Adinilson Marins dos Santos, vice-presidente da Apae de Patos de Minas, tem motivos de sobra para comemorar. Mesmo com todas as dificuldades, conseguiu um feito incomparável. Ele foi aprovado no último exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Adinilson não consegue escrever e fez as duas provas oralmente.
O resultado do temível exame que acontece em duas etapas saiu no mês passado. A primeira prova foi composta de 80 questões objetivas de múltipla escolha sobre disciplinas profissionalizantes obrigatórias e integrantes do currículo mínimo do curso de direito, além de direitos humanos, Código do Consumidor, Estatuto da Criança e do Adolescente, direito ambiental, direito internacional, filosofia do direito, Estatuto da Advocacia e da OAB, seu Regulamento Geral e Código de Ética e Disciplina da OAB.
Na segunda fase, Adinilson teve que “redigir” uma peça profissional valendo cinco pontos e responder quatro questões (valendo 1,25 pontos cada) sob a forma de situações-problema na área escolhida. A aprovação é obrigatória para o bacharel em direito exercer a advocacia e o índice de reprovação no exame é alto. Muitos bacharéis tentam várias vezes até conseguir a aprovação.
Conhecedora da trajetória de Adnilson, a presidente da Apae Patos de Minas, Maria Abadia de Oliveira, contou um pouco sobre a história do vencedor. Ela disse que ele chegou a estudar na Apae nos primeiros dois anos de escola. No entanto, como não tinha deficiência intelectual, a associação orientou a família a transferi-lo para uma escola comum. Houve muita resistência.
Ele terminou os anos iniciais e mudou para outra escola onde conseguiu concluir o ensino fundamental e médio de forma mais célere. O sonhado diploma de Direito veio em 2010, após aprovação no UNIPAM. No ano seguinte, ele fez sua primeira tentativa no exame da OAB. Não teve sucesso. Mas ele não desistiu. Se preparou mais e, após três anos, na segunda tentativa, conseguiu a admissão nos quadros da OAB.
Adinilson possui comprometimento motor e na fala. A aplicação de sua prova foi feita de forma oral. “Minha prova foi oral e também não precisei de intérprete, pois a fiscal na ocasião foi a mesma que já me acompanhava no UNIPAM”, comentou Adinilson. Ele também destacou que, devido sua deficiência, nunca conseguiu escrever, não sendo essa limitação empecilho para conquistar seus objetivos.
E a vida de Adinilson, mesmo com todas as dificuldades, parece não ter limites. Maria Abadia contou que ele está em Brasília, representando a Federação das Apaes do Estado de Minas Gerais no Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência (CONPED) e a Federação Nacional das Apaes no Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CONADE). Reconhecendo a conquista, a Federação Mineira deu os parabéns ao novo advogado.
Maria Abadia também falou sobre o que representa a conquista de Adinilson. “A gente que o conhece sabe das dificuldades que enfrentou. Para nós da Apae é uma conquista incomparável. É um prêmio. Não temos palavras para resumir. O nosso trabalho é fazer a inclusão social da pessoa com deficiência e hoje ele é totalmente independente e incluído na sociedade”, ressaltou. Ela também aproveitou para destacar que é preciso que as pessoas recebam o deficiente como qualquer cidadão.
*Fato ocorrido anos atrás, servindo aqui apenas como curiosidade
Fonte: http://www.amodireito.com.br
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