Quero apresentar a você uma pessoa que poderia ser rotulada como resiliente, tenaz, insistente, ou qualquer outro adjetivo extraído desse campo semântico. É um ex-concurseiro cuja vontade de ingressar na magistratura era tão grande que ele não desistiu nem mesmo depois de quarenta e duas tentativas fracassadas. Foram nada menos que dez anos de preparação até a tão sonhada aprovação, no quadragésimo terceiro concurso prestado. Talvez outros na mesma situação já tivessem desistido, porém não o meu homenageado de hoje.
Estou falando do doutor Fábio Branda, a quem tive o prazer de entrevistar no meu canal no YouTube. O hoje juiz se define como um teimoso de carteirinha; já eu penso que o seu grande diferencial tem outro nome: persistência. Mas, afinal, o que distingue uma coisa da outra? Até onde a insistência de alguém revela mera teimosia, e a partir de que ponto ganha contornos de perseverança?
Bom, em linhas gerais, persistência é a capacidade de seguir em frente mesmo diante de obstáculos e dificuldades. Há uma razão para continuar lutando, um objetivo claro e palpável que justifica o esforço. Sabe quando um nadador, mesmo cansado e com câimbras, insiste em continuar nadando até alcançar a linha de chegada, depois de ter vencido dois terços da prova? Ou quando um estudante, apesar de ter sérias dificuldades em uma determinada disciplina, segue estudando e buscando novas formas de compreender o conteúdo para não jogar fora tudo que avançou até ali? Isso é persistência.
Na teimosia, por outro lado, não há uma razão plausível para continuar insistindo, e a pessoa pode acabar desperdiçando tempo e energia em algo que evidentemente não vai levá-la a lugar nenhum. É o caso do sujeito que tomou uma má decisão, sabe disso, mas insiste na ideia, apenas para provar que está certo. Retomando a analogia do estudante, é como se ele, ciente de suas limitações em relação a um dado conteúdo, continuasse firme nas velhas e infrutíferas técnicas de estudo e nem sequer tentasse novos métodos.
Em resumo, persistência é virtude, aquela força que nos move rumo aos nossos objetivos, enquanto teimosia é defeito, algo que nos impede de reconhecer o momento certo de mudar de rota e, assim, nos mantém presos num círculo vicioso.
Fábio Branda é exemplo de perseverança na medida em que, a cada reprovação – e, não custa frisar, foram dezenas –, em vez de meramente se conformar, se dedicava a analisar o que não havia funcionado. Com ele não tinha essa de ficar correndo sem sair do lugar. Proativo, tratava de rever as técnicas de estudo, implementava os conselhos dos colegas de missão, ajustava o plano de batalha, sacodia a poeira e partia para mais uma tentativa. Avançava pouco a pouco rumo à aprovação, mas avançava. Assim, quando finalmente conquistou a sua vaga, pôde olhar para trás e ressignificar tudo que vivenciara. Segundo ele próprio nos confidenciou, sua conclusão foi de que uma única aprovação anula todas as reprovações. “Dou um valor danado para o que eu conquistei porque para mim foi muito difícil. Hoje, quando estou no fórum, eu me lembro do que passei e falo: eu estou onde eu queria estar”.
Depois de uma longa conversa com o doutor Fábio, pude identificar três fatores que foram cruciais para sua aprovação no cargo de juiz. O primeiro deles tem a ver com as companhias: nosso imparável pôde contar com o apoio não só da família e de bons amigos como também dos chefes que teve ao longo dos anos de preparação. Caia na real, caro leitor: pouquíssimas pessoas querem mesmo que você seja aprovado em concurso. Uma parcela menor ainda está de fato disposta a ajudar nessa empreitada. E sempre haverá um ou outro que graceje: “Mas você não passou aiiiinda?”.
