O português é apaixonante, devido às suas interpretações e polêmicas. É inegável que há muitos caminhos obscuros no entendimento de nossa língua materna, mas isso nos traz o delicioso desafio de desbravar esse idioma. Perguntas como “o certo é isso ou aquilo?” ou “será que é assim mesmo que se escreve?” fazem parte do cotidiano de qualquer brasileiro. Boa parte dessas dúvidas são suscitadas por meio das particularidades léxicas.
Primeiramente, é importante que você admita dois pressupostos:
- Você vai morrer e não vai conhecer todo o português.
As línguas são vivas! Enquanto você lê este texto, saiba: uma nova estrutura linguística é desenvolvida pelo povo, e uma antiga cai em desuso. Você vai conhecer muito ainda sobre as estruturas do português, mas sempre haverá uma novidade. Você precisa estar aberto ao aprendizado. Afinal, é por isso que vivemos em comunidade, certo?
- Alguns assuntos devem ser memorizados; outros, entendidos.
O ser humano possui um aparato cerebral impressionante e inesgotável. Desconhecem-se todas as potencialidades do nosso intelecto. Mas algo é certo: temos a capacidade de entender e de decorar. Para os assuntos inteligíveis, precisamos estar dispostos ao raciocínio. Para os memorizáveis, devemos ter o hábito da pesquisa.
Polêmicas como alface é um termo masculino ou feminino exigem de você CONSULTA e posterior MEMORIZAÇÃO. Sobre esses casos, preparei uma pequena lista:
– “Alface” é um termo feminino. E quem determina isso é o artigo (a alface);
– “Grama” pode ser um vocábulo masculino ou feminino. Quando masculino, indica a unidade de medida de peso; quando feminino, o vegetal;
– “Tênis” e “ônibus” são exemplos de substantivos que dependem de um artigo para a definição da flexão em número (o tênis/os tênis; o ônibus/os ônibus);
– “Óculos” é um exemplo de pluralia tantum. Em outras palavras, é um termo que é exclusivamente plural (é agramatical expressar um óculos). O mesmo ocorre com parabéns, fezes, costas (com o sentido de dorso).
– Os diminutivos de “moto” e “foto” são, respectivamente, “motinho” e “fotinho”.
Poderíamos ficar aqui o resto da vida apresentando considerações assim. Todavia, existe um livro bastante conhecido que pode te ajudar em qualquer uma dessas situações: o dicionário (eu, particularmente, adoro o Houaiss)! Devemos sair da inércia e buscar o conhecimento (não só perguntando, mas principalmente pesquisando). Também temos disponíveis diversas obras destinadas ao entendimento de questões assim, como dicionário de dificuldades da língua portuguesa, do Cegalla.
Mas existem algumas particularidades léxicas que exigem do falante (ou do escritor) raciocínio e entendimento. E são essas as que frequentemente são abordadas em provas de concursos públicos e vestibulares. Para quase todas elas, alguém neste mundo já criou um macete, capaz de banalizar e reduzir o conhecimento necessário ao esclarecimento perfeito. Algumas pessoas me dizem “professor, deve te doer na alma ouvir alguém falando errado”. Todavia, o que me “dói na alma” é ouvir alguém, de boa cheia, interceptar outro indivíduo com um sonoro “Mim não conjuga verbo! Você não é índio”! Sem querer discutir aqui a parte do preconceito com os indígenas, há algo que, para mim, como linguista, é ainda mais sério: alguém se vale de um conhecimento mal adquirido para podar o potencial comunicativo de outrem. Se o objetivo era corrigir, não houve sucesso. Fora que isso não cria profundos conhecedores da língua portuguesa. Só licencia a existência daqueles que estão sempre prontos a julgar os demais, mas que são incapazes de avaliar os próprios erros.
“Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho?” (Mateus 7, versículo 3)
Você sabia que existe “mim” antes de verbo? E “a medida que” sem crase? E “em anexo”? Muitas polêmicas, não?
Esse será o assunto do segundo episódio do programa Na Ponta da Língua! Você está preparado para se livrar dos conceitos supostamente seguros para conhecer a verdade? Então, vamos juntos! Será um prazer discutir todos esses assuntos em uma pequena aula! Eu te aguardo, sexta-feira, às 12h!
Elias Santana é Licenciado em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva Literatura – pela Universidade de Brasília. Possui mestrado pela mesma instituição, na área de concentração “Gramática – Teoria e Análise”, com enfoque em ensino de gramática. Foi servidor da Secretaria de Educação do DF, além de professor em vários colégios e cursos preparatórios. Ministra aulas de gramática, redação discursiva e interpretação de textos. Ademais, é escritor, com uma obra literária já publicada. Por esta razão, recebeu Moção de Louvor da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
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