Qual carreira pública devo escolher?

Por
7 min. de leitura

Sua tarefa é descobrir o seu trabalho e, então, com todo o coração, dedicar-se a ele.” Buda

Nossos alunos sempre vêm até nós em busca de conselhos sobre qual carreira devem seguir, sobre qual concurso devem prestar. São tantas oportunidades, nos três poderes da República, em todas as esferas de governo e nos diversos órgãos, entidades e empresas estatais, que, de fato, a decisão não é nada fácil. Além disso, é praticamente impossível encontrar uma resposta objetiva sobre qual é o melhor cargo público no Brasil, já que ela depende muito da vocação de cada um. Claro que há atrativos bem concretos que devem ser levados em consideração pelo candidato, como o valor da remuneração e a quantidade e qualidade dos benefícios que cada carreira oferece. Esses fatores pesam bastante na decisão sobre o melhor caminho a seguir, mas, como já deixamos claro em outros artigos, a decisão não pode ser tomada exclusivamente com base neles. 

Refletindo sobre a dificuldade que muitos têm em decidir por uma ou por outra carreira pública, decidimos falar sobre o assunto em nossas próximas conversas com você que nos acompanha semanalmente neste espaço. Nossa ideia é oferecer aos candidatos indecisos alguns subsídios que podem ajudá-los a escolher o melhor caminho no funcionalismo público. Com isso em mente, pensamos que seria bom começar pelos relatos de quem já atua no serviço público, em órgãos ou entidades onde nossos alunos estão cogitando ingressar. Acreditamos que não há nada melhor do que dar ouvidos a quem já é servidor, para compreender como é a vivência e o dia a dia de quem tem o cidadão como patrão.

Para nosso orgulho, aqui, no Gran Cursos Online, temos o privilégio de contar com um grande  –  senão o maior  – quadro de professores-servidores do Brasil. Como você sabe, muitos dos nossos mestres são também servidores públicos das mais diversas carreiras. Então, encaminhamos a eles duas perguntas bem básicas, cujas respostas podem ser determinantes para quem ainda está indeciso sobre qual carreira abraçar. Na primeira pergunta, questionamos o que levou o entrevistado a decidir pela carreira que seguiu. Na segunda, perguntamos quais requisitos e atributos o candidato que deseje ser feliz na carreira escolhida não pode deixar de reunir. 

Neste primeiro artigo, ouviremos os professores Adriano Barbosa e Marcelo Borsio, delegados da Polícia Federal; Marcelo Aragão e Egbert Buarque, auditores do Tribunal de Contas da União; Karine Waldrich e Paula Gonçalves, auditoras-fiscais da Receita Federal do Brasil; e Jean Marcel, diplomata. No da próxima semana, falaremos um pouco sobre as carreiras jurídicas, policiais, militares, bancárias, das Forças Armadas e dos tribunais, também com relatos de professores atuantes nas áreas.

Nosso primeiro entrevistado, o professor Adriano, escolheu a carreira de delegado da Polícia Federal por vocação e absoluta convicção. O fato de o ocupante do cargo exercer atividades bastante dinâmicas foi determinante para a decisão de Adriano, que também já foi militar oficial do Exército Brasileiro. Além disso, ao mesmo tempo que ele não nega que almejava o poder inerente à carreira, sempre nutriu o desejo de fazer a diferença na vida das pessoas e de promover o bem e a justiça.

Adriano faz uma alerta: para ser delegado de polícia, é preciso, acima de tudo, estar vocacionado para essa carreira. O candidato deve ter absoluto respeito pelo interesse público e estar disposto a sacrificar os interesses pessoais na busca diária pela proteção do outro e do coletivo. Para ser feliz na profissão, é preciso ser apaixonado pela missão de ajudar o próximo. Trata-se de se dedicar integralmente para que a “sociedade possa conviver em paz e livre dos que afrontam a lei e ferem os direitos individuais e coletivos”, conclui.

No caso de Marcelo, outro delegado do nosso quadro de professores, seguir a carreira na Polícia Federal já era um sonho antes mesmo do seu ingresso na graduação em Direito. “[Eu] tinha a intenção de ser delegado da Polícia Federal em virtude de poucos contatos que tive com o pai (delegado federal) de um cadete, nosso amigo, na época que em que eu cursava a Academia de Polícia Militar do Barro Branco”. O pai desse colega falava sobre a profissão com muita paixão, o que incentivou o professor Marcelo a seguir a carreira. Ele não se arrepende nem um pouco de ter feito tal escolha. “Trabalho no cargo dos meus sonhos e sou plenamente realizado. Investigo crimes previdenciários cujo contexto tenho pleno domínio e me considero bem apto para tal mister”, diz.

