Liberte-se do fatalismo

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Você é uma pessoa fatalista? Acredita que os caminhos já foram traçados e  que não há muito a fazer para mudar o rumo das coisas? Certezas como “eu nasci assim”, “não há solução para os meus problemas”, “preciso de uma oportunidade, mas ninguém me abre portas”, “não vou nem tentar, porque já sei que vai dar errado” costumam passear por sua mente?

Claro que de vez em quando é normal adotarmos postura um pouco fatalista. Faz parte do nosso instinto de sobrevivência. Às vezes as dificuldades são tantas, que um pensamento mais nebuloso chega chegando… Sem convite – e não raro sem ser notado – invade nossa mente e se instala por ali. O perigo não está em dar vazão a esses sentimentos uma vez ou outra; está, sim, em permitir que eles nos definam.

É difícil, mas temos de nos policiar quanto a isso. Para vivermos algo improvável – isto é, desejado por muitos, mas alcançado por poucos –, não podemos corroborar a máxima de que o destino é inexorável. Sem essa de que o curso dos acontecimentos escapam totalmente à vontade humana! O livre-arbítrio existe; ou seja, podemos fazer nossas escolhas, assumir o protagonismo de nossa história, sair da inércia e retomar nossa jornada de onde quer que tenhamos parado. Certo, não controlamos tudo em nossa vida, mas alguma condução sobre ela nós temos.

Compreendo que não seja nada fácil ignorar pensamentos fatalistas, especialmente em tempos de tantas agruras como o que a humanidade vem atravessando nos últimos anos. Embora a pandemia de covid-19 e a recente guerra entre Rússia e Ucrânia façam parecer que perdemos boa parte do comando sobre nosso presente e futuro, não podemos nos furtar a ao menos tentar segurar firme o leme desta nau quase à deriva.

O psicólogo Viktor Frankl (1905-1997) já advertia: “Pode-se retirar tudo de um homem, exceto uma coisa: a última das liberdades humanas – escolher a própria atitude em qualquer circunstância, escolher o próprio caminho”. O austríaco dizia mais: “Quando a circunstância é boa, devemos desfrutá-la; quando não é favorável, devemos transformá-la; e, quando não pode ser transformada, devemos transformar a nós mesmos”.

Precisamos, sim, sair do caminho que se guia pelo medo e enveredar por outro, construído sobre a esperança. É tirar da estrada o que atrapalha nosso avanço.

Mas como?

Primeiro, declarando com assertividade para si e quem mais queira ouvir: “Quero mudar dentro de mim os pensamentos fatalistas. Não continuarei a dar espaço para que eles bloqueiem a trilha que escolhi seguir, no mínimo até que eu tenha cumprido minhas metas improváveis e alcançado qualidade de vida acima da média.”

Segundo, convencendo-se – de verdade – de que em nenhuma hipótese perderá a esperança, não importam as dificuldades que surjam. Sim, porque quem perde a esperança se torna escravo da própria melancolia.

Terceiro, dando um passo de cada vez até deixar toda a turbulência para trás. Apareceu um novo obstáculo no caminho? Repita para si mesmo, ainda que baixinho: “Eu posso, portanto eu serei”. Seu objetivo é ingressar no serviço público? Então o mantra é: “Eu posso ser um servidor, portanto eu serei”.

Quarto, ficando “grávido” do futuro. Carregue no ventre a semente da esperança, nutrindo-a com toda a fé que você tem. Acredite pra valer no seu potencial, que no tempo certo o destino reservado para você se fará valer.

Quinto, tornando-te “quem tu és”, como ensinava o filósofo Friedrich Nietzsche. É se jogar no mundo e explorar a própria existência; é usar sua vontade como potência, como força motriz a guiá-lo na ação; é esculpir devagar e sempre a melhor versão de si mesmo à medida que amadurece, erra, aprende, vive. É cultivar-se como ser humano e fazer crescer dentro de si uma determinação que talvez não viesse a existir se você ficasse eternamente apenas no aguardo. Como também dizia Nietzsche: “Temos de precisar ser fortes, senão nunca nos tornamos fortes”. Certamente você precisa ser forte. Vá lá e descubra a força que tem em si, traçando o seu próprio destino, caminhando, fazendo.

Meu caro leitor, minha querida leitora, com esperança, fé e disposição para dar pequenos passos todos os dias qualquer um consegue superar o fatalismo e viver o improvável. Melhor ainda se a pessoa nunca deixar de espalhar amor e de praticar o bem, porque há algo de misterioso no Universo que é cúmplice dos que fazem boas obras, ainda que isso, num primeiro momento, não fique tão evidente.

Há poucas certezas na vida, e talvez a principal delas seja a de que um dia não estaremos mais por aqui, no plano terreno. Mas veja: podemos chegar a esse único destino inevitável desesperançosos, desgostosos e amargurados. Ou podemos alcançá-lo vindos de uma estrada marcada por grandes aprendizados e – quem sabe – inúmeras conquistas que gradativamente tenham mudado pra melhor nossa vida e a da nossa família.

Escolha o seu caminho.

“Não existe um caminho traçado que leve o homem à sua salvação; ele precisa inventar incessantemente seu próprio caminho. Mas, para inventá-lo, ele é livre, responsável, autêntico e todas as esperanças residem dentro de si.” – Jean-Paul Sartre (1905-1980), filósofo e escritor francês

 

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