Como mudar – quando a mudança é difícil

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05/08/2019 | 16:51Atualizado há 1680 dias

“Mudanças são difíceis.” Ao entrevistar centenas de pessoas ao longo de anos, esse foi o comentário mais ouvido pelos irmãos Chip e Dan Heath, autores daquele que talvez seja o livro mais vendido no mundo sobre o tema mudança:  Switch: como mudar as coisas quando a mudança é difícil. Intuitivamente, a afirmação até faz algum sentido. Em regra, as pessoas odeiam mudanças por vê-las como fonte de muita dor de cabeça, esforço, desgaste e, provavelmente, frustração. Não podemos, no entanto, achar que essa seja toda a história. E, de fato, não é.

O casamento, por exemplo, é uma enorme mudança na vida de um casal, mas dificilmente haverá período mais memorável para o noivo e a noiva. Inovações tecnológicas provocam mudanças o tempo todo, e, mesmo assim, todos desfrutamos felizes das facilidades proporcionadas por elas. Muitos de nós estamos abertos às novidades da moda e às drásticas variações de estilo que ocorrem através das décadas. E a maior mudança de todas, não importa quão difícil seja o seu trabalho, é a chegada dos filhos; ainda assim, milhões de pessoas perseguem voluntariamente essa guinada na vida.

“Nem toda mudança é dolorosa. Mas por que algumas delas são bem-vindas e outras aflitivas? E como devo agir para tornar tranquilas as que parecem mais difíceis, de modo a finalmente alcançar o que busco?”

O que pretendo demonstrar, meu amigo, minha amiga, é o quanto está longe da verdade essa história de que o mundo inteiro odeia mudanças e ponto-final. Nem toda mudança é dolorosa. Mas por que algumas delas são bem-vindas e outras aflitivas? E como devo agir para tornar tranquilas as que parecem mais difíceis, de modo a finalmente alcançar o que busco? Responderei a essas perguntas com base no livro de Chip e Dan Heath, que tive o prazer de ler na faculdade e de reler para escrever este artigo.

Os autores partem de uma metáfora, criada pelo psicólogo Jonathan Haidt, segundo a qual o cérebro humano é dividido em dois lados: um “cavaleiro”, outro “elefante”. O lado cavaleiro é racional e atua como condutor, domador, guia, piloto. É ele que nos faz refletir antes de agir e a pensar no longo prazo. É o grande responsável por indicar o caminho e elaborar o plano. O lado elefante, por sua vez, é emocional, inconsciente, impulsivo, enérgico. Busca gratificação instantânea, recompensa rápida.

Note que sempre haverá entre essas duas facetas da mente competição pelo controle de qualquer situação que vivenciarmos. Nesse contexto, a escolha da imagem de um animal grande como o elefante, de um lado, e de um pequeno homem, de outro, foi proposital. A ideia é indicar que, sendo o EMOCIONAL (o elefante) bem maior que o RACIONAL (o cavaleiro), a luta entre os dois nunca será equilibrada. Pense um pouco: na hipótese de um embate entre os dois, em quem você apostaria?

Não fosse a ideia da grandeza física do elefante diante do cavaleiro, tenderíamos a pensar que este, por sua habilidade e inteligência, sempre controlaria aquele. O curioso, porém, é que na maioria das vezes acontece exatamente o contrário: o elefante, nosso lado emocional, de alguma forma consegue domar o cavaleiro. Na verdade o esmaga. Veja se você se identifica com esta cena: seu lado racional lhe diz para acordar cedo porque você PRECISA fazer algo muito importante, mas, chegada a hora de se levantar, o emocional dá outro comando ao cérebro, fazendo você apertar o snooze do despertador a fim de dormir mais um pouquinho. O resultado? Um começo de dia todo atrapalhado. O elefante venceu.

“Em resumo, é muito comum a mente querer uma coisa e o coração outra completamente diferente. Eles vivem em guerra.”

