Demonstração do Resultado do Exercício: Estrutura, Objetivo e Importância Contábil

Por
3 min. de leitura

A Demonstração do Resultado do Exercício – DRE é uma das peças mais relevantes das demonstrações contábeis, sendo obrigatória para todas as sociedades com escrituração regular, conforme previsto na Lei nº 6.404/76 (Lei das S.A.) e nos pronunciamentos contábeis emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC. Seu objetivo principal é evidenciar o desempenho econômico da entidade ao longo de um período, normalmente um exercício social de 12 meses.

A DRE resume, de forma ordenada, as receitas, custos e despesas incorridas durante o exercício, demonstrando o lucro ou prejuízo líquido apurado no período. Por exemplo, uma empresa que vende produtos eletrônicos pode usar a DRE para mostrar como transformou R$ 1.000.000,00 em vendas brutas em um lucro líquido de R$ 150.000,00 após todos os custos e despesas.

A estrutura da DRE começa pela Receita Bruta de Vendas e Serviços, suponha que uma empresa tenha vendido R$ 500.000,00 em produtos durante o ano. Desse valor, ela deve deduzir os impostos sobre vendas (como ICMS), devoluções e descontos comerciais. Se esses abatimentos somarem R$ 50.000,00, a receita líquida será de R$ 450.000,00.

A próxima etapa é calcular o Custo das Mercadorias Vendidas – CMV ou o Custo dos Produtos Vendidos – CPV. Imagine que a empresa gastou R$ 250.000,00 na compra ou produção dos produtos que vendeu. A diferença entre a receita líquida (R$ 450.000,00) e o custo (R$ 250.000,00) resulta em um lucro bruto de R$ 200.000,00.

Em seguida, são lançadas as despesas operacionais, como despesas com vendas, despesas administrativas e outras. Suponha que a empresa tenha gasto R$ 30.000,00 com publicidade, R$ 40.000,00 com salários administrativos e R$ 10.000,00 com despesas diversas. Total: R$ 80.000,00. O resultado operacional agora é de R$ 120.000,00.

Na sequência, a DRE apresenta o resultado financeiro, que inclui as receitas financeiras (como rendimentos de aplicações) e despesas financeiras (como juros sobre empréstimos). Se a empresa teve R$ 5.000,00 de receitas financeiras e R$ 20.000,00 de despesas financeiras, o resultado financeiro líquido é negativo em R$ 15.000,00, reduzindo o resultado para R$ 105.000,00.

A próxima linha da DRE é o lucro antes dos tributos sobre o lucro (LAIR). No exemplo acima, é R$ 105.000,00. Em seguida, são apropriados os tributos sobre o lucro, como IRPJ e CSLL. Suponha que a empresa deva pagar R$ 25.000,00 em tributos. O lucro líquido do exercício, portanto, será de R$ 80.000,00.

Esse valor de R$ 80.000,00 representa o resultado final do exercício, e será transferido para o patrimônio líquido no balanço patrimonial. Pode ser destinado a distribuição de lucros aos sócios, reserva legal ou retenção para reinvestimento.

Empresas de capital aberto, conforme o CPC 41, também devem apresentar o lucro por ação. Se uma empresa tiver 40.000 ações em circulação e um lucro líquido de R$ 80.000,00, o lucro por ação será de R$ 2,00 por ação.

Para análise gerencial, a DRE permite calcular indicadores financeiros como margem bruta (Lucro Bruto / Receita Líquida), margem operacional (Resultado Operacional / Receita Líquida) e margem líquida (Lucro Líquido / Receita Líquida). No nosso exemplo, a margem líquida é de 17,7% (80.000 / 450.000).

Além disso, a DRE é uma importante fonte de dados para gestores e investidores, pois permite analisar tendências de lucratividade, eficiência operacional e controle de custos ao longo do tempo. Uma queda de lucro de um ano para o outro, por exemplo, pode sinalizar problemas no controle de despesas ou perda de mercado.

Do ponto de vista legal e fiscal, a DRE compõe o livro diário da contabilidade e serve como base para o cálculo do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas – IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, especialmente para empresas do regime do lucro real. Eventuais omissões ou erros na DRE podem levar à malha fiscal e à aplicação de penalidades.

A DRE deve seguir o regime de competência, ou seja, as receitas e despesas são registradas no momento em que ocorrem economicamente, e não quando são recebidas ou pagas. Por exemplo, uma venda a prazo feita em dezembro deve ser reconhecida no resultado do exercício, mesmo que o cliente pague apenas em janeiro.

É importante destacar que a DRE deve ser analisada em conjunto com o balanço patrimonial e o fluxo de caixa, pois apenas assim é possível obter uma visão ampla e integrada da situação financeira da empresa. Uma empresa pode ter lucro na DRE, mas estar com dificuldades de caixa.

Convido você a seguir comigo nessa viagem pelo mundo da contabilidade, explorando sua história, conceitos, aplicações e inovações, além de praticarmos questões já cobradas pelas principais bancas de concursos.

Espero que a leitura deste e dos próximos artigos seja útil para sua jornada. Um abraço e até nosso próximo encontro!


Nayara Mota – Professora de contabilidade. Graduada em Ciências Contábeis em 2015 pela UNOESC, com especialização em Administração Pública pela UFRGS e em Contabilidade e orçamento público pela Universidade Metropolitana.


Quer ficar por dentro dos concursos públicos abertos e previstos pelo Brasil? Clique nos links abaixo:

CNU 2025 (CONCURSOS NACIONAL UNIFICADO 2)

CONCURSOS 2025

CONCURSOS 2026

CONCURSOS ABERTOS

QUESTÕES DE CONCURSOS

Receba gratuitamente no seu celular as principais notícias do mundo dos concursos. Clique no link abaixo e inscreva-se:

WHATSAPP

TELEGRAM

Por
3 min. de leitura