É preciso tapar os ouvidos para comentários inúteis como esse; afinal, quem sabe da sua luta diária é você. Nesse sentido, escolher bem as companhias é um atalho e tanto. O que importa é que você tenha verdadeiros parceiros ao seu lado, pessoas que atuem como leais escudeiros, e não como vampiros dispostos a sugar toda a sua energia. Acredite, faz toda a diferença caminhar ao lado de pessoas que querem o nosso bem, nos incentivam, apoiam e, quando necessário, confortam.
Outro fator que ajudou demais o doutor Branda foi a experiência prática reunida em cargos como de técnico judiciário, de assistente de junta de conciliação e julgamento, de assistente de juiz, de diretor de secretaria e de assessor de desembargador. Para dizer o mínimo, cada uma dessas experiências lhe propiciou novas formas de compreender como funcionavam no mundo real os conteúdos que vinha estudando. Conhecimento nunca é demais, correto?
Por fim, aquela que talvez tenha sido a decisão mais acertada do nosso imparável: a de estudar em grupo, com os colegas ministrando aulas uns aos outros. Nada como ter de ensinar algo a alguém. Além da necessidade de haver efetivamente compreendido a matéria para conseguir explicá-la a outra pessoa, o assunto ganha outra dimensão, entende? Essa modalidade de estudo oferece outro enorme ganho: a oportunidade de sorver algo da expertise e dos talentos dos companheiros. Quem sabe um deles já tenha aprendido a lidar com uma dificuldade qualquer para a qual você ainda não havia encontrado solução?
O concurso público é um instituto que equipara todo mundo: pobres e ricos; feios e bonitos; gordos e magros; estudantes de escolas públicas e estudantes de escolas privadas… O que interessa mesmo é a decisão de jamais desistir. Nesse sentido, há que ter extremo cuidado com o tal do “se”. “E se houver milhares de concorrentes mais aptos que eu?” “E se concurso público não for para mim?” Perder-se em meio a infinitos ses pode representar o fim de um grande sonho. O ideal é eliminar tantas condicionantes e tomar a decisão de seguir em frente, no próprio ritmo, com resiliência e determinação. Pode até acontecer de a aprovação vir de primeira, mas em regra ela é resultado de um longo processo, e esse processo inclui reprovações, talvez muitas…
Em outras palavras, há um tempo certo para as coisas. Foi pensando assim que o doutor Fábio Branda realizou o seu sonho, ainda que na quadragésima terceira tentativa. Ele não desistiu nem depois de dezenas de insucessos. Sei que pode ser difícil lidar com a frustração, mas lembre-se: o êxito final é uma questão de tempo. A jornada pode ser difícil, mas, como eu já disse em outras ocasiões, está longe de ser impossível. Mantenha o foco e aprenda bastante, inclusive com os erros. Persista, que você chegará lá!
P.S.: Siga-me (moderadamente, é claro) em meu perfil no Instagram. Lá, postarei pequenos textos de conteúdo motivacional. Serão dicas bem objetivas, mas, ainda assim, capazes de ajudá-lo em sua jornada rumo ao serviço público.
Mais artigos para ajudar em sua preparação:
- A motivação supera a inteligência
- Imagine uma nova história…
- Vença o desânimo
- O lado perigoso da comparação
- Quando se sentir fraco…
- Hábitos ruins que estragam vidas
- O valor do capricho
- Comprometimento não aceita meio-termo
- Multidões perigosas
- Não faça tempestade em copo d’água
- Nada supera o trabalho
- Por que estou passando por isso?
- É possível ser imparável?
- Gratidão salva vidas
- Profecia autorrealizável
- A disciplina do Rei Pelé
- Resoluções ou ilusões?
- 7 aprendizados de Jesus para uma vida melhor
- 10 lições em 10 anos de Gran
- 10 anos mudando vidas, e é só o começo
Clique nos links abaixo:
Receba gratuitamente no seu celular as principais notícias do mundo dos concursos!
Clique no link abaixo e inscreva-se gratuitamente: