No último sábado, pedi, em meu Instagram, sugestões de temas para artigos e, sem exagero, recebi centenas delas. Dentre muitas excelentes ideias (li todas!), a sugestão da Fabiana M. se destacou. É um assunto que, embora sempre permeie minhas falas, nunca tinha sido objeto de um texto aqui do blog: a delicada relação entre esperar e começar. Um equívoco comum entre estudantes, empreendedores e profissionais é a busca pela segurança absoluta antes de enfrentar um novo desafio. A realidade, no entanto, é que as coisas não funcionam assim. Esperar indefinidamente pelo dia em que estaremos totalmente prontos para fazer algo é, na verdade, a certeza do atraso, e vou explicar por quê.
Iniciar um empreendimento sem o preparo adequado parece um caminho certeiro para o fracasso, não é? Um comandante inteligente treinaria sua tropa antes de seguir para a batalha, dedicando pelo menos algum tempo ao preparo do físico e da mente dos combatentes, concorda? É óbvio que um mínimo de planejamento e de dedicação prévia pode significar o sucesso de uma empreitada; o problema surge quando essa fase se estende indefinidamente, convertendo-se em desculpa para nos furtarmos à seguinte, da ação. Não raro, o que nos impede de dar o próximo passo é o medo de cometer erros, mas estou aqui para lembrá-lo de que existem essencialmente dois tipos deles, com diferentes graus de gravidade.
Na primeira categoria, aquela que aterroriza a todos, estão os erros com potencial de destruir ou ao menos impactar severamente nossos planos. A prática de algo ilegal é o exemplo mais evidente, o que nos conduz a outra conclusão óbvia, de que esse tipo depende exclusivamente da nossa vontade. A decisão de fazer ou não algo objetivamente errado é toda nossa. Já o segundo grupo diz respeito aos equívocos que fogem um pouco ao nosso controle, mas, em compensação, nos proporcionam aprendizado a um custo relativamente baixo. Sabe aquele risco controlado que decidimos correr cientes de que, na pior das hipóteses, levaremos algum tempo, mas nos recuperaremos? A maior frustração de um concurseiro, por exemplo, é a reprovação. Ora, a vida continua, e outras oportunidades surgirão, com a vantagem de agora ele estar mais experiente que antes.
Uma das entrevistas mais acessadas no canal Imparável é uma que fiz há alguns anos com o atual desembargador federal Pedro Santos. O Dr. Pedro foi, na sua época, o juiz federal mais jovem do Brasil. O que poucos sabem, ou sabiam até a entrevista, é que o hoje magistrado não se sentia pronto a minutos da prova oral que lhe garantiu o primeiro lugar no dificílimo concurso que prestou. Instantes antes, estava preocupado, ansioso e inseguro. Acontece com quase todos: a sensação é a de que falta algo, seja algum conteúdo visto apenas superficialmente, seja outro que não deu mesmo para estudar… Apesar desse misto de receios, nosso entrevistado foi lá e arrasou. Veja como é perigoso querer começar só quando se sentir totalmente pronto: tivesse pensado assim, o jovem candidato nem sequer teria feito a prova, e sua história talvez fosse completamente outra.
No meu caso, fui preparado a vida inteira para ser empreendedor e reconheço os privilégios que tive no processo. Nasci em uma boa família, num lar estruturado, com pais particularmente preocupados com a educação dos filhos. Estudei em uma escola bilíngue que fomentava o espírito empreendedor característico da nação norte-americana. Ora, sabemos que o ambiente molda parte de nossa personalidade, e arrisco dizer que foi o que aconteceu comigo. Aos 12 anos, eu já tinha uma atividade empreendedora, na revenda de computadores. Aos 20, depois de uma grande decepção profissional, decidi começar meu próprio negócio. Conhecendo o universo da educação devido aos anos de trabalho nas escolas do meu pai, enxerguei a oportunidade de atuar nesse setor em transformação.
Eu já havia lido muito sobre administração, marketing e finanças. Minha faculdade foi dedicada a esses temas, e meu interesse sobre eles se estendeu para fora dela, mas eu me via longe de estar verdadeiramente pronto para começar meu próprio negócio. Eu sabia que tinha diante de mim um longo caminho até a maturidade necessária para tanto. A casca grossa que os empreendedores precisam desenvolver ainda estava em formação, e eu reconhecia isso. Então o que fiz? Simplesmente deixei pra lá enquanto esperava o momento “certo”? Nada disso, fui em busca de ajuda. Convidei Rodrigo Calado para ser meu sócio, e juntos fundamos o Gran, que, veja só, hoje contribui para mudar a vida de um sem-número de pessoas.
Assim, ainda inseguro e bastante tímido – acredite, eu tinha horror a falar em público –, comecei. Levei muitos golpes, cometi inúmeros erros. Feridas se abriram e se fecharam, formando cicatrizes que hoje muito me orgulham. O Gran começou em um único estúdio improvisado, com cartolinas como refletores. Nosso primeiro site cobria apenas 3 concursos. Contudo, o timing foi certeiro. Iniciamos quando o ensino digital ainda estava em seus primórdios, o que nos posicionou como uma das empresas pioneiras no segmento, numa importante vantagem competitiva. Desenvolvemos um modelo de negócios e fomos nos aprimorando no ensino digital. Em 2015, lançamos a Assinatura Ilimitada, criando uma base de alunos significativa, que hoje ultrapassa os 663 mil. Essa escala nos permite cobrar valores acessíveis com alta qualidade.
Fico feliz em dizer que é difícil competir conosco. Mas e se eu não tivesse começado? E se tivesse decidido esperar até me sentir realmente pronto? Teria perdido a janela de oportunidade. Construir o Gran hoje custaria milhares de vezes mais e talvez nem fosse possível.
A verdade é que pouquíssimas pessoas alcançam as condições ideais para enfrentar territórios desconhecidos sem ao menos tentar atravessá-los alguma vez. A regra é ir adquirindo proficiência a cada nova tentativa. Portanto, comece! Se sua ambição é se tornar servidor público, inicie os estudos já e trate de se inscrever logo no próximo certame do seu interesse. No dia da prova, enfrente-a com a coragem e a tranquilidade daqueles que estão dispostos a lutar em vez de apenas observar os embates do conforto da arquibancada.
O que você pensa sobre isso? Espera até estar cem por cento pronto para algo ou prefere se lançar aos desafios de uma vez, com coragem e humildade para cometer erros e aprender com eles?
Meu conselho é: comece. Aprenda no processo e, se necessário, tente novamente. Só não desista. É como diz o provérbio chinês: “A melhor hora para plantar uma árvore foi há 20 anos. A segunda melhor hora é agora.”
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