Em resumo, é muito comum a mente querer uma coisa e o coração outra completamente diferente. Eles vivem em guerra. Ora, qualquer que seja a mudança, somente ocorrerá quando os dois lados chegarem a um consenso e passarem a trabalhar em harmonia. E veja bem: não adianta simplesmente tentar se doutrinar, forçando-se a agir de forma racional. Apenas conhecimento raramente muda comportamento. Não é por outra razão que há psiquiatras deprimidos, nutricionistas obesos, conselheiros matrimoniais divorciados, cardiologistas fumantes… Tampouco resolve empurrar a mudança para os braços do autocontrole, porque este se esgota facilmente. As pessoas se desgastam quando tentam implementar mudanças, e o que muitas vezes parece preguiça pode ser simplesmente exaustão.

Segundo defendem os Heath, a fórmula para implementar com sucesso uma mudança passa por três chaves (switch ou interruptor). São três passos que você precisa seguir:

1. Direcione o cavaleiro.

Forneça ao lado racional do seu cérebro informações claras que lhe permitam pensar, analisar, planejar, deliberar e visualizar um futuro melhor. Nosso domador é um visionário sempre disposto a fazer sacrifícios no curto prazo em troca de recompensas no longo. Há, no entanto, que ter cuidado para ele não ficar usando suas habilidades cognitivas apenas para resolver problemas. O cavaleiro precisa se orientar, sobretudo nas condições mais nebulosas e nos terrenos mais instáveis. Para isso, tem de estar livre para enxergar os pontos de luz no meio do caminho escuro, quando tudo parece mais difícil.

Quer uma dica? Toda vez que você identificar um comportamento funcional, tiver um sentimento bacana, notar um elemento acolhedor no ambiente ou um cenário no qual as coisas fluem como esperado, sua principal missão será guardar essas informações e reproduzi-las quando necessário. Tudo pode mudar drasticamente, e para melhor, se a abordagem for adequada. Descubra o que pode funcionar maravilhosamente bem e como usar isso a seu favor para fazer mais.

Infelizmente, a metade mais racional da mente costuma procurar soluções de magnitude igual à do problema. Erro crasso! Grandes problemas são, na verdade, resolvidos por uma sequência de pequenas soluções durante longos períodos de tempo. Estamos falando em semanas, às vezes décadas… O cavaleiro deve aprender a lutar uma batalha de cada vez, aceitando a possibilidade de derrota de vez em quando para vencer a guerra no final. Deve estar pronto para lidar com a falha, não na missão em si, mas na rota.

Se o cavaleiro não souber em que direção seguir, liderará o elefante em círculos. É a chamada paralisia de análise. Para que as pessoas mudem – sem resistência –, precisam de instruções cristalinas.

2. Motive o elefante.

Não basta saber como agir; é preciso querer agir. Se você pretende que uma dada mudança seja duradoura, deve inspirá-la em si mesmo no nível emocional. Em geral, trata-se de impulsionar o tal do elefante por meio do engajamento e do comprometimento. Ele precisa acreditar que é capaz e competente o bastante para implementar a transformação.

Lembre-se: é nosso lado emocional que sente, tanto dor como prazer; vem daí a necessidade de comemorarmos cada pequena vitória. Sem motivação, não adianta muito ter direção. O cavaleiro pode até guiar o elefante pelo caminho correto por algum tempo, mas esse esforço não se sustentará indefinidamente, porque o cavaleiro vai precisar de descanso. Quando esse momento chegar, caberá ao elefante continuar a marcha sozinho.

Os esforços de mudança não ocorrem na sequência analisar-pensar-mudar, mas, sim, na sequência ver-sentir-mudar. Em geral, uma mudança é iniciada quando algo nos atinge no nível emocional, seja na forma de uma visão perturbadora do problema (fugir da dor), seja no vislumbre esperançoso da solução (busca de prazer).

Algumas formas de motivar o elefante:

• Encontre algo que inflame nele a vontade de mudança, abra sua mente para o novo, estimule sua criatividade, sua esperança, seus pensamentos mais positivos. Há que saber, contudo, que às vezes só um sentimento ruim mesmo será capaz de motivá-lo pra valer.

