Na última sexta-feira, uma dor imensa bateu à nossa porta quando Vivi, minha esposa, sentiu uma forte dor abdominal que a levou ao hospital. O que inicialmente parecia uma indisposição passageira se revelou uma experiência que nos colocou frente a frente com a fragilidade da vida. Após os exames, recebemos uma notícia inesperada: Vivi estava grávida novamente, apenas nove meses depois do nascimento de Daniel, nosso caçulinha. Foi uma alegria indescritível que durou menos de uma hora – o bebê já não estava mais conosco, e o que se seguiu foi outro choque: Vivi precisaria de uma cirurgia de urgência, pois sua vida corria sério risco.
Hesitamos muito antes de decidir compartilhar esta história, mas sentimos que deve haver um propósito maior em dividir nossa experiência com quem nos acompanha. Talvez nossas palavras possam servir de consolo para alguém que tenha passado ou esteja passando por algo parecido. É o ônus – e também a dádiva – de sermos figuras públicas: nossas experiências, sejam de conquista ou de dor, podem tocar e inspirar outras pessoas.
Na transferência entre hospitais, dentro da ambulância, vivemos um daqueles momentos em que a esperança se manifesta de forma quase imperceptível, mas profundamente significativa. Uma enfermeira nos reconheceu e contou que era aluna do Gran. Com um sorriso, disse que, graças à nossa plataforma, havia conquistado uma vaga de residência. Foi o primeiro lampejo de alegria em meio a tantas lágrimas… Era como se o universo – ou melhor, Deus – sussurrasse: “Não desistam. Há valor na caminhada, mesmo quando ela parece impossível de suportar.”
Mais tarde, já no hospital, outra pequena luz brilhou na escuridão da nossa dor. Soubemos que quase toda a equipe de enfermagem havia estudado em nossa plataforma. Apesar de toda a preocupação que tomava nossos pensamentos, esses pequenos sinais foram nos proporcionando um conforto indescritível. Funcionaram como um lembrete de que, mesmo nas piores dificuldades, a vida encontra maneiras de nos devolver a esperança.
Graças a Deus e à competência das equipes dos hospitais DF Star e Santa Luzia, a cirurgia foi um sucesso e Vivi está se recuperando bem. Voltamos para casa e fomos recebidos por Samuel e Daniel, nossos dois filhos lindos. O simples fato de estarmos juntos nos mostra que há beleza mesmo nos dias mais sombrios. Lembramos que são muitos os motivos para sermos gratos, e não será um episódio triste que nos fará esquecer disso.
Em algum ponto da experiência, a canção “Toda dor é por enquanto” veio à tona. Vivi a mencionou, talvez em busca de consolo, e isso me fez refletir: será que a dor realmente é temporária, ou será que ela apenas se transforma e encontra um cantinho qualquer dentro de nós, passando a nos moldar de maneiras que dificilmente compreendemos de imediato?
Pensando sobre o assunto, concluí que a dor dói – e muito. Ela fere a carne e a alma. No entanto, se a encararmos com humildade e coragem, pode se revelar uma incrível fonte de sabedoria e crescimento pessoal. Parece que até a dor mais aguda, do tipo que corta e paralisa, aos poucos vai sendo assimilada e se tornando parte de quem somos, fortalecendo-nos e preparando-nos para a próxima. Aceitá-la não significa render-se a ela, mas reconhecê-la como inerente à experiência de estar vivo. Significa percebê-la como motor que move nossa evolução enquanto seres humanos imperfeitos.
Quando conseguimos não olhar o sofrimento como fardo, e sim como oportunidade de evolução, algo muda dentro de nós e começamos a enxergar o mundo com mais sensibilidade e a vida com mais gratidão. Antes disso, porém, há todo um processo de cura pelo qual temos de passar. Aceitar a dor não significa pular etapas.
Durante o luto, é fundamental respeitar os próprios limites. Temos de nos permitir sentir, chorar, pedir ajuda se necessário. Saber quando parar, quando descansar e quando seguir em frente é parte da longa caminhada até a serenidade. Trata-se de ser verdadeiro consigo mesmo e com os seus, até que a ferida finalmente vire cicatriz.
Com o Natal se aproximando, é importante lembrar que esta não é apenas mais uma data no calendário, mas um convite para a união e a renovação. Talvez você, como nós aqui em casa, não esteja tendo o fim de ano que planejou, mas fica aqui uma certeza: a dor não é o fim. Ela integra nossa história. Por mais difícil que seja compreender de início, há uma razão maior para tudo que vivemos. A dor pode ser por enquanto, mas as transformações que ela traz têm o potencial de durar para sempre. Que encontremos nelas um amanhã mais forte e cheio de propósito.
Gabriel Granjeiro – CEO e sócio-fundador do Gran. Reitor e professor da Gran Faculdade. Acompanha de perto o universo dos concursos desde muito cedo. Ingressou nele, profissionalmente, aos 14 anos. Desde 2016, escreve artigos semanalmente para o blog do Gran. Formou-se em Administração e Marketing pela New York University Stern School of Business. Em 2021, foi incluído na prestigiada lista da Forbes Under 30. Autor de 4 livros que figuraram entre os best-seller da Amazon Kindle.
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