Após a Aprovação. Por: William Douglas

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Sun Tzu e a Defesa dos Interesses do País

Sun Tzu disse:

“Lembre-te que defendes não interesses pessoais, mas os do teu país. Tuas virtudes e teus vícios, tuas qualidades e teus defeitos influem igualmente no ânimo daqueles que representas. Teus menores erros têm sempre nefastas consequências.”

Wun Dzu disse:

“Lembre-te que defendes não interesses pessoais, mas os do teu país. Tuas virtudes e teus vícios, tuas qualidades e teus defeitos influem igualmente no ânimo daqueles que representas. Teus menores erros têm sempre nefastas consequências.”

Os textos são idênticos e se aplicam após sua nomeação e posse.Você receberá uma série de privilégios, da mais alta conta e validade, para defender os interesses do país. Só quem já foi dono de seu próprio negócio ou empregado da iniciativa privada sabe o quanto o serviço público é generoso. Por piores que possam ser suas desvantagens, o serviço público é uma “mãe” e o governo um excelente empregador.

Tudo a bem do povo, da coletividade.

Você, servidor, tem responsabilidades. Tuas virtudes e teus vícios, tuas qualidades e teus defeitos influenciarão o atendimento ao público, o sucesso da instituição onde trabalha e o próprio futuro do país.

Teus erros terão nefastas consequências. Assim, seja responsável e cauteloso, probo e dedicado.

Continue a ser um grande guerreiro, honrado, soldado de um novo tempo.

As Novas Guerras

O sucesso nos concursos deve ser comemorado e transformado em fonte de bem estar pessoal, familiar e coletivo. No entanto, a aprovação e a posse não resolvem todas as guerras. Existem outras:

  • A guerra do sucesso.
  • A guerra dos espelhos flutuantes.
  • A guerra silenciosa.

1. A guerra do sucesso

A primeira guerra é concomitante com a dos concursos. Há vários tipos de sucesso: pessoal, social, profissional, financeiro e espiritual. O concurso não resolve todos eles, embora possa ajudar bastante. Assim, cabe a você administrar seus esforços e “campanhas militares” para se sair bem nas diferentes frentes.

Após resolver o problema imediato, de sustento, cabe indagar se o cargo é o que você quer ou o caminho (escada, sustentáculo temporário ou perene) para outro cargo ou atividade.

Com sabedoria, o cargo pode trazer parte do sucesso pessoal, profissional e financeiro. Contudo, como indica a pirâmide de Maslow, a pessoa, a cada grau atendido, buscará degraus superiores, conforme o diagrama a seguir:

Como dizia Abraham Harold Maslow:

“Um músico deve compor, um artista deve pintar, um poeta deve escrever, caso pretendam deixar seu coração em paz. O que um homem pode ser, ele deve ser. A essa necessidade podemos dar o nome de autorealização.”
Acrescento que o artista não precisa só pintar.

Esse sentido de auto-realização pode ser resultado de uma série de prazeres e atividades distintas. E, repare, é possível grande realização pessoal no serviço público quando se compreende a grandeza e honrabilidade de sua natureza. Conheço muitos servidores que se realizam com o que fazem, alcançando formas de “sentido de vida”. Pode ser o seu caso. Se não for, existirá o desejo interno disso, e você precisará encontrar outros oásis.

Há profissionais, servidores públicos ou não, que limitam sua realização profissional ao trabalho ou a bens materiais. É um direito, claro, mas algo muito pobre, se comparado com a possibilidade de ter família, amigos, servir à coletividade etc.

O sucesso deve ser buscado, mas não antes de se escolher qual o tipo de sucesso que você deseja. O sucesso é, para uns, a competência para outros, um automóvel do ano. E para você: O sucesso profissional nem sempre é necessariamente financeiro, e o que não faltam são exemplos de pessoas bem sucedidas profissionalmente e que não sabem administrar seus ganhos financeiros. Por fim, cito o sucesso espiritual, que é encontrar sua forma de conviver com a divindade (e qual divindade). O sucesso pessoal não deve ser apenas intelectual, mas também abrange a saúde, sem a qual de nada adiantam as demais formas de sucesso, salvo a espiritual.

Não quero me alongar nesse tema, mas precisava tocar nesse ponto: busque sucesso, seja um sucesso hoje, não dependa de fatos ou acontecimentos futuros para aproveitar a ais, ao planeta e ao que a vida tem para oferecer.

2. A guerra dos espelhos flutuantes

A segunda guerra começa no dia da posse. A primeira parte dela é aprender o serviço, realizar cursos, adquirir experiência e até conseguir as remoções para onde preferir. Nesse íterim, a outra grande batalha já estará se configurando: que tipo de servidor você será.

Você pode ser péssimo, ruim, mediano, normal, bom ou excelente. Isso é uma escolha sua. Não depende de quanto você ganha nem de quais os meios que estão a sua disposição. É uma questão individual sobre quem você é, sobre o que faz quando tem poder e segurança.

