Olá, querido (a)! Você, com certeza, já ouviu as seguintes construções:
- Moço, tem pão aí?
- Ei, tem gente no banheiro!
- Tem gente que vive fazendo fofoca!
- Vai ter uma festa legal neste fim de semana!
- Tem dois meses que estou aguardando uma consulta.
E sabe o que as três tem em comum entre si? Segundo a norma culta, o mesmo tipo de agramaticalidade! E todas estão associadas ao mesmo vocábulo: TER. Vamos entender um pouco mais sobre o assunto?
O verbo “ter”, na língua portuguesa, possui dois usos correntes e corretos:
- Para indicar posse.
Ex.: Cristiano Ronaldo tem muitos prêmios futebolísticos. (=possui)
- Para ser verbo auxiliar em locuções verbais.
Ex.: Aquele deputado tinha recebido uma mala de dinheiro.
Ex: Os alunos têm de estudar português.
Obs.: Modernamente, a gramática aceita tanto tem de estudar bem como tem que estudar. Na segunda possibilidade, o que é classificado como preposição acidental.
Todavia, o mesmo verbo não pode ser usado para indicar existência, ocorrência ou acontecimento. Por isso que as três primeiras construções apresentadas no início deste artigo estão inadequadas. As formas adequadas seriam:
- Moço, há/existe pão aí?
- Ei, há/existe gente no banheiro!
- Há/existe gente que vive fazendo fofoca!
- Vai haver/ocorrer/acontecer uma festa legal neste fim de semana!
De maneira semelhante, também é incorreto usar o verbo “ter” para indicar tempo transcorrido, como ocorre em “tem dois meses que estou aguardando uma consulta”. O adequado é faz dois meses que estou aguardando uma consulta.
Cabe relembrar que esses são posicionamentos da gramática da língua portuguesa culta e escrita. Eu não recomendo a ninguém chegar a uma padaria e dizer “moço, há pão?”, contudo, ao redigir redações e documentos, é preciso ter um pouco de cuidado e esmero! O bom usuário da língua portuguesa é aquele que sabe como adequar-se aos diversos contextos de comunicação!
Elias Santana
Licenciado em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva Literatura – pela Universidade de Brasília. Possui mestrado pela mesma instituição, na área de concentração “Gramática – Teoria e Análise”, com enfoque em ensino de gramática. Foi servidor da Secretaria de Educação do DF, além de professor em vários colégios e cursos preparatórios. Ministra aulas de gramática, redação discursiva e interpretação de textos. Ademais, é escritor, com uma obra literária já publicada. Por essa razão, recebeu Moção de Louvor da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
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