Artigo: principais aspectos sobre acidentes com animais peçonhentos

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Esse tipo de acidente é prevalente no nosso meio e tem grande importância médica quando ocorre em crianças. No Brasil, são mais comuns os acidentes por aranhas, lagartas, cobras e escorpião. A gravidade do quadro depende do animal, da idade e peso do paciente.

O uso do soro específico pode salvar vidas, portanto, a identificação do agente e a indicação do uso de soro específico precocemente são fundamentais para a abordagem correta ao paciente.

Vamos diferenciar alguns conceitos importantes nessa temática?

DIFERENÇA ENTRE VENENO, PEÇONHA E TOXINA

Veneno

  • Substância tóxica que causa efeitos quando ingerida;

  • É produzido em órgão ou tecido.

Peçonha

  • Substância tóxica que causa efeito quando inoculada (ferrões, dentes etc.);

  • É produzida em glândulas especializadas.

Toxina

  • Substância de origem biológica que provoca danos à saúde.

Principais animais peçonhentos no Brasil

Os acidentes com animais venenosos e peçonhentos têm grande importância médica devido a sua gravidade e frequência.

1. Serpenetes – Ofidismo (botrópico; laquético; crotálico; elapídico).

2. Escorpiões – Tityus (serrulatus; bahiensis; stigmurus).

3. Aranhas – Loxosceles (aranha marrom); Phoneutria (armadeira); Latrodectus (viúva negra).

4. Peixes e cnidários – (águas-vivas e caravelas);

5. Himenópteros – (abelhas, formigas e vespas);

6. Lepidópteros – (mariposas e suas larvas);

7. Quilópodes – (lacraias).

É importante frisar os gêneros das cobras e os exemplos, pois aparecem com frequência nas provas. Vamos esquematizar para facilitar sua memorização!

Veja como foi cobrado na prova!

1. (FCC/TRE-AM/2010) De acordo com o Ministério da Saúde, são alguns exemplos de animais peçonhentos considerados de maior relevância para a saúde pública:

a) cascavel, viúva negra, escorpião, taturana, abelha e arraia.

b) coral, viúva negra, escorpião, taturana, besouro e arraia.

c) jiboia, aranha marrom, escorpião, lagarta de pelo, abelha e tubarão.

d) sucuri, viúva negra, escorpião, taturana, abelha e quimera.

e) surucucu, aranha marrom, taturana, besouro, e quimera.

Comentário: Não são animais peçonhentos: besouro, jiboia, tubarão, sucuri e quimera (peixe).

Gabarito: Letra a.

Dados epidemiológicos dos acidentes com animais peçonhentos

O escorpionismo atinge o primeiro lugar em números de acidentes com animais peçonhentos.

Os meses com maior frequência de acidentes com animais peçonhentos são os meses de outubro a abril (porque são os meses mais chuvosos).

Para os acidentes com serpentes, o sexo masculino é o mais acometido, principalmente na faixa etária de 20-49 anos, mais comum na zona rural.

Veja como isso foi cobrado:

2. (FUNCAB/2014) Acidentes ofídicos são envenenamentos causados pela inoculação de toxinas, por intermédio das presas de serpentes, podendo determinar alterações locais e sistêmicas. Sobre os acidentes ofídicos é correto afirmar:

a) A maioria dos acidentes ofídicos no Brasil são ocasionadas por serpentes do gênero Bothrops, seguido pelo gênero Crotalus.

b) A maioria dos acidentes é considerada como grave, com necessidade de soroterapia que, quando ultrapassa uma hora, pode ser letal.

c) Os meses de maior frequência dos acidentes são os frios e secos, períodos de maior frequência em áreas abertas.

d) Os acidentes ofídicos são mais frequentes na população citadina, no sexo feminino e em faixa etária economicamente ativa.

e) As regiões brasileiras onde há maior incidência e prevalência de acidentes são as regiões Sul e Sudeste.

Comentários:

Letra A – Cerca de 75% dos casos notificados são atribuídos às serpentes do gênero Bothrops; 7% ao gênero Crotalus;

Letra B – Os acidentes, na grande maioria, são leves.

Letra C – Os meses com maior frequência são de outubro a abril (chuvosos)

Letra D – Os acidentes ofídicos ocorrem com mais frequência na zona rural.

Letra E – Dados do MS, de 2014, nos mostram que o ofidismo é mais comum na região Norte.

A maioria dos acidentes é classificada como: leve (50,7%), moderados (36,1%) e graves (6,8%). A letalidade geral é relativamente baixa (0,4%). O tempo decorrido entre o acidente, o atendimento e o tipo de envenenamento pode elevar a letalidade em até oito vezes essa taxa, como no envenenamento crotálico, quando o atendimento é realizado mais de 6 a 12 horas após o acidente (4,7%).