• Reconheça mudanças que não servem para nada a não ser assustar o elefante. Precisamos saber identificar quando não é interessante insistir em um projeto. O lado emocional do nosso cérebro se motiva mais pela noção de avanço em um processo já em curso do que pelo estímulo inicial de uma nova jornada, ainda que curta. A sensação de progresso é indispensável para prosseguirmos rumo à mudança. O elefante odeia fazer qualquer coisa que não tenha retorno imediato; precisa, por isso, da certeza da evolução em cada passo da jornada. Por isso, é importante fragmentar as mudanças em pequenas fatias, pois isso tende a ser melhor aceito pelo elefante. Essas pequenas vitórias motivarão o elevante.

• Prepare o elefante para tudo, inclusive o fracasso. Procure desenvolver a mentalidade da prosperidade, pois o lado emocional do seu cérebro precisa se sentir grande e poderoso em comparação com o desafio dado. A parte difícil é que toda mudança pressupõe pelo menos um período de fracasso e apatia. Ajude seu elefante a passar por ele com mais tranquilidade.

3. (Re)Construa o caminho a ser seguido.

Eventualmente será necessário fazer adaptações no método para ajudar o elefante a alcançar a mudança almejada. Pode ser que você não esteja enxergando no caminho um pequeno obstáculo que, embora diminuto, tem dificultado o seu avanço. Não tenha receio de fazer ajustes no percurso ou de ajustar o ambiente. Isso é natural e esperado em sua jornada de mudança.

Os irmãos Heath citam como exemplo um problema bobo que teve de ser enfrentado pelas instituições bancárias algum tempo atrás. O advento dos caixas eletrônicos, na segunda metade do século 20, representou um grande avanço tecnológico e uma enorme melhoria para os correntistas, mas trouxe consigo uma situação que ninguém pôde prever no início: o esquecimento de cartões nos terminais de autoatendimento. As instituições bancárias resolveram a situação com uma medida simples: já reparou como hoje as operações são concluídas somente depois que o cliente retira o cartão da máquina? Curioso, não é?

Partindo da metáfora para o universo pragmático do concurseiro, consulte sempre um bom mapa da estrada, recorrendo às nossas Rotas da Aprovação, que organizam os seus estudos para você, e disponha de um veículo eficiente para a mudança, como é a plataforma EAD do GRAN, e dos melhores e mais entusiasmados companheiros de viagem, nossa equipe de colaboradores e professores. 😊

Resumindo, anote aí:

• A mudança só ocorrerá se ambos os lados da sua mente trabalharem em harmonia. Você precisa tanto da energia do elefante como da visão e da racionalidade do cavaleiro;

• Acostume-se com a ideia de falhar. É impossível se tornar servidor público, empreendedor, cientista, inventor etc. sem cometer erros de vez em quando;

• Desenvolva bons hábitos (leia AQUI) para as mudanças acontecerem. Eles têm de ser simples e permitir evolução;

• Elabore e execute checklists. Elas deixam claro o que você precisa fazer a seguir e direcionam seu lado racional;

• Crie planos mentais e tome decisões conscientes que o ajudem a alcançar seus maiores objetivos. Comece amanhã mesmo. Assim que deixar seu filho na escola, vá à academia e faça 30 minutos de exercícios aeróbicos e 30 de musculação;

• Siga o rebanho, imitando os comportamentos individuais que tenham trazido bons resultados, mas com cuidado para não copiar algo ruim.

• Lembre-se: essas são pequenas mudanças que podem levar a grandes.

Se esta mensagem lhe foi útil, registre nos comentários: “Aprendi a fazer mudanças.”

A mudança é a lei da vida. E aqueles que apenas olham para o passado ou para o presente irão com certeza perder o futuro.” – John Kennedy

PS: Siga-me (moderadamente, é claro) em minha página no Facebook e em meu perfil no Instagram. Lá, postarei pequenos textos de conteúdo motivacional. Serão dicas bem objetivas, mas, ainda assim, capazes de ajudá-lo em sua jornada rumo ao serviço público.

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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.

 

 

 

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Presidente e sócio-fundador do Gran Cursos Online