Quem quer construir algo grandioso precisa fazer um pacto com a solidão. Essa não é uma decisão fácil, pois exige muita renúncia. Envolve abrir mão de encontros casuais e de momentos de lazer com amigos e até com a família, tudo para se dedicar a um objetivo que em certos momentos parecerá inalcançável. No entanto, nessa jornada solitária, é possível descobrir um amigo valoroso: a solitude, um estado de ser que vai muito além do estar só.
Solitude não é o mesmo que solidão. A ideia de solidão evoca sentimentos de tristeza e abandono, bem diferente da noção de solitude, que remete à autossuficiência e à independência. Solitude pode ser definida como uma escolha consciente de estar consigo mesmo. É um espaço que se abre para a reflexão, o autoconhecimento e a reconexão com o próprio propósito.
É no silêncio absoluto em torno de quem escolhe ficar só que se ouvem as verdades mais profundas. Sabe aquela sensação de clarividência, de súbito entendimento de questões complexas da vida e do mundo? Nada como estar sozinho com os próprios pensamentos para experimentar esse tipo de epifania. A pessoa é confrontada com desafios como a necessidade de reconhecer os próprios limites e de lidar com suas reais motivações. Esse diálogo interno, possível apenas na solitude, é uma das ferramentas mais poderosas no arsenal de qualquer um que persiga um grande objetivo.
Entre os concurseiros, a solitude é a moldura que lhes permite mirar, sem distrações, o objetivo traçado. Lidar com a solidão, nesse contexto, requer uma mudança de perspectiva: em vez de encará-la como inimiga, é preciso vê-la como aliada. Acredite, não tardará para você concluir que ficar só pode significar estar na melhor das companhias: a própria. A quietude dos momentos a sós consigo mesmo favorece o florescimento das ideias, a compreensão do mundo, a formação de novas e mais significativas conexões. As peças começam a se encaixar e tudo passa a fazer mais sentido.
Nem por isso será tranquilo fazer essa escolha. A pressão para voltar ao convívio social poderá ser intensa, sobretudo porque fomos programados para interagir com as pessoas. É da nossa natureza, e é salutar que façamos isso. Para piorar, gente da família e amigos próximos talvez não entendam o isolamento voluntário do amigo, filho, neto… Haverá quem diga que estamos exagerando ou nos afastando sem motivo, e, não vou mentir, isso vai doer.
O concurseiro, porém, precisa saber que o que parece renúncia é, na verdade, troca: tempo de qualidade com os outros é trocado por tempo de qualidade consigo mesmo e com o estudo. Mais tarde – ele também sabe muito bem – haverá tempo para curtir os entes queridos, e com muito mais tranquilidade, conforto e sentimento de realização. Então, entre os concurseiros a solitude não funciona como um vácuo, e sim como um terreno fértil. Ao se permitirem algum tempo sozinhos, eles se envolvem de corpo e alma na edificação de um futuro promissor, aproveitando cada nova oportunidade de refletir sobre o andamento dessa (auto)construção, de verificar se as fundações são sólidas e os alicerces estão bem colocados.
Mas, se você é dos que se preocupam muito com o impacto social de tanto tempo longe dos amigos e da família, lembre que estamos falando de fases da vida, que são, em essência, passageiras. Quando chegar a hora, as conexões sociais serão retomadas. Quem ama mesmo você saberá esperar e estará lá depois, por e para você. Digo isso com conhecimento de causa. Acho que nunca comentei, mas eu próprio fiquei anos sem falar com alguns bons amigos durante a construção do Gran e me senti muito mal por isso. O período de isolamento poderia ter minado nossa amizade, mas isso não aconteceu. Ao contrário: quando finalmente a empresa se consolidou, chamei esses amigos para comemorar meu aniversário na minha casa, e, acredite, foi como se tivéssemos nos encontrado no dia anterior. Amizade de verdade é isso! O tempo passa, mas o vínculo permanece.
Além disso, não estou sugerindo que você se torne praticamente um eremita. Equilíbrio é a chave. Um almoço de família aos domingos, um filme com a namorada, uma noite com os amigos da igreja, um momento diário reservado aos filhos, tudo isso renova as energias para seguir estudando. É preciso encontrar o ponto ótimo entre renúncia e proveito: renúncia à convivência e proveito do tempo para se tornar efetivamente competitivo sem prejuízo para a saúde mental.
Quem aprende a lidar com a solitude logo vê nela uma professora importante. A ausência de validação externa ensina a confiar mais em si mesmo, e aos poucos o “solitário” vai percebendo que não é movido pelos aplausos dos outros, mas pela certeza de que o seu esforço valerá a pena. Abraçar a solitude não significa, portanto, afastar-se do mundo e de todos sem propósito, mas conectar-se profundamente consigo mesmo, até se descobrir por inteiro.
No fim das contas, a solitude é uma escolha poderosa para quem pensa grande. Ela oferece o espaço e o silêncio indispensáveis para uma profunda autorreflexão e o desenvolvimento de uma força interna inabalável. Ao abraçá-la, você não apenas se prepara melhor para seus desafios como também se descobre de uma forma que talvez jamais pudesse em meio ao barulho e às distrações do mundo externo.
Então, caro seguidor, amiga seguidora, aceite a solitude não como um refúgio, mas como um campo de treinamento para a mente e o espírito. E lembre-se: mesmo nas jornadas mais solitárias, o sucesso final sempre vale a pena.
Gabriel Granjeiro
Presidente e sócio-fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 15 anos. É autor de livros e artigos que já foram lidos por mais de 1 milhão de pessoas e formou-se com honors em Administração e Marketing pela New York University Stern School of Business.
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