“A língua… é uma ponte que te permite atravessar com segurança de um lugar para outro.”
– Arnold Wesker
Com aproximadamente 280 milhões de falantes em diversos países, a língua portuguesa, também conhecida simplesmente como “português”, é o quinto idioma mais falado no mundo. Segundo dados estatísticos oficiais, fala-se português nos seguintes países, em ordem decrescente de número de falantes: Brasil, Moçambique, Angola, Portugal, Guiné-Bissau, Timor-Leste, Guiné Equatorial, Macau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe.
Em matéria de concurso público, nossa língua-mãe sem dúvida é a disciplina mais cobrada em certames de todos os níveis. Mesmo que ela não seja formalmente parte do conteúdo programático, a proficiência no idioma pátrio é fundamental tanto para a aprovação no concurso como para o efetivo exercício de qualquer cargo público.
“Mesmo que ela não seja formalmente parte do conteúdo programático, a proficiência no idioma pátrio é fundamental tanto para a aprovação no concurso como para o efetivo exercício de qualquer cargo público.”
Em vista disso, depois do Direito Constitucional e do Direito Administrativo, chegou a hora de quebrarmos a banca Cespe/UnB no que diz respeito às provas de Língua Portuguesa. Depois de uma minuciosa análise que nosso mestre Elias Santana fez de doze provas recentes, conseguimos decifrar como essa importante disciplina é cobrada nos concursos do Cespe. Agora você só terá o trabalho de ler nossas conclusões e transformar essas informações no diferencial que lhe faltava para garantir o desempenho definitivo no próximo concurso que enfrentar.
Os concursos objeto de nossa análise foram: DPU/2015 – Analista; DPU/2015 – Assistente Administrativo; TCU/2015 – Auditor; TCU/2015 – Técnico; DPRF/2013 – Agente PRF; PCDF/2013 – Escrivão; PCDF/2013 – Agente; INSS/2016 – Analista; INSS/2016 – Técnico; DEPEN/2015 – Agente; TJDF/2015 – Analista Judiciário; e TJDFT/2015 – Técnico.
Logo no primeiro levantamento, coletamos os seguintes dados, relativos à distribuição dos 224 itens que examinamos: 90 deles (40%) consistiam em questões de interpretação e intelecção de textos; 81 (36%) eram itens sobre gramática; 27 (12%) tratavam de reescritura textual; e 26 (12%) versavam sobre redação oficial, conteúdo extraído diretamente do Manual de Redação da Presidência da República.
Depois de observar mais detidamente as questões, pudemos concluir que a competência mais valorizada pelo Cespe é mesmo a de análise e compreensão de textos (a maioria das questões versavam sobre isso, diga-se de passagem). Mas a banca também avalia os conhecimentos dos concorrentes sobre coesão textual, tipologia dos textos e significação das palavras nos diversos contextos dados. Já em relação ao que ela cobra de gramática, observamos pouca prescrição (nomenclatura técnica e metalinguagem). Percebemos que, em geral, as questões exigem do candidato a descrição do fenômeno gramatical apresentado em determinados trechos do texto-base.
“Em síntese, podemos afirmar que a banca Cespe/Cebraspe costuma equilibrar itens sobre gramática e sobre texto nos concursos que organiza. Além disso, é correto dizer que, em termos absolutos, nas provas dessa banca questões de reescritura são mais frequentes do que sobre redação oficial, embora em nossa amostra elas estivessem tecnicamente empatadas.”
Em nosso escopo de questões sobre reescritura, foi possível separar as questões entre as que se restringiam a tópicos sobre teoria textual e aquelas cujos assuntos tangenciavam também conhecimentos de gramática. No fim, constatamos que uma quantidade significativa delas estava ligada a noções de gramática. Em síntese, podemos afirmar que a banca Cespe/Cebraspe costuma equilibrar itens sobre gramática e sobre texto nos concursos que organiza. Além disso, é correto dizer que, em termos absolutos, nas provas dessa banca questões de reescritura são mais frequentes do que sobre redação oficial, embora em nossa amostra elas estivessem tecnicamente empatadas.
Também destrinchamos as provas para descobrir em que proporção as regras gramaticais foram cobradas. Constatamos que, dos 81 itens do tipo “certo ou errado”, 12 (15% do total) tratavam de morfossintaxe; outros 12 (novamente 15%), de concordância nominal e verbal; 14 (17%), de pontuação; 7 (9%), de vozes verbais e das funções do “se”; 6 (7%), de crase; 5 (6%), de período composto; 6 (7%), de colocação pronominal; 2 (2,5%), de emprego dos tempos e modos verbais; 7 (9%), de semântica e de substituição de conjunções; 2 (2,5%), de acentuação gráfica; e apenas 1 (1%), de regência verbal. Identificamos, ainda, algumas questões que ao mesmo tempo tratavam das funções do “se” e das regras de concordância verbal.
Em resumo, caro leitor, note que nas provas de Língua Portuguesa o examinador cobra apenas três dos assuntos abordados pelas gramáticas: morfologia, sintaxe e semântica. No mais, você precisa estar bem-preparado para interpretar e produzir textos. Fácil, não é? Brincadeira de criança!
Agora que você já compreendeu que a prova de Língua Portuguesa do Cespe/UnB, embora seja muito importante, não é nenhum bicho de sete cabeças, vamos ficando por aqui. No artigo da próxima semana, mostraremos como essa banca avalia os candidatos em relação à Informática. Teremos a ajuda do nosso professor Maurício Franceschini. Continuemos juntos nesta missão de traduzir em números, dados, informações e gráficos os conteúdos cobrados nos recentes exames da mais conceituada banca examinadora brasileira.
Até a próxima.
“A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo.” Clarice Lispector
Gabriel Granjeiro
Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há quase 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.
Elias Santana
Licenciado em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva Literatura – pela Universidade de Brasília. Possui mestrado pela mesma instituição, na área de concentração “Gramática – Teoria e Análise”, com enfoque em ensino de gramática. Foi servidor da Secretaria de Educação do DF, além de professor em vários colégios e cursos preparatórios. Ministra aulas de gramática, redação discursiva e interpretação de textos. Ademais, é escritor, com uma obra literária já publicada. Por esta razão, recebeu Moção de Louvor da Câmara Legislativa do Distrito Federal.