Acomodação é morte!

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12 de agosto5 min. de leitura

Ostra feliz não faz pérola.” – Rubem Alves

A natureza opera com base na regra do mínimo esforço. A evolução das espécies as fez entender que a energia é escassa e precisa ser poupada. Foi assim com todas as espécies, inclusive a humana, a qual desenvolveu a incrível capacidade de se adaptar ao meio para economizar esse bem precioso, a energia. Muitas vezes, trata-se de sobrevivência, contudo há situações nas quais essa “virtude” – assim mesmo, entre aspas – se converte no maior defeito de um ser humano.

“O mesmo impulso que nos torna absolutamente adaptáveis e econômicos no aproveitamento de recursos nos leva a nos acostumarmos com tudo – absolutamente TUDO, até mesmo o que é ruim.”

Mas como pode uma característica resultante da evolução ser considerada ruim se, na essência, ela nos ajudou a chegar até aqui? É simples, amigo leitor. O mesmo impulso que nos torna absolutamente adaptáveis e econômicos no aproveitamento de recursos nos leva a nos acostumarmos com tudo – absolutamente TUDO, até mesmo o que é ruim. Criamos zonas de conforto das quais custamos a sair. O resultado é um estado de acomodação bastante perigoso para a nossa saúde e, em especial, para a realização dos nossos sonhos. Podemos até sobreviver às tormentas e aos infortúnios da vida, mas a que custo?

“Não há como dizer de outra forma: tudo que dá sensação de aconchego e nos deixa satisfeitos em nosso cantinho é virtualmente um inimigo. Sério! É que o ser humano só realiza grandes feitos quando desafiado.”

Não há como dizer de outra forma: tudo que dá sensação de aconchego e nos deixa satisfeitos em nosso cantinho é virtualmente um inimigo. Sério! É que o ser humano só realiza grandes feitos quando desafiado. Precisa se sentir incomodado para (re)agir e, tal qual um peixe em cativeiro, pular de um aquário pequeno para um maior e… sair nadando. Como escreveu Rubem Alves, “ostra feliz não faz pérola”. De fato, essa gema não é nada além do resultado de um incômodo, literalmente a reação do molusco a um grão de areia ou um verme intruso. E veja você o valor agregado ao fruto dessa reação…

O filósofo Leandro Karnal costuma falar em uma lei universal segundo a qual, sem exceção, “todo cérebro que não está recebendo, está perdendo; tudo que não está crescendo, está diminuindo; tudo que não está se expandindo, está se encolhendo; tudo que não está se renovando, está morrendo”. Ora, se é assim, quem afirma não precisar aprender mais nada, quem tem certeza de haver construído uma empresa sólida e estável, quem idealiza seu relacionamento como o melhor, quem, enfim, acredita que está tudo perfeito se encontra, na verdade, no início do fim. Afinal, chegado o momento no qual se deixa de renovar o espírito, de reinventar as ideias, de criar novos atalhos e outras conexões, já era. Perdeu-se. Veio a acomodação. Morreu-se em vida.

Por isso, vou chover um pouco no molhado para aconselhá-lo, caro amigo: renove-se diariamente.

Qual foi a última vez que você aprendeu ou fez algo novo? Se faz tempo, trata de mudar isso agora mesmo! Aprender coisas novas é excelente para o cérebro. Se, por exemplo, você é formado em Letras, mas está se dedicando a aprender contabilidade, visando a uma vaga de Auditor Fiscal, saiba que só tem a ganhar. Um desafio como esse faz muito bem para a saúde, então encare de forma positiva. Sinta-se como o privilegiado que você é e abrace essa chance de obter mais conhecimento. Se possível, vá além, e tente estabelecer novas conexões neurais todos os dias. Seja um eterno incomodado.

