“Percebi que todas as coisas que temia e receava só continham algo de bom ou de mau na medida em que o ânimo se deixava afetar por elas.” – Baruch Spinoza (1632-1677), filósofo
Assim são as coisas: acabou a luz, acabou o brilho, acabou a vida, some a pessoa. Já era. Muito simples. Somos luzes em trânsito, como estrelas a brilhar enquanto têm energia. Finda a energia, finda a existência. Triste saber que temos período de validade. Podemos, no entanto, usar esse conhecimento a nosso favor.
Uma existência plena demanda muita energia vital. A esta, o filósofo nascido judeu Baruch Spinoza, que viveu no século XVII, quando ainda não havia o conceito de energia como conhecemos hoje, denominou Potência de Agir. A Potência de Agir se converte em ALEGRIA, tesão, libido, e é o que nos move.
Quando a alegria alcança o nível da consciência, transforma-se em AMOR, que, para o filósofo, nada mais é que a alegria associada à lembrança do que a causou: o carinho da mãe, o sorriso do pai, o beijo da namorada… É até possível sentir alegria sem motivo algum, mas bom mesmo é senti-la como resultado de algo específico cuja lembrança vem à mente, evocando o sentimento do amor.
É essa tal Potência de Agir – para simplificar, PDA – que garante a vida propriamente dita. Se acabou a PDA, significa que a vida também acabou. Quando estamos doentes, deprimidos, abatidos, a PDA chega perigosamente perto de zero. E olhe que nem é preciso passar por esses estados para perceber como a PDA está diretamente relacionada à capacidade de viver, e bem: “às vezes, basta ter uma noite insone, um dia particularmente intenso de trabalho ou enfrentar uma viagem cansativa para notarmos nossa PDA quase no fim, baixíssima. Nessas ocasiões, é provável nos sentirmos tão exaustos, que mal conseguimos nos levantar da cama, sair daquele cantinho aconchegante, encarar o próximo compromisso…”.
Felizmente, a sensação de cansaço extremo costuma melhorar depois de um bom banho, alguns exercícios de alongamento ou relaxamento e um café quente. Tão logo a rotina recomeça, eis que a PDA vai sendo recarregada, como um celular ou computador ligado na tomada. Alguns de nós, caso dos empreendedores e dos gestores, começam o dia lendo mensagens e e-mails, consultando a agenda e distribuindo as tarefas entre os colaboradores. Outros partem para a análise de dados e a cobrança de resultados – trate-se de metas impostas a terceiros ou a si mesmos. Outros, ainda – os concurseiros – vão ler o edital do concurso recém-lançado, organizar o cronograma de preparação e iniciar o estudo propriamente dito das aulas, a resolução de exercícios e provas anteriores… Seja como for, lá pelo meio da manhã, sentimos as baterias de energia vital quase cheias, o que se estende até o fim do dia ou da noite, a depender de cada um.
Se a ação ajuda a manter em alta a PDA, a passividade motivada por lembranças tristes e paixões nocivas, ao contrário, diminui a vitalidade do corpo, prejudicando nossa vivência plena. Precisamos ter cuidado com qualquer fator que comprometa o avançar saudável de nossa existência. É bom se proteger, por exemplo, de pessoas que ignoram os talentos e diferenças individuais e nivelam os seres humanos pela média, rotulando-os conforme estereótipos, em simplificação rasa e grosseira.
“Em certas ocasiões, o mais saudável é desenvolver a faculdade do esquecimento para a manutenção da estabilidade física e psicológica”.
É de Nietzsche (século XIX) o conceito de Vontade de Potência, segundo o qual há uma hierarquia entre forças capazes de mandar e outras que nos levam a obedecer. A saúde do corpo depende disso. Para o filósofo prussiano, ao ser afetado de modo negativo por causas externas – uma agressão física ou uma ofensa, por exemplo, o ser humano pode reagir com passividade, sofrendo quieto a dor da agressão, o peso da ofensa, ou acionando forças ativas, trabalhando para superar o sofrimento. As forças passivas tendem a desencadear ressentimento e frustração, ao passo que as ativas contribuem para o – salutar – esquecimento. Essa é a mais rara, especial e valorosa forma de reagir às adversidades da vida. Para concretizá-la, há que “digerir” os encontros desagradáveis, as palavras e agressões tóxicas e injustas, impedindo que a consciência psíquica seja prejudicada em razão de experiências tidas como ruins.
É mais do que desejável aprendermos com sábios como Spinoza e Nietzsche. Sem dúvida, o ideal é adotarmos uma conduta ATIVA em face do mundo e dos desafios por ele impostos. Essa é, como se disse, a mais favorável ao desenvolvimento humano saudável e pleno. Isso vale para os convívios familiar, social, profissional.
“O poder ativo do esquecimento não permite que o efeito deletério do ressentimento e do ódio atue como veneno corrosivo na minha, na sua, na nossa POTÊNCIA DE AGIR, consequentemente na ALEGRIA e no AMOR que nutrimos pelo outro e por nós mesmos”.
Sabendo disso, vamos juntos, como nos ensina o mestre Clóvis de Barros Filho, “dirigindo ou pilotando o fliperama da vida e administrando as coisas – de todos os tipos, cheiros, sabores, cores, tamanhos, encaixes; alegres, tristes; escolhidas ou não – que aparecem rapidamente à nossa frente e que nos decompõem, apequenam, broxam, aniquilam, nos aproximam da morte; ou vamos – com o radar ligadão – aproveitar as coisas que podemos decidir e que podem aumentar a nossa POTÊNCIA DE AGIR.”
Se concorda com esta mensagem, registre nos comentários: “Aumentarei minha PDA!”
“A felicidade não é o prêmio da virtude, mas a própria virtude; e não gozamos dela porque reprimamos os impulsos viciosos, mas, pelo contrário, porque gozamos dela, podemos reprimir os impulsos viciosos.” – Baruch Spinoza
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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.