Olá, concurseiro/a!
Um assunto que começa a ser muito cobrado pelas diversas bancas de concursos para os cargos da área de tecnologia da informação são as metodologias ágeis. Dentre elas, vamos falar hoje um pouco do Lean, do Kanban e do Just in Time. Na verdade, esses conceitos são muito maiores do que metodologias ágeis de desenvolvimento de software; elas foram incorporadas devido a uma série de vantagens que trouxeram com sua utilização. Neste artigo, vamos explicar um pouco do seu funcionamento e dos principais aspectos cobrados pelas bancas.
Lean
Segundo Cruz [2015], Lean está ligado à eliminação de desperdício em qualquer etapa de um processo. No desenvolvimento de software, isso está intrinsecamente ligado a funcionalidades que não agregam valor para o cliente, a perda de tempo em atividades que não entregam resultado, construção de funcionalidades que não serão utilizadas, retrabalho por baixa qualidade.
Sua essência é a capacidade de eliminar desperdícios continuamente e resolver problemas de maneira sistemática. Isso implica repensar a maneira como se lidera, gerencia e desenvolve pessoas. É através do pleno engajamento das pessoas envolvidas com o trabalho que se consegue vislumbrar oportunidades de melhoria e ganhos sustentáveis [Lean, 2017].
Just in Time
Segundo Slack, Chambers e Johnston [2002], Just in Time significa produzir bens e serviços exatamente no momento em que são necessários. Isso muda o conceito antes dominante nas grandes fábricas de automóveis, conforme exposto anteriormente, onde os carros eram produzidos e armazenados em grandes pátios para serem vendidos posteriormente. Nesse sistema, o produto só é produzido após ser necessário um novo item na cadeia. Esse tipo de sistema requer uma organização em que as tarefas sejam encadeadas de acordo com o sistema puxado [Cheng e Podolsky, 2008].
O objetivo desse modelo é eliminar desperdícios, e é válido ressaltar que nesse sistema o produto ou matéria-prima chega ao local de utilização somente no momento em que é solicitado.
Pull System and Push System
No sistema original da Toyota, foi adotado o pull system, no qual o trabalho é puxado (do termo em inglês “pull”). Nos sistemas tradicionais de produção, o trabalho é empurrado (push). Na Ford, como funcionava a linha de produção? Cada atividade da linha de produção é desenvolvida em sequência enquanto houver insumos para sua construção. A quantidade de trabalho está baseada em estimativas, nas quais são produzidos produtos independentes da quantidade de pedidos reais, ou seja, vendas realizadas [Santos, 2014].
Nesse cenário, podem ser identificados dois desperdícios principais, quais sejam:
- Muitas peças serão produzidas, criando um inventário ou estoque para uso futuro, conforme surgir demanda.
- A ociosidade dos trabalhadores especializados, já que, em certo momento, pode não haver demanda, e as atividades serem paralisadas.
No sistema pull originário da Toyota, procura-se ter o mínimo de inventário, sendo que se trabalha normalmente com a quantidade para apenas um item ser produzido. Essa filosofia levou a Toyota a se tornar líder de mercado: a produção aumenta a partir da demanda, e isso diminui o desperdício ou gastos com estoque. Os profissionais especializados produzem dentro de um limite de tempo, sempre tendo atividade dentro do processo, e, em caso de parada na produção – que se torna bem menor nesse modelo –, eles podem ser alocados em apoio a outras atividades. Veremos adiante como funciona o Kanban, peça fundamental desse modelo.
Kanban
Santos et al. [2014] relata que o Kanban é muito mais do que o quadro “Kanban board”. Trata-se de um dispositivo sinalizador que autoriza e dá instruções para a produção ou retirada de itens em um sistema puxado. Ele ainda esclarece que o termo significa “sinais ou quadro de sinais” em japonês. O importante é a mudança de filosofia a ser implementada de um sistema push para pull. Por volta dos anos 60 do século passado, a fábrica de automóveis Toyota criou o Kanban, um sistema de abastecimento e controle de estoques.
