Hemoterapia e Sistema HLA, por Fernanda Barboza

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hemoterapiaOlá, alunos que estão se preparando para o Concurso do Hemocentro!

Vamos caminhar juntos com você desvendando a hemoterapia? Vamos entender a fundo os termos dessa temática para gabaritar essa prova?

Pois é, então começaremos entendendo o Sistema HLA, que é muito citado nas normas do nosso edital. Ele baseia-se na Portaria n. 158/2016 e na RDC n. 34/2014.

Observe como o sistema HLA está presente na nossa Portaria n. 158/2016:

 

Art 5° inciso XVI – doador implicado em TRALI: doador no qual são encontrados anticorpos anti-HLA classe I ou II ou anti-HNA ou ambos, sendo que este anticorpo deve ter especificidade para um antígeno presente nos leucócitos do receptor ou deve haver uma reação positiva entre o soro do doador e os leucócitos do receptor (prova cruzada positiva);

Art. 227. O serviço de hemoterapia estabelecerá protocolos para atendimento:

I – de pacientes aloimunizados (anticorpos específicos para antígenos eritrocitários ou do sistema HLA/HPA);

 

Há vários outros itens dessa norma que citam o Sistema HLA. Dessa forma, vamos entender o que isso significa.

Li um artigo muito interessante sobre essa temática, a saber, Os Antígenos HLA e a Hemoterapia, publicado pelas autoras Elide Aparecida de Oliveira e Ana Maria Sell. Então, eu o resumi para vocês, focando em aspectos específicos para a nossa prova.

 

Vamos iniciar conceituando o HLA?

As moléculas, ou antígenos HLA, são glicoproteínas de superfície celular, expressas pelas células nucleadas, envolvidas na regulação da resposta imune. Essas moléculas são altamente polimórficas, diferindo-se entre indivíduos e grupos populacionais. Como nos últimos anos ocorreu um grande aumento nas transfusões sanguíneas, devido ao uso de quimioterápicos e à confiança na segurança do procedimento, a aloimunização pelos antígenos HLA tornou-se preocupação e objeto de análise.

As células encontradas com maior frequência no sistema HLA são os linfócitos. Quando há transfusão em pacientes com sistema imune alterado e com células muito diferentes com relação a esse sistema HLA, aumenta a incidência das reações transfusionais no receptor. Dessa forma, é importante entender mecanismos realizados atualmente, tais como a filtração para leucoredução e a irradiação dos componentes sanguíneos, de modo a evitar essas reações.

O sistema HLA faz parte das membranas das células leucocitárias e das plaquetas, sendo diferentes nas pessoas. Essas diferenças estão definidas em genes específicos.

As indicações de transfusões sanguíneas são baseadas em parâmetros clínicos e laboratoriais que visam trazer benefícios ao paciente. No entanto, múltiplas transfusões podem levar à sensibilização dos pacientes que passam a desenvolver aloanticorpos contra antígenos de superfície das células alogênicas, principalmente contra as especificidades HLA.

 

Quais são essas complicações?

Nesse processo, podem advir sérias complicações com importante significado clínico, como a refratariedade plaquetária em pacientes trombocitopênicos e a probabilidade de desenvolver a doença do enxerto contra o hospedeiro em pacientes imunodeprimidos.

 

O que é o Sistema HLA?

O Complexo de Histocompatibilidade Principal (CHP) compreende uma região de genes altamente polimórficos, cujos produtos são expressos nas superfícies de células dos linfócitos (células de defesa).

Quando duas pessoas possuem o mesmo tipo de HLA, elas são imunologicamente compatíveis. Há centenas de genes HLA diferentes e muitas combinações possíveis. O sistema HLA é mais fácil de ser compatível entre os familiares.

 

Como minimizar a aloimunização contra o HLA?

Para amenizar a refratariedade em pacientes aloimunizados, alguns procedimentos podem ser realizados, como a radiação por raios ultravioletas; a leucodepleção por filtração dos hemocomponentes, para a retenção dos leucócitos; e a coleta de plaquetas por aférese em doadores tipificados para os antígenos HLA.

 

Veja como foi abordado na prova:

  1. (CESPE/INCA/2010) Com relação a transfusão de hemocomponentes, julgue o seguinte item.

São objetivos da leucorredução de componentes: redução da aloimunização HLA, prevenção da transmissão de citomegalovírus e prevenção de reação transfusional febril não hemolítica.

 

Comentário

Gabarito: C

Reduzir a quantidade de células de defesa, que são as células que possuem sistema HLA, diminui as reações transfusionais. Além dessa técnica para reduzir as reações, também podem ser realizadas a irradiação e a coleta específica por aférese dos doadores compatíveis.