Epidemiologia dos acidentes por estado:

  • Acidentes com serpentes mais comum na região Norte

  • Acidentes com aranhas mais comum na região Sul.

  • Acidentes com escorpião mais comum na região Nordeste.

  • Acidentes com lagartas mais comum na região Sul.

  • Acidentes com abelhas mais comum na região Sudeste.

Primeiros-socorros diante de um acidente com animal peçonhento

3. (AOCP/2014) No que se refere aos acidentes com animal peçonhento, é correto afirmar que

a) A primeira medida a ser adotada é a realização de torniquete.

b) A realização de sangria no local da picada é um procedimento urgente.

c) Deve-se lavar o ferimento com álcool.

d) É importante que o membro afetado seja elevado.

e) O animal que provocou o acidente deve ser queimado imediatamente para não provocar novos acidentes.

Comentários:

Letras A e B – Erradas. O torniquete e a sangria são contraindicados. Letra C – Errada. Deve-se lavar o local com água e sabão.

Letra E. Errada. Sempre que possível, o animal deve ser levado para o atendimento juntamente com o paciente, para direcionar o atendimento.

Gabarito: Letra D.

Atenção às recomendações do MS quanto à prevenção dos acidentes ofídicos:

a) o uso de botas de cano alto ou perneira de couro, botinas e sapatos evita cerca de 80% dos acidentes;

b) cerca de 15% das picadas atingem mãos ou antebraços. Usar luvas de aparas de couro para manipular folhas secas, montes de lixo, lenha, palhas etc. Não colocar as mãos em buracos;

c) cobras gostam de se abrigar em locais quentes, escuros e úmidos. Cuidado ao mexer em pilhas de lenha, palhadas de feijão, milho ou cana. Cuidado ao revirar cupinzeiros;

d) onde há rato, há cobra. Limpar paióis e terreiros, não deixar amontoar lixo. Fechar buracos de muros e frestas de portas;

e) evitar acúmulo de lixo ou entulho de pedras, tijolos, telhas, madeiras, bem como mato alto ao redor das casas, que atraem e abrigam pequenos animais que servem de alimentos às serpentes.

Como prevenir picadas de escorpiões:

  • Acondicionamento adequado do lixo, a fim de evitar baratas, moscas e outros insetos que os alimentam;

  • Preservar os inimigos naturais dos escorpiões, como sapos, galinhas, lagartos, gansos e corujas;

  • Usar luvas e calçados em trabalhos externos.

Como prevenir acidentes com aranhas:

  • Inspecionar roupas antes de vestir;

  • Examinar roupas de cama e de banho;

  • Sacudir sapatos, tênis e botas antes de calçar;

  • Combater a proliferação de insetos;

  • Limpar e arejar diariamente o domicílio;

  • Não pendurar roupas nas paredes;

  • Preservar os predadores (sapos, lagartixa e rãs);

  • Manter jardins e quintais limpos e evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas e material de construção;

  • Manter a grama aparada e evitar folhagens densas nas paredes e nos muros das casas.

4. (IBFC/CEP/28/2015) As aranhas, escorpiões e lacraias pertencem ao grupo de animais peçonhentos, isto é, tem glândulas de veneno e ferrão para injetá-lo. Como medidas de controle e prevenção de acidentes à picadas de animais peçonhentos, as mais adequadas devem ser:

a) Usar luvas, óculos de proteção, gorro, máscara, bota de borracha de cano longo.

b) Não caminhar em locais sujos, aparar a grama de jardins, usar chapéus.

c) Usar botas, camisa de manga longa, colocar lixo em sacos plásticos, usar luvas para os trabalhos domésticos.

d) Fazer uso de luvas, botas ou sapatos, manter limpos quintais, jardins e terrenos baldios, vedar ralos de pia, não introduzir as mãos em buracos no chão ou entulhos.

Comentários:

Letra A – O uso de óculos não protege contra animais peçonhentos.

Letra B – O uso de chapéus também não impacta na proteção contra animais peçonhentos.

Letra C – O uso de luvas deve ser estimulado para o trabalho peridomicílio.

Gabarito: Letra d.

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Fernanda Barboza é graduada em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia e Pós-Graduada em Saúde Pública e Vigilância Sanitária. Atualmente, servidora do Tribunal Superior do Trabalho, cargo: Analista Judiciário- especialidade Enfermagem, Professora e Coach em concursos. Trabalhou 8 anos como enfermeira do Hospital Sarah. Nomeada nos seguintes concursos: 1º lugar para o Ministério da Justiça, 2º lugar no Hemocentro – DF, 1º lugar para fiscal sanitário da prefeitura de Salvador, 2º lugar no Superior Tribunal Militar (nomeada pelo TST). Além desses, foi nomeada duas vezes como enfermeira do Estado da Bahia e na SES-DF. Na área administrativa foi nomeada no CNJ, MPU, TRF 1ª região e INSS (2º lugar), dentre outras aprovações.

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