Ele funciona de forma simples, cujo fornecimento de novos itens surge de acordo com que vai sendo esgotado, fazendo com que não haja abastecimento de itens antes de solicitarem-no no estágio predecessor. Um exemplo de Kanban é o sistema de abastecimento de um supermercado. Conforme os produtos vão sendo vendidos, os espaços vazios vão sendo reabastecidos. Normalmente são utilizados cartões para sinalização e funcionamento em um quadro. Abaixo um exemplo de quadro Kanban, para o desenvolvimento de software:
WiP
Outra definição importante é a de WiP, que significa Work in Progress, ou seja, o trabalho em andamento ou progresso naquele determinado ponto do processo. O WiP precisa ser limitado, pois estudos comprovaram que, quanto maior o número de tarefas em andamento em determinada parte do processo, maior é o lead time [Gomes, 2013].
Lead Time é o tempo em que uma tarefa fica em execução, isto é, do backlog ao feito (done), na figura 1. O objetivo é diminuir sempre o lead time, num processo de melhoria contínua.
Vamos agora responder questões sobre o assunto:
(BNB/CESPE/Especialista Técnico – Analista de Sistema/2018) Julgue o item a seguir, relativo à gerência de projetos, de acordo com as abordagens do Kanban:
Quando utilizado para atividades de desenvolvimento de sistemas, o método Kanban ajuda a assimilar e a controlar o progresso das tarefas de forma visual.
Certo ou Errado?
Como estudamos no artigo de hoje, a resposta é CERTO. Isso está representado na figura 1 deste artigo.
Vamos ver mais uma questão para finalizar:
(IF-RS/Técnico de Tecnologia da Informação/2018) Kanban foi criado pela Toyota com o objetivo de controlar melhor os níveis enormes de estoque em relação ao consumo real de materiais. Devido à sua eficiência, muitas empresas adotaram esse sistema para controlar tarefas das equipes do setor de Tecnologia da Informação. A respeito do Kanban, conforme visto em Dooley (2017), classifique cada uma das afirmativas abaixo como verdadeira (V) ou falsa (F) e assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA, de cima para baixo:
- Através do quadro Kanban, compartilhado por todos, torna-se possível visualizar as tarefas com que cada membro da equipe está envolvido.
- Diferente do Scrum, Kanban baseia-se em iterações de tempo fixo. Os projetos são divididos em ciclos semanais denominados Sprints.
- Usa três ideias para influenciar um processo de desenvolvimento: trabalho em andamento (WIP), fluxo de trabalho e o custo médio financeiro.
- Geralmente utilizam-se post-its ou cartões de índice para representar uma tarefa no quadro Kanban.
a) V – V – F – V
b) V – F – F – V
c) F – F – V – F
d) V – V – V – V
e) F – F – V – V
E agora, pare para pensar um pouco que a resposta estará logo abaixo:
A alternativa II está incorreta, pois misturou conceitos da metodologia SCRUM. No KANBAN não existe o termo Sprints. A alternativa III cita custo médio financeiro, que não é abordado nessa metodologia, mas sim o prazo de entrega, logo a alternativa CORRETA será letra B. Dessa forma, encerramos por hoje, e nos próximos artigos vamos falar da metodologia ágil SCRUM.
Até mais e bons estudos!
Professor Washington Almeida
Mestre em Engenharia de Software pelo Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife – C.E.S.A.R. Atualmente é Analista Judiciário na Justiça Federal (TRF1) e Professor. Certificado ISF ISO/IEC 27002. Ocupou a Função de Diretor do Núcleo de Operação de Centros da Dados na Justiça Federal- TRF1. Exerceu o cargo de Coordenador-Geral de Sistemas (DAS 101.4) no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG, servidor público ocupando o cargo de Analista em Tecnologia da Informação – ATI.
Aprovado em diversos concursos para cargos de T.I entre eles:
Agência Espacial Brasileira – Analista em Ciência e Tecnologia. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – Analista em Tecnologia da Informação. TRF 1ª Região – Analista Judiciário Especialidade Informática. Dataprev – Analista de Tecnologia da Informação, Codevasf – Analista em Desenvolvimento Regional – Informática. Ministério das Cidades – Analista de Sistemas. TRT 3ª Região – Técnico Judiciário – T.I. Eletrobrás Eletronorte – Analista de Sistemas. Governo do Distrito Federal – Professor Temporário – Informática.
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