A aférese é a separação de um único hemocomponente desejado, e é realizada por equipamentos automatizados que separam os elementos constituintes do sangue por filtração, por centrifugação ou pela associação de ambos os métodos. Nesse procedimento, o sangue venoso citratado – um anticoagulante – é aspirado para o interior de uma máquina onde os elementos desejados são retidos e os demais retornam ao doador.

 

Veja como o conceito de aférese foi cobrado em prova:

 

  1. (IBFC/HEMOMINAS/2013/ADAPTADA) Em relação à coleta de sangue de doador, julgue o item:

A aférese é um procedimento que consiste na retirada do sangue total do indivíduo, por máquina, permitindo a separação dos componentes sanguíneos por meio de centrifugação ou filtração em várias bolsas. Neste processo não há devolução de qualquer componente do sangue ao doador.

 

Comentário

Gabarito: E

Durante a realização da aférese, ocorre a separação do componente sanguíneo desejado e os demais são devolvidos ao paciente. Portanto, a questão está errada quando afirma que os demais componentes não serão devolvidos.

A aférese é o método mais seguro, uma vez que é selecionado somente o doador cuja prova cruzada com o receptor for negativa. Como todos esses procedimentos são onerosos, somente são realizados nos casos em que há grande probabilidade de aloimunização, como na aplasia medular e na leucemia aguda.

 

Importância do Sistema HLA nos transplantes

Diferente das transfusões sanguíneas em que a compatibilidade entre doador e receptor é avaliada em relação ao sistema ABO, nos transplantes de órgãos, tecidos ou células, a seleção do doador é baseada, também, na compatibilidade das moléculas dos sistemas HLA. A escolha de um doador geneticamente mais próximo do receptor, em relação ao CHP, retarda ou minimiza a intensidade de futuros processos de rejeição.

 

Doença Enxerto contra o Hospedeiro Associada à transfusão

A Doença Enxerto contra o Hospedeiro Associada à Transfusão é uma síndrome mediada por linfócitos imunocompetentes transfundidos que reagem contra o hospedeiro. Pacientes imunodeprimidos são os mais suscetíveis a ela, assim como os prematuros, portadores de doenças autoimunes, pacientes oncológicos e receptores de medula óssea.

Complicações também foram observadas em pacientes sem comprometimento imunológico aparente. Essa complicação depende do número e da viabilidade dos linfócitos T presentes no componente a transfundir, da susceptibilidade do sistema imunitário do doente e do grau de disparidade existente entre os antígenos HLA do receptor e do doador.

A irradiação gama é, até o momento, o método mais eficaz e fácil para inativar os linfócitos T dos hemocomponentes transfundidos.

A funcionabilidade dos granulócitos, eritrócitos e plaquetas é preservada, desde que esses componentes não sejam armazenados por períodos prolongados no estado irradiado. Os filtros de desleucotização, que são recorrentemente utilizados, não permitem um nível de remoção que garanta a prevenção efetiva da doença.

 

Veja como esse tema foi abordado em prova:

 

  1. (PREF. RJ/2011) O hemocomponente com indicação restrita para utilização em pacientes com imunodeficiência congênita ou adquirida, segundo Cioffi & Neves in Covas, Langhi & Bordin (2007), é o concentrado de hemácias:
  2. a) irradiadas
  3. b) lavadas
  4. c) deleucocitadas
  5. d) Congeladas

 

Comentário

Gabarito: a

Pacientes com imunodeficiência entram na recomendação de irradiar os hemocomponentes, com o objetivo de reduzir as reações transfusionais.

Remover os linfócitos T do componente sanguíneo reduz as reações transfusionais; porém, essa técnica envolve custos e deve ser feita com priorização de pacientes com maior risco de reações, como acontece com os imunocomprometidos.

Finalizamos aqui nosso estudo de hoje. O objetivo deste artigo foi ajudá-lo (a) a entender essa temática. Espero por você nos cursos do Gran Cursos Online, principalmente em sua preparação para o Hemocentro.

Fernanda Barboza

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Fernanda Barboza


Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia e Pós-Graduada em Saúde Pública e Vigilância Sanitária. Atualmente, servidora do Tribunal Superior do Trabalho, cargo: Analista Judiciário- especialidade Enfermagem, Professora e Coach em concursos. Trabalhou 8 anos como enfermeira do Hospital Sarah. Nomeada nos seguintes concursos: 1º lugar para o Ministério da Justiça, 2º lugar no Hemocentro – DF, 1º lugar para fiscal sanitário da prefeitura de Salvador, 2º lugar no Superior Tribunal Militar (nomeada pelo TST). Além desses, foi nomeada duas vezes como enfermeira do Estado da Bahia e na SES-DF. Na área administrativa foi nomeada no CNJ, MPU, TRF 1ª região e INSS (2º lugar), dentre outras aprovações.

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