É normal detestar ir à academia às 8 horas da manhã de um dia chuvoso, afinal você está programado pela natureza para poupar essa energia e ficar na cama quentinha. Mas pense um pouco: o que acontecerá se você deixar de ir outros tantos dias igualmente chuvosos? Sua saúde será a maior prejudicada no médio e no longo prazo. O mesmo ocorre com a mente. É natural não gostar de acordar cedo para ler um PDF de 120 páginas sobre Administração Financeira e Orçamentária. No entanto, aceitar esse desafio fará um bem danado para o cérebro. Sem contar que o estudo é imprescindível para a conquista da sua sonhada aprovação. É um ganha-ganha, percebe?

“[…] devemos pelo menos tentar estar o mais presentes possível – de corpo e alma, quero dizer – durante nossas atividades, quando estamos na companhia de pessoas queridas, no enfrentamento de desafios.”

Outro conselho: aproveite o que está acontecendo, enquanto está acontecendo. A revista Science trouxe, em 2017, as conclusões de um longo estudo conduzido pelos psicólogos Daniel Gilbert e Matthew Killingsworth, de Harvard, no qual foi possível concluir que a mente humana se dispersa muito facilmente, e isso torna as pessoas infelizes. Os voluntários participantes da pesquisa relataram divagar 46,9% do tempo, imaginando onde gostariam de estar ou o que preferiam estar fazendo. Para piorar, em apenas em 4,6% das vezes os indivíduos associaram o sentimento de felicidade ao que estavam fazendo no momento. Essa é apenas a ponta do iceberg, mas são dados surpreendentes. Qual é a lição? A de que devemos pelo menos tentar estar o mais presentes possível – de corpo e alma, quero dizer – durante nossas atividades, quando estamos na companhia de pessoas queridas, no enfrentamento de desafios.

A confirmar essa ideia, nos centros de pesquisa de neurocientistas como o Doutor Pedro Calabrez, a conclusão tem sido de que o pior sentimento possível é o arrependimento. Arrependimento por não haver tentado, por não haver ousado, por não haver aproveitado melhor a companhia de alguém que logo se foi… Fica, então, a dúvida: de que adianta saber de tudo isso se não agimos para reverter nosso quadro de inércia? Conhecimento sem ação é inútil. Por isso, eu imploro para você ouvir a recomendação de outro doutor, o professor Mário Sérgio Cortella: “Faça o seu melhor, dentro do que a situação atual permite, até que a situação atual melhore para que você faça melhor ainda”. Não é fácil cumprir isso, mas por certo valerá a pena tentar.

A mensagem que lhe deixo hoje, caro leitor, é esta: desafie o seu cérebro a aprender coisas novas o tempo todo e não ceda ao imediatismo. Invista suor e sangue todos os dias para construir o sucesso, lembrando sempre que consistência e constância são mais importantes do que pontuais picos de dedicação. Compreenda que as pessoas são ricas ou pobres pelo que gastam, não pelo que ganham, e abra os braços para as dificuldades, as opiniões contrárias e os desafios.

Por fim, não se esqueça de que, embora pareçamos insignificantes neste grande Universo de 14 bilhões de anos – no qual a expectativa média de vida de um ser humano é de apenas 80 –, somos especiais, muito especiais, porque temos – e só nós, seres humanos, temos – a capacidade de obter conhecimento e transformar nossa mente, tornando-a hoje diferente e ainda mais complexa do que foi ontem. Isso, é claro, se não nos acostumarmos com tudo.

Afinal, quando paramos de nos reinventar, começamos a morrer.

Cabe a você escolher entre a inútil dor da acomodação e o fértil terreno da incomodação.

Se concorda com esta mensagem, registre nos comentários: “Estou incomodado!”

Não se pode conectar os pontos olhando para a frente, somente olhando para trás.” – Steve Jobs

PS: Siga-me (moderadamente, é claro) em minha página no Facebook e em meu perfil no Instagram. Lá, postarei pequenos textos de conteúdo motivacional. Serão dicas bem objetivas, mas, ainda assim, capazes de ajudá-lo em sua jornada rumo ao serviço público.

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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.

 

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