John F. Kennedy recomendava: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por seu país.” O país já concede boas coisas aos servidores públicos, e elas não só são justas como ainda podem ser aperfeiçoadas. Mas o servidor deve retornar à sociedade o que tem de vantagens garantias e prerrogativas.

Nesse ponto é que ocorre uma guerra: quem você vai ser quando passar…

Falo isso não por ser um exemplo. Não sou. Poderia dizer, como Dicky Fox, no filme Jerry Maguire (1996):

“Ei… eu não tenho todas as respostas. Na vida, para ser honesto, eu falheir tantas vezes quantas tive sucesso. Mas eu amo minha mulher. Eu amo minha vida. E eu desejo para você este tipo de sucesso.”

Falo isso porque lhe desejo um sucesso muito maior e mais pleno que o de passar nos concursos. Eu desejo que você ame sua vida. E que vença a guerra dos espelhos. Falo nisso, pois há momentos em que o homem se vê diante de si mesmo, como num espelho, e aquilo que ele vê é o que lhe permite viver em paz e dormir tranquilo.

É como se houvesse espelhos flutuantes com os quais você se defronta nos momentos de desatenção, crise ou meditação. Nessas horas, quem você é, em quem você se transformou ou em quem você quer se transformar pode ser sua salvação.

Outra característica dos espelhos flutuantes é que eles não têm preço. Não há como mensurar pecuniariamente a tranqüilidade diante do espelho. Por isso, existem pessoas que são incorruptíveis. Por isso, existem pessoas que agem de maneira correta mesmo quando não estão sendo observadas. O espelho as observa. É um assunto pessoal, ou um assunto entre elas e Deus.

Com ou sem o concurso, por meio dele ou diretamente no exercício dos cargos, crie um estado pessoal de valor. Ponha seu mundo em ordem, encontre graça, descubra o que lhe dá gratificação, prazer e alegria. Encontre uma forma de, enquanto luta, ao final do dia, dormir o “sono dos justos” mesmo que seja apenas a sua justiça modesta e diária.

Prepare-se para mirar no espelho e se orgulha das guerras nas quais luta. Encontre uma forma de ser feliz. Esta verdade foi dita, com outras palavras e outra metáfora por Oliver Stone, no filme Wall Street, no qual o personagem Lou Mannheim (Hal Holbook) diz para Buddy Fox (Charlie Sheen): “Olha, eu gosto de você, mas lembre-se de uma coisa: o homem fita o abismo. Nada olha de volta para ele. Nesse momento, o homem encontra seu caráter. E isso é o que o mantém fora do abismo.”

Não sei como você chamará esse conceito: espelhos, abismos… Mas vale a pena pensar nisso.

3. A guerra silenciosa

Chamo a guerra silenciosa de “a revolução”. Tenho medo de falar nela e parecer piegas, mas ou corro o risco ou fico quieto. Eu sinto falta de mais pessoas crendo e trabalhando por dias melhores. Como disse Martin Luther King Jr, o problema não é a ação dos maus, mas a omissão dos que deviam fazer alguma coisa pelo bem. Não sou santo, nem perfeito, mas quero um país melhor e creio que as pessoas de bem são a maioria. Acho possível mudar alguma coisa. A vida seria muito ruim sem essa expectativa-possibilidade.

Não tenho medo, porém de me acusarem de pregar uma utopia. Prefiro uma utopia sincera e pragmática do que uma acomodação pessimista. Não é de minha natureza ficar quieto. Creio em utopias: já li sobre algumas que se concretizaram. Daí, vinda de uma maioria silenciosa e que deseja o bem, vinda de diversos extratos sociais, entre os quais o poderoso conjunto dos servidores públicos, creio em uma mudança cultural, ética e de valores que se sustente numa evolução coletiva. Uma revolução silenciosa e invencível.

Creio nesse tipo de mudança e vejo sinais de seu desenvolvimento, de forma clandestina e silenciosa, nas tramas teciduais deste país. Quero viver para vê-la, prevalecer e por fim poder soltar meu riso. Acho que os brasileiros estão cansados. Resta saber se irão se levantar para mudar alguma coisa. Não uma mudança sangrenta ou repentina, mas natural e feita sem salvadores nem gênios. Creio muito na revolução gradual, amadurecida.

Não concordo com o “sistema” e quero destruí-lo. É um sistema injusto e ele é meu inimigo. Todavia, o sistema é poderoso e só com poder é possível subjugá-lo e bani-lo. E, claro, como qualquer guerrilheiro sabe, o melhor lugar para combater um sistema é dentro dele. Sun Tzu, por exemplo, dizia que os espiões “são os elementos mais importantes de uma guerra”.

E aqui surge meu interesse militar em você, concursando, futuro servidor público. Você já faz parte do sistema e em breve será ainda mais importante dentro dele.

