínico nas doenças renais, urológicas e metabólicas ou sistêmicas, que cursam com acometimento renal ou que levam ao aparecimento de elementos ou metabólitos anormais na urina, sendo também útil no acompanhamento e controle do tratamento de várias doenças do trato urinário.

Mas quando se fala em tipos de amostras de urina, aposto que você se lembra da primeira urina da manhã e da urina de 24 horas, certo? Ok, são as amostras mais comuns e frequentes mesmo, mas existem muitas outras possibilidades, e a Banca organizadora do Concurso para o qual você está se preparando, sabe disso e sabe também que aí está a maior probabilidade de “pegar” os candidatos menos preparados.

Então vamos juntos rever alguns aspectos importantes sobre a primeira urina da manhã, a urina de 24 horas, mas também sobre a urina aleatória, urina de jejum, urina pós prandial, urina de punção suprapúbica e urina de 3 frascos. Segue um esquema ilustrativo com todas essas possibilidades, para facilitar a sua memorização.

Amostra aleatória: esse tipo de urina pode ser coletada a qualquer horário, mas o horário da micção deve ser anotado no recipiente. É útil para detectar anormalidades evidentes, mas os resultados podem sofrer interferências por causa do jejum, dieta e atividade física. Normalmente são coletadas em pronto-socorro e emergências.

– Primeira urina da manhã (jato médio): é a amostra ideal para o exame de urina de rotina/urina tipo I/sumário de urina/EAS, pois é mais concentrada e capaz de detectar substâncias químicas e elementos figurados do sedimento, os quais podem não ser observados na amostra aleatória (mais diluída). Após coletada (imediatamente após o paciente se levantar), deve ser enviada em até 2 horas para o laboratório. Também pode ser usada para urocultura se coletada em frascos esterilizados.

Segunda urina da manhã (amostra de jejum): é coletada após o paciente ter permanecido de jejum e  ter desprezado a primeira micção. Dessa maneira, evita que interferentes oriundos de alimentos  ingeridos na noite anterior alterem os resultados, sendo assim recomendada para monitorar a glicosúria.

Amostra pós prandial (amostra colhida duas horas após refeição): o paciente deve urinar antes de se alimentar, fazer a refeição e então coletar a urina duas horas após. Normalmente utilizada para realizar a prova de glicosúria e monitorar a terapia com insulina em pessoas com diabetes melittus.

Amostra por punção suprapúbica: urina colhida por introdução de agulha através do abdômen, que atinge a bexiga, de forma a obter uma amostra totalmente estéril. Sua escolha justifica-se em casos nos quais o paciente não tem condições de realizar a assepsia e o controle miccional para a coleta espontânea do jato medio da primeira urina da manhã (ex: paciente internado em leito de UTI, com sedação).

Amostra de 24 horas (cronometrada): obtidaquando o paciente coleta toda a urina produzida durante um período de 24 horas, sendo então avaliado o volume produzido e a concentração de determinados analitos (ex: proteínas, creatinina, cálcio, etc.) a depender da patologia e do interesse médico. Esta amostra tem importância especialmente quando a concentração da substância muda com variações diurnas e atividades diárias. Deve-se atentar para manter a amostra refrigerada entre +2 e +8 oC durante a coleta.

Coleta em três frascos (amostra para prostatite): o primeiro jato de urina não deve ser desprezado e sim coletado em um recipiente estéril, seguido do jato médio em outro recipiente. A próstata é então massageada para que o líquido prostático seja eliminado juntamente com o restante da urina, em um terceiro recipiente estéril. A análise é sugestiva de prostatite quando a contagem de leucócitos e bactérias é 10 vezes maior na terceira amostra do que na primeira. A segunda amostra é utilizada como controle para avaliação de infecções urinárias.

Gostou deste resumão? Espero que sim! Vamos ficando por aqui, mas você precisa continuar a se preparar com o time Gran Concursos para os concursos e residências que não param de surgir.

Um forte abraço e bons estudos!

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