Se você tem interesse em se tornar delegado de polícia, confira AQUI uma matéria detalhada sobre todos os concursos em andamento ou previstos na área. Todos os anos são abertos vários certames para as diversas carreiras dela, uma vez que há delegados de polícia em todos os 26 estados, no Distrito Federal e na Polícia Federal.

De início, a nossa professora Karine decidiu se tornar auditora-fiscal por causa da alta remuneração que a Receita Federal oferece. Entretanto, após pesquisar mais sobre a carreira, o que passou a atraí-la foi a amplitude das atribuições do cargo. A então concurseira descobriu que poderia trabalhar em várias áreas, desde, por exemplo, com o desembaraço de mercadorias na alfândega, até com a investigação de casos de corrupção. Outro atrativo foi a possibilidade de trabalhar em qualquer lugar do Brasil. Para ela, os requisitos indispensáveis para exercer com responsabilidade e integridade o cargo são capricho e honestidade, além de disposição para aprender e de muita humildade, sobretudo para lidar com as próprias falhas.

Já Paula nos confidenciou que quis ser auditora motivada, num primeiro momento, pelo que conhecia da carreira e pelos atributos pessoais que identificava em si mesma. Mas o que foi determinante, mesmo, para sua tomada de decisão foi a vontade de trabalhar naquela que considera a melhor carreira do Executivo federal. Ela alerta que o principal atributo para quem deseja ser aprovado para uma vaga de auditor é a persistência. O candidato deve encarar a preparação com muita seriedade e escolher bem o material de estudo. Ela se considera feliz na RFB. “Lá é um mundo, e dentro dele você pode fazer quase tudo: fiscalização, serviço de inteligência, solução de processos, emissão de pareceres, arrecadação. Até [se tornar] adido em uma embaixada no exterior é algo que pode acontecer”, diz.

Confira AQUI mais detalhes sobre todas as oportunidades abertas e previstas para as carreiras fiscais. E clique AQUI se você quiser informações específicas sobre os concursos da Receita Federal, cujo edital possivelmente sairá no fim do segundo semestre de 2017 ou no início do primeiro semestre de 2018.

Nosso professor Marcelo Aragão optou pela carreira de auditor federal de Controle Externo do TCU por ter se identificado com a atividade de controle e auditoria governamental. Segundo ele, “[nesse cargo] podemos contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços públicos oferecidos aos cidadãos”. A carreira é, de fato, muito valorizada, e o TCU é uma instituição de referência no setor público federal, um centro de excelência e modelo a ser seguido.

Segundo Marcelo, o candidato a auditor deve pensar no bem comum em primeiro lugar e ter sempre em mente que o papel do servidor que atua nessa área é servir à sociedade e zelar pela boa e regular gestão dos recursos públicos. “Para bem exercer nossa atividade e ter sucesso na carreira, um requisito importante é saber trabalhar em equipe e ter espírito de colaboração com os colegas e a instituição. Essa habilidade pessoal ou interpessoal é fundamental para um auditor”, diz. Ele destaca, ainda, a necessidade de atualização contínua e de busca de novos conhecimentos para estar sempre apto a realizar trabalhos em diversas áreas, e com qualidade. “Dessa forma, o profissional se sentirá útil e valorizado. O TCU é uma instituição, um órgão independente – auxiliar do Legislativo federal – que procura sempre reconhecer e recompensar o bom desempenho”, resume.

Egbert, outro professor daqui do Gran Cursos Online que escolheu a carreira do TCU, relata que o fez por considerar a Corte de Contas um excelente local de trabalho e um órgão da maior importância, na medida em que lida com a fiscalização dos gastos públicos. Obviamente, a remuneração, uma das mais altas dentro da Administração Pública federal, também pesou bastante na decisão, sem contar a possibilidade de estudar no Instituto Serzedello Corrêa. A Escola Superior do Tribunal de Contas da União, recentemente inaugurada, é um espetáculo em matéria de instalações para propiciar a aprendizagem organizacional, a capacitação dos servidores, a pesquisa e a inovação da gestão pública e do conhecimento.

Nosso professor lembra a todos os interessados que o concurso para auditor do TCU, se não é o mais difícil de todos, é um dos mais exigentes. O candidato precisa ter muita disciplina e vontade de estudar, tanto para passar no concurso, quanto para, mais tarde, desempenhar satisfatoriamente as atribuições do cargo. Ele ressalta que ser aprovado no concurso é um projeto de médio a longo prazo, mas o sacrifício vale a pena. O TCU já foi muitas vezes eleito o melhor órgão público para trabalhar no Brasil.

Clique AQUI e conheça as oportunidades previstas e iminentes em tribunais de contas de todo o Brasil. E, se o seu interesse for especificamente o TCU, veja AQUI uma matéria sobre a carreira de auditor de lá. O concurso está previsto para 2018.

Passemos para a última carreira a ser abordada em nossa conversa de hoje. O nosso professor Jean, coordenador-científico do projeto do Gran Cursos OnlineVou Ser Diplomata”, conta ter escolhido a carreira diplomática com apenas 12 anos de idade. Ele revela que, ao ler sobre o que um diplomata fazia, identificou-se com o cargo de imediato. O fato é que, desde muito novo, Jean já estudava inglês e se interessava por aprender novos idiomas. Viajar e conhecer pessoas e lugares diferentes também eram ideias que o encantavam. Então, quando descobriu que poderia desempenhar várias atribuições em uma única carreira e, além de tudo, ter estabilidade nela, não pensou duas vezes. Claro que, no início, ele não tinha muita noção das dificuldades que enfrentaria ao optar por essa profissão, em particular na adaptação da família a outras culturas. Mas, hoje, após 17 anos no Ministério das Relações Exteriores, ele afirma, sem sombra de dúvida, que os prós superam os contras da carreira e que sua decisão foi mais do que acertada.

Segundo ele, o principal requisito para desempenhar bem a diplomacia e ser feliz na carreira é a capacidade de se adaptar ao novo. A cada três anos, em média, um diplomata muda de função e/ou de local de trabalho. Num dado momento, está cuidando do meio ambiente em Brasília e, dali a pouco, passa a atuar na promoção comercial em Buenos Aires, para, algum tempo depois, ser alocado no acompanhamento da política interna de Guiné-Bissau. Ele precisa saber se adaptar às constantes mudanças de chefia, de cidade, de clima e de funções. Isso é fundamental para o sucesso na carreira.

Outro requisito importante do candidato a uma vaga no MRE é inteligência emocional. Como se diz lá dentro, com muita frequência o diplomata precisa funcionar como um “algodão entre cristais”. Manter a serenidade e o bom senso é conveniente em praticamente todas as situações que esse profissional vai vivenciar ao longo da carreira.

Ainda há um terceiro requisito que Jean menciona: facilidade de comunicação, especialmente na modalidade escrita, tanto em língua portuguesa como em outros idiomas. Boa parte da comunicação diplomática é feita por escrito, de modo que é imprescindível saber expressar-se bem. Afinal, uma única palavra errada pode levar uma negociação inteira ao fracasso.

Por fim, mas não menos importante, a tolerância. Jean lembra que o diplomata lida diariamente com culturas e modos de pensar diferentes do seu, pois seus principais interlocutores são estrangeiros. Ele precisa, portanto, compreender as diferenças e respeitá-las. Querer que o outro pense como ele é fechar portas ao entendimento, exatamente o contrário do que se busca na diplomacia.

Agora que você conheceu um pouco mais sobre como é ser um diplomata, confira AQUI uma matéria sobre o Concurso de Admissão à Carreira Diplomática, cujo edital será publicado nos próximos meses.

Semana que vem, daremos sequência à nossa tentativa de responder à pergunta título do nosso artigo. Será mais uma oportunidade de ajudar você, leitor amigo, a ser útil e feliz tendo o cidadão como patrão.

Aquele que tem uma profissão tem um bem; aquele que tem uma vocação tem um cargo de proveito e honra.” Benjamin Franklin

PS: Siga-me (moderadamente, é claro) em minha recém-lançada página do Facebook e em meu perfil do Instagram. Lá, postarei pequenos textos de conteúdo motivacional. Serão dicas bem objetivas, mas, ainda assim, capazes de ajudá-lo em sua jornada rumo ao serviço público.

Veja abaixo, mais artigos para ajudar em sua preparação:

O papel da atividade física na preparação para concurso
A ansiedade é sua inimiga. Aprenda a driblá-la.
Deseje, mentalize, receba!
Lições de Forrest Gump para os concurseiros
Atributos para ser bem-sucedido em provas e concursos
Sete coisas que você precisa saber sobre o edital de um concurso


Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há quase 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.

 

 

Por
7 min. de leitura