Drenos servem, em essência, para escoar líquidos de um lugar para outro. Na construção civil, são canais, valas ou similares através dos quais se retira o excesso de água dos terrenos; na medicina, são aqueles tubinhos de plástico, borracha ou silicone usados para conduzir secreções como pus e sangue para fora do corpo. No primeiro caso, viabilizam o uso da terra; no segundo, cumprem função ainda mais importante: salvar vidas.
Infelizmente, porém, nem todo dreno é útil assim. Alguns são, aliás, bastante nocivos. Atrapalham mais do que ajudam. É o caso daqueles que, personificados em alguém da nossa confiança, drenam toda a nossa energia. Sem meias-palavras, é o caso daqueles homens ou mulheres que se aproximam de nós para, a título de “conselho” ou de uma “palavra amiga”, minar nossa vontade de lutar.
Quem nunca conheceu uma pessoa meio “vampira”, do tipo que parece sugar toda energia vital a sua volta? Quem nunca teve de lidar com algum resmungão e derrotista, alguém absolutamente incapaz de ouvir e, ao mesmo tempo, hábil em tirar a paz dos outros e fazê-los perder o seu precioso tempo? Quem de nós nunca conviveu com um parente ou amigo cuja maior habilidade era abalar a nossa saúde física e mental? Gente assim esgota nossa força, acaba com nosso ânimo, mata nossa vitalidade, nos deixa secos, nos abandona à míngua.
Se você convive com pessoas como essas, saiba que gerenciar sua relação com elas é sua missão precípua – isso, é claro, se você quer preservar seu vigor e, principalmente, sua paz de espírito para continuar perseguindo os sonhos que lhe são mais caros. O risco de não afastar de si esses tipinhos é terminar assentindo para tudo que eles impõem e, de repente, se ver afogado em aborrecimento, estresse e, sobretudo, desânimo. Quem entra nesse pântano logo atola, tornando-se ainda mais vulnerável aos perigos ali em torno. Refém das circunstâncias, vai esquecendo a própria essência.
Ou seja, enquanto você não se livrar dos drenos que expulsam da sua alma tudo que há de melhor nela, você mais perderá do que ganhará. Tudo bem, alguns sentimentos negativos são, sim, normais, dada a nossa condição humana, mas permitir que eles nos dominem e ditem nossos próximos passos – ou a completa ausência deles – não é nada razoável. Não há espaço para tolerância, aqui, entende? A negatividade que algumas pessoas carregam consigo deve ser repelida por nós a qualquer custo, ainda que isso signifique alguns rompimentos, indispensáveis ao processo de cura.
Nossa luta deve ser, então, contra os drenos que se camuflam em inveja, ciúme, decepção, ódio, medo, vergonha, desesperança, ressentimento, porque eles funcionam como canais que expelem seus opostos. A guerra alcança, ainda, as pessoas que semeiam esses sentimentos em nosso coração. São elas os drenos mais nocivos que há, porque trazem em si uma avassaladora intenção de destruir. Não permita que elas roubem a sua energia e, na sequência, inflamem o sangue que corre em suas veias de modo a distorcer sua percepção da realidade.
Algo que os drenadores de energia, de tempo e de saúde têm em comum é o perfil “reclamão”. Se um deles surgir no seu caminho, uma boa ideia é construir mentalmente uma parede entre vocês. Acredite, os resmungos e gracejos ricochetearão nela e, então, se dissiparão. Também pode ser bom criar o hábito de confrontá-lo, perguntando o que fará para resolver o problema de que tanto reclama. Nessas horas convém pressionar os botões da paciência, da sabedoria, da justiça e da humildade, porque o monólogo será longo…
Para lutar contra a negatividade dos drenadores, evite, ainda, se comparar com terceiros e até consigo mesmo em situações diferentes. Afinal, em contextos outros, as decisões e escolhas também seriam diversas. Agindo assim, é possível minimizar os níveis de estresse e maximizar a sensação de autorrealização. O resultado? Mais felicidade, maior positividade e saúde física e mental em dia.
Agora, se é para manter alguns drenos, que sejam aqueles destinados a expulsar sentimentos nada nobres como raiva, apatia, ansiedade, letargia e desejo de vingança. O autocontrole é indispensável, pois permite discernir o que é moralmente bom, independentemente das circunstâncias – é a mantença da paz em meio aos infortúnios e à negatividade. O filósofo Sêneca já ensinava: “Um bom caráter é a única garantia de eterna e despreocupada felicidade.”
Ah, e não tente controlar o incontrolável. Se algo é incontrolável, qualquer tentativa de controle resultará em fracasso, e desse decorrerá sofrimento. Aja, portanto, de acordo com os próprios valores independentemente do que aconteça. Limpe-se da negatividade com as energias positivas da compaixão, da coragem, do perdão, da fé, da solidariedade, da temperança e da prudência.
Vamos juntos, com o alerta ligado para discernirmos o que são drenos bons, ruins e indiferentes.
“Faça o melhor com o que estiver em seu poder e apenas aceite o que vier a acontecer. Algumas coisas estão ao nosso alcance e outras coisas não estão.” – Epiteto (55 d.C.-135 d.C.), filósofo grego.
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