Você terá muito poder, qualquer que seja seu cargo. Você poderá usá-lo para o bem ou para o mal, seu e de todos. Todo concurso concede algum tipo de poder, mas nenhum consegue avaliar honestidade, honra ou o sentimento de compaixão, solidariedade e empatia. Afinal, são decisões pessoais alteráveis a qualquer tempo. Embora possam decorrer do conhecimento e da sabedoria, não são aferíveis em provas e concursos.

Meu sonho é que alcancemos dias em que os servidores cumpram seus deveres. Sem heroísmos nem exageros, embora ser bom e honrado me pareça uma forma de heroísmo.

Servidores normais, comuns, mas com honra e compaixão resultarão em um país mais justo e digno: agirão com correção e serão, à medida que cada vez mais numerosos, invencíveis. Uma elite.

Desejo uma revolução, silenciosa, construída aos poucos por um novo exército. Um exército de guerreiros treinados, competentes, disciplinados e de fibra. Fibra que foi necessária para a aprovação e que será necessária, em outro formato, para o cotidiano. Pode parecer utopia, mas creio mesmo na revolução que começa no metro quadrado que casa um ocupa.

Se me permite a intromissão em sua vida, após a vitória na guerra dos concursos, sugiro que se aliste de forma simples e sóbria na guerra por dias mais justos. Isso lhe trará alguns dilemas, mas bastante auto-realização e sentido de existência e serviço. Confio no que a Bíblia diz: “os que trabalham para o bem dos outros encontrarão a felicidade” (Provérbios 12:20, NTLH)

Você será, em breve, poderoso. Em se estivermos unidos num mesmo projeto, casa um fazendo a sua parte, seremos mais poderosos do que os mais admiráveis exércitos da história de todas as guerras. Um novo exército. Uma nova revolução. A melhor de todas. Uma revolução que é possível. A história mostra desafios de monta superados, revoluções bem sucedidas deitas pelo povo.

Viajo bastante pelo exterior e me incomoda profundamente o quanto nos acomodamos com pouco, em um país tão rico. O quanto aceitamos tanta miséria, exploração e distribuição de renda iníqua. Mudar é uma guerra.

Esse é um desafio, e ele vale a pena porque diz respeito a nosso lugar e a nosso tempo. Se o vencermos, poderemos dizer, como Paulo: “combati o bom combate”. E, se não lograrmos êxito, ao menos teremos dado nossa contribuição, tal como Moisés, que não pisou na Terra Prometida, mas a viu ao longe.

Juscelino Kubitschek, por exemplo, disse:

“Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das mais altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu País e antevejo esta alvorada, com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino.” (g.n.)

Acho que podemos lançar os olhos mais uma vez sobre o amanhã de nosso país para ver essa desejada alvorada, e fazer isso como fé inquebrantável e uma confiança sem limites no grande destino, E, ao colocar em prática a revolução, não só ousar sonhar, mas ousar realizar a nossa parte. Eu tenho fé num país mais decente e sugiro que você tenha fé: em Deus, em si mesmo, no serviço público e no país.

Ajude a pôr nosso mundo em ordem.

Creio que os servidores podem fazer uma revolução no serviço público, a começar pelo metro quadrado que casa um ocupa. Falo mais sobre isso na página sobre a Revolução, mas sugiro cinco compromissos pessoais para ajudar na revolução. Digo “pessoais” porque não é algo que dependa de um líder, casa um pode ser seu próprio líder.

  • 1. Ser um bom Servidor Público
  • 2. Tratar o público com educação e respeito
  • 3. Melhorar a operação
  • 4. Ser proativo
  • 5. Ser honesto

Se você for um bom servidor, estaremos no caminho certo.

Como disse Gandhi:

“Seja a mudança que queres ver no mundo”.

Você já terá uma série de vantagens. Ninguém melhor que você, então, para ouvir o conselho de John F. Kennedy:

“Não pergunte o que o seu país pode fazer por você. Pergunte o que pode fazer pelo seu país”.

Peço desculpas por citar, nesta conclusão, meus sonhos e minha fé, por confessar uma sublevação. É que acredito nas palavras e no poder que elas transmitem.

Convido-o a ser, depois da posse, um guerreiro honrado, modesto mas firme, soldado de um novo tempo.

A revolução virá.

William Douglas

Confira a palestra do professor William Douglas sobre Como Passar em Provas e Concursos:


Willian Douglas é conhecido nacionalmente como o Guru dos Concursos. É Juiz Federal, Titular da 4ª Vara Federal de Niterói – Rio de Janeiro. Proferiu palestra para mais de 1.400.000 pessoas. Autor best-seller, vendeu mais de 1.000.000 de livros. Possui larga experiência na realização de provas e concursos públicos, sendo aprovado em diversos certames, entre eles: Juiz de Direito/RJ (1º colocado), Defensor Público/RJ (1º colocado), Delegado de Polícia/RJ (1º colocado), Professor de Direito, na Universidade Federal Fluminense – UFF (4º colocado) Analista Judiciário/TRF da 2ª Região (5º colocado) e Juiz Federal/TRF da 2ª Região (8º colocado).

 

 


 

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