Talvez você já tenha ouvido falar em “profecia autorrealizável”, ou expressão similar. Na prática, a locução se refere a uma previsão que alguém supõe ter o poder de se cumprir de tanto que acredita nela. Embora alguns pensem tratar-se de bobagem associada a práticas de autoajuda, esse conceito tem base científica e é bastante poderoso.
O termo foi cunhado pelo sociólogo Robert K. Merton em 1948, sem pretensão de originalidade[1]. O nome era novo, mas a ideia nem tanto. O Teorema de Thomas, apresentado duas décadas antes, já previa que, “se o homem define situações como reais, elas são reais em suas consequências”[2]. Merton, por sua vez, define profecia autorrealizadora, ou autorrealizável, como “uma definição (inicialmente) falsa da situação, a qual evocará um novo comportamento fazendo com que a definição inicialmente falsa se torne verdadeira”.
O sociólogo ilustra o conceito recorrendo a uma parábola na qual descreve uma instituição financeira bastante sólida e rentável em seus indicadores, mas que é ferida de morte por boatos de especuladores e analistas de mercado. Ao sugerirem que o banco não teria lastro nem condições de pagar o que devia, as “fake news” provocam uma retirada em massa do dinheiro lá depositado. Como nenhuma instituição do tipo está preparada para isso, o banco se torna insolvente e acaba declarando falência. Em outras palavras, comentários sombrios e longe da realidade produziram histeria coletiva que terminaram por tornar a “profecia” autorrealizável.
A ideia pode ser explicada a partir de outros exemplos, como o de um professor de matemática, machista e preconceituoso, para quem, na visão dele, as mulheres têm “naturalmente” mais dificuldades em sua matéria. Com base nessa crença, ele corre o risco de dar mais atenção aos alunos homens. Tal comportamento pode produzir o seguinte efeito: os meninos, retribuindo a deferência do mestre, se dedicam mais que as meninas na disciplina e, no fim do ano letivo apresentam melhores notas. Veja bem: o que os fatos vieram a refletir não foi a capacidade cognitiva das alunas – aliás, pesquisas diversas indicam que as mulheres são, em média, mais inteligentes –, e sim a crença do professor. Foi sua percepção enviesada que o levou a sabotar as alunas e a tornar “verdadeira” sua interpretação equivocada da realidade.
Em outro experimento na área educacional, Robert Rosenthal e Lenore Jacobsen conduziram, em 1968, um estudo bastante sugestivo em suas conclusões. A pesquisa começou com os cientistas dizendo aos professores de uma escola pública que alguns de seus alunos, escolhidos de forma aleatória, teriam grande aumento de performance dali em diante. Os estudantes não sabiam de nada. No fim do período de análise, constatou-se que as boas influências dos mestres afetaram positivamente as notas dos alunos indicados. Estes, influenciados e estimulados pelos professores, passaram a acreditar que eram mesmo geniais e, assim, colheram extraordinários resultados, em fenômeno conhecido como “profecia autorrealizadora pelo efeito pigmaleão”[3]. É algo parecido com o chamado “efeito placebo”, aquele que se verifica quando um médico receita uma substância inócua ao paciente, e este acredita tanto no potencial do “medicamento” que nota melhora substancial em seu estado de saúde. Força do pensamento? Autossugestão?
Há outros tipos de profecias autorrealizadoras, como as autoimpostas; isto é, aquelas prenunciadas pela própria pessoa, para o bem ou para… o mal. Sabe quando você acorda e pensa “hum, hoje sinto que vai dar ruim”, e dá? É o café derramado na camisa, é um quase acidente automobilístico a caminho do trabalho, é o infeliz encontro no elevador com aquela pessoa de quem você quer distância, é a descoberta de que a chave do escritório ficou em casa, é a topada com a canela na quina da mesa, é a quebra de um dente ao mastigar uma inocente castanha… Incrível como tudo parece conspirar contra, não é?
Pois então, o mesmo pode ocorrer se a profecia autorrealizadora for positiva, sabe? Se ao despertar você projetar um dia perfeito, as coisas podem fluir nesse sentido. Você tem um evento importante na manhã que se inicia? Ora, se estiver otimista e emitindo boa energia, todos ao seu redor serão contagiados. Não tenha dúvida: tudo correrá bem, ou no mínimo seus olhos estarão focados mais no que está dando certo e menos no que talvez não tenha saído como esperado. Seja como for, a percepção importa, entende? Talvez um ou outro problema tenha ocorrido, mas você e todo o seu espírito estavam confiantes, de modo que sua reação tende a ser igualmente positiva.
Em resumo, nossas crenças balizam a forma como compreendemos tudo ao nosso redor. Mais sério ainda: nossas expectativas orientam nossos passos. Não se trata de mágica ou de superstição; cuida-se, sim, de acreditar genuinamente em algo e trabalhar muito para que tudo se dê como planejamos, em ações coordenadas e direcionadas à colheita de bons frutos. É vigiar nossos (pre)julgamentos, controlar nossos pensamentos e escolher bem nossas palavras. Em vez de “não vou conseguir”, “estou desmotivado” ou “vou desistir”, diga “farei o meu melhor”, “vou tentar”,” eu consigo”. Não à toa o empreendedor Henry Ford costumava dizer: “Se você pensa que pode ou se você pensa que não pode, de qualquer forma você está certo”.
Pensamentos e palavras têm poder. De minha parte, sigo por aqui, resoluto de que estou fazendo o meu melhor para que você – também dando o melhor de si – estude com os melhores professores e na melhor plataforma de ensino, até concretizar a profecia da conquista da estabilidade financeira, do sucesso pessoal e profissional. Estaremos sempre juntos, transformando vidas com o poder de nossas palavras e ações. Combinado?
“Eis o que nunca deixa de me surpreender: todos amamos mais a nós mesmos do que a outras pessoas, mas nos importamos mais com a opinião alheia do que com a nossa.” – Marco Aurélio (121 d.C.-180 d.C.), lendário imperador romano
[1] MERTON, Robert K. The self-fulfilling prophecy. The Antioch Review, v. 8, n. 2, 1948. Disponível em: http://dx.doi.org/10.2307/4609267. Acesso em: 8 jan. 2023.
[2] O Teorema de Thomas foi formulado em 1928. Ver: THOMAS, W. I.; THOMAS, D. S. The child in America: behavior problems and programs. New York: Knopf, 1928.
[3] O “efeito pigmaleão”, ou “efeito Rosenthal”, foi descrito pelos psicólogos Robert Rosenthal e Lenore Jacobson no livro Pygmalion in the Classroom